Garantir a chegada das
cargas ao Porto de Santos, driblando dificuldades de acesso e ainda reduzir
custos com o transporte. Estes foram os objetivos do trabalho de iniciação
científica Transporte Hidroviário de Cargas: Uma Proposta para a Baixada
Santista, desenvolvido por alunos recém-formados em Engenharia Civil pela
Universidade Santa Cecíia (Unisanta), de Santos. A pesquisa ficou entre os
melhores do País no 14º Congresso Nacional de Iniciação Científica (Conic),
realizado na Capital, no final do ano passado.
O estudo defende a
utilização da malha hidroviária da região como uma alternativa de transporte
viável. A ideia é amenizar problemas gerados com a movimentação de cargas em
direção ao Porto de Santos, que usa, predominantemente, o modal rodoviário.
As filas de caminhões que se
formaram em direção ao complexo nas estradas da região, durante o escoamento da
safra agrícola de 2013, também foram utilizadas como estudo de caso na
pesquisa. “A Região metropolitana da Baixada Santista vem sofrendo impactos negativos
no âmbito da mobilidade urbana, em razão do excesso de caminhões decorrente do
aumento do fluxo de cargas em direção ao Porto de Santos”, diz um trecho da
apresentação.
Os autores da pesquisa são
os hoje engenheiros civis Júlio César Reis de Jesus, Eduardo Andrade Chaves e
Glayce Gomes Leite. Eles foram orientados pelo professor Adilson Luiz
Gonçalves, coordenador do Núcleo de Estudos Portuários, Marítimos e
Territoriais (Nepomt) da Unisanta e do Núcleo Avançado da Associação para
Colaboração entre Portos e Cidades (Rete, na sigla em italiano) na
universidade.
Em seu trabalho, o grupo
usou como base os estudos sobre o potencial dos rios próximos ao Porto para o
transporte de cargas, desenvolvidos pela Fundação para o Desenvolvimento
Tecnológico da Engenharia (FDTE) a pedido da Secretaria de Portos (SEP).
Levantamentos da profundidade das vias fluviais e estudos de zoneamento dos
municípios da Baixada Santista também foram utilizados.
“Expandir regionalmente o
Porto também é uma saída. Municípios que não são portuários podem se
desenvolver com a implantação de Zonas de Atividade Logística (ZAL), que podem
gerar empregos também”, afirma Glayce.
Uma zona de atividades
logísticas é uma área onde as cargas movimentadas em um porto podem ser
beneficiadas (tem seu valor agregado, o que ocorre quando recebem alguma
melhoria, peça ou são embaladas) ou simplesmente armazenadas.
Malha
A viabilidade do transporte
hidroviário de cargas na Baixada Santista é expressa pela quantidade de rios e
braços de mar que cruzam a região. São, pelo menos, 180 quilômetros de vias
navegáveis que podem ser utilizados para o deslocamento de cargas até o Porto
de Santos, segundo o estudo da FDTE.
A pesquisa aponta que essas
hidrovias precisam ter uma profundidade mínima de três metros para a
movimentação das barcaças com contêineres, Em alguns casos, com apenas 2,1
metros de fundura, já é possível a operação, mas obras de aprofundamento serão
necessárias.
O trabalho dos então alunos
da UniSanta identificou rotas que podem ser usadas para o transporte de cargas,
principalmente contêineres. “Às vezes, deixa-se de fazer um estudo sobre uma
operação devido ao custo dessa operação. E não se analisa o que vai se gastar
se essa operação não ocorrer”, destacou o professor Adilson Gonçalves,
orientador do grupo.
Obstáculos
Segundo os autores do
trabalho, obstáculos como a altura de pontes precisam ser equacionados, para
não restringir o tráfego de embarcações de carga ou passageiros. Assim como
ocorre no transporte marítimo, manter a profundidade adequada para a navegação
é uma das constantes preocupações em uma hidrovia. A pesquisa acadêmica
confirmou a conclusão da FDTE de que são necessários, pelo menos, três metros
de fundura para o tráfego das barcaças.
“A dragagem e a alteração
dos vãos e das larguras dos pilares das pontes são as principais intervenções
que precisam ser feitas nos rios para garantir a navegação. Com essas obras, se
reduzirá o tempo e o custo e aumentará a segurança no transporte. E tudo isso
vai refletir no preço final do produto”, afirmou Eduardo Chaves.
Especialistas em logística
apontam o modal hidroviário como o mais limpo e barato para a movimentação de
cargas. A cada mil toneladas transportadas por quilômetro, são gastos apenas
quatro litros de combustível. O consumo aumenta para seis litros quando o modal
utilizado é o ferroviário. E sobe para 15 litros quando os caminhões fazem o
transporte da carga. Fernanda Balbino –
Brasil in “A Tribuna”
Sem comentários:
Enviar um comentário