SÃO PAULO – A
exemplo do que ocorreu em relação a outros tradicionais mercados, a corrente de
comércio do Brasil com a União Europeia em 2014 apresentou queda em comparação
com 2013. Nas exportações, a variação negativa foi de 11,98%, pois em 2013 o
Brasil vendeu mercadorias no total US$ 47,7 bilhões, enquanto em 2014 o
montante chegou a US$ 42 bilhões. É de se destacar que essa queda só confirmou
uma tendência que vem desde 2011, ano em que o Brasil mais exportou para aquele
bloco (US$ 53,1 bilhões), tendo registrado US$ 49,1 bilhões em 2012.
Não se pode deixar também
de ressaltar que, conforme dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a União Europeia é um parceiro
extremamente importante para a indústria brasileira, pois, em 2014, do total de
US$ 42 bilhões de vendas, US$ 19,9 bilhões foram de produtos industrializados
(US$ 5,8 bilhões de semimanufaturados e US$ 14,1 bilhões de manufaturados).
Em produtos básicos, foram
vendidos para a União Europeia US$ 21,7 bilhões. Destes números, constata-se
que 51,6% das exportações brasileiras para o bloco foram de commodities, o que denota uma tendência
de crescimento, já que em 2013 o segmento havia alcançado 49,7% do total
exportado.
Nas importações, também
houve queda: depois de importar US$ 50,7 bilhões em 2013, o Brasil comprou em
2014 US$ 46,7 bilhões, com uma variação negativa de 7,96%. Em 2014, da União
Europeia, o Brasil importou US$ 45,9 bilhões em produtos industrializados (US$
1,2 bilhão em seminanufaturados e US$ 44,6 bilhões em manufaturados) e US$ 754
milhões em produtos básicos. Ou seja, 98% dos produtos importados foram
industrializados (semimanufaturados e manufaturados), porcentagem igual à de
2013, quando, de um total de US$ 50,7 bilhões, US$ 50 bilhões foram de
industrializados (US$ 1,4 bilhão de semimanufaturados e US$ 48,5 bilhões de
manufaturados) contra US$ 727 milhões de produtos básicos.
Como se vê, enquanto a
União Europeia vende praticamente produtos industrializados, o Brasil começa a vender
cada vez mais produtos básicos para aquele bloco. Mesmo assim, o País passou
com os 28 países da União Europeia de um superávit comercial, com as
exportações superando as importações, de US$ 1,4 bilhão em 2012, para um
déficit de US$ 3 bilhões em 2013 e de US$ 4,7 bilhões em 2014.
Esse fraco desempenho não
pode ser explicado por uma retração no consumo do mercado europeu, mas por uma
substituição crescente dos produtos industrializados brasileiros por asiáticos,
que oferecem preços mais atraentes, já que o governo brasileiro não conseguiu
avançar as negociações para a criação de um acordo de livre-comércio entre o
Mercosul e a União Europeia, que reduziria as tarifas cobradas dos produtos
brasileiros naquele mercado.
Iniciadas em 1999, essas
negociações estão empacadas desde 2004 mais por força de obstáculos levantados
pela Argentina e suas dificuldades com uma crônica falta de divisas. Como o
novo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando
Monteiro, já anunciou a intenção do governo de assinar um tratado com o Canadá
e renovar o acordo com o México, se a diplomacia brasileira conseguir destravar
as negociações com a União Europeia em 2015, este poderá vir a ser um ano
decisivo para o comércio exterior do Brasil. Mauro Dias - Brasil
__________________________________________________________
Mauro Lourenço Dias, engenheiro
eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística Internacional, de São
Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e Logística no
Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br
Sem comentários:
Enviar um comentário