SÃO PAULO – Aproveitando a
atual fase de valorização do dólar diante do real, pequenas empresas têm
procurado colocar no mercado externo os seus produtos, principalmente os manufaturados
de pouco valor agregado. É o que mostram dados do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) referentes a 2014, que
assinalam o crescimento do número de empresas exportadoras.
Segundo o MDIC, no ano passado,
19.250 empresas aturaram no comércio exterior contra 18.809 em 2013, o que
equivale a um crescimento de 2,3% no período. Essa evolução, porém, pouco
representa no total da receita das exportações, já que o segmento ainda não é
expressivo.
Na verdade, 50% do que é
exportado pelo País provém de 40 grandes empresas exportadoras de commodities agrícolas e minerais, entre
elas Vale, Petrobras, Bunge, JBS e BRF, só para citar as cinco maiores.
Obviamente, a queda de 7% registrada na receita exportadora está ligada ao
desempenho das grandes empresas.
Seja como for, é de se
assinalar como bem-vindo o crescimento da participação das pequenas e médias
empresas nas vendas externas. São empresas que oferecem produtos de baixa
tecnologia, mas que se têm beneficiado do câmbio para tornar suas mercadorias
mais competitivas no mercado internacional. Para este ano de 2015, a expectativa é que
cresça o número de exportadores nessa faixa de comércio.
Para tanto, é fundamental a
revisão de metas que fez o MDIC no atual governo, ao reconhecer implicitamente o
desastre da política externa que marcou os últimos doze anos e priorizar uma
reaproximação com os Estados Unidos, cuja economia vem apresentando sinais de
crescimento. É de se lembrar que o mercado norte-americano, o maior do planeta,
tem muito espaço para produtos de pouco valor agregado, assim como para os
produtos industrializados mais sofisticados do Brasil, que, infelizmente, hoje,
têm pouco poder de competição. Nesse caso, 2015 para esse segmento não se
afigura com boas perspectivas, especialmente em razão da crise pela qual passa
a Argentina, tradicional mercado para esse tipo de produto.
Diante disso, é importante
que tanto o governo federal como os bancos privados facilitem o acesso a linhas
de crédito que possam permitir o crescimento das pequenas e médias empresas no
comércio exterior. Hoje, segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro
e Pequenas Empresas (Sebrae), as pequenas empresas representam 62% do total de
exportadores brasileiros, mas são responsáveis por apenas 1% do total
exportado, ou seja, US$ 2,2 bilhões.
É preciso, portanto, criar
condições para que as pequenas e médias empresas tenham maiores facilidades de
acesso ao mercado externo, independente de que sejam fabricantes de produtos com
baixo nível de tecnologia ou de produtos industrializados mais sofisticados. Milton Lourenço - Brasil
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Milton Lourenço é presidente da Fiorde
Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos,
Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da
Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística
(ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.
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