Portugal
leva maior delegação de sempre à maior feira de frutas e legumes do mundo.
Colômbia e México são os próximos a autorizar a entrada de pêra rocha.
É o país convidado da Fruit
Logistica, a maior feira de frutas e legumes do mundo, e isso deverá ser
suficiente para atrair as atenções de alguns dos 65 mil visitantes que são
esperados, até sexta-feira, em Berlim, num espaço tão grande como sete campos de
futebol.
O stand da Portugal Fresh,
que representa as empresas do sector, tem 44 empresas, a maior delegação desde
que, em 2011, a associação se estreou no certame. Nos cartazes dentro e fora da
capital alemã, a fruta portuguesa tem o slogan “atlantic breeze taste”. E é
essa a mensagem que se quer passar aos clientes estrangeiros.
“Em 2010 exportávamos 780
milhões de euros. Em Novembro de 2014 chegámos aos mil milhões. Trata-se de um
crescimento de 41%. São números brilhantes para o sector”, diz Manuel Évora,
presidente da Portugal Fresh. As empresas estão preparadas para mostrar a fruta
e os legumes que produzem, “não em termos de grandes volumes, mas de
qualidade”. “O que queremos vender são produtos diferenciados”, continua. Os
adjectivos são muitos: cor, crocante, aroma e sabor, proporcionados “pela
posição [geográfica] única de Portugal”.
O sector parece estar
preparado para exportar cada vez mais, contudo, falta ainda desbloquear
inúmeras barreiras sanitárias em países fora do espaço europeu. A pêra rocha,
por exemplo, não entra na Índia, na Indonésia ou no Irão. “Neste momento, temos
mais dificuldade em ultrapassar as barreiras sanitárias do que em encontrar
clientes”, admite Domingos dos Santos, da Frutoeste, uma das seis empresas que
compõem a Unifarmers, criada especificamente para procurar mercados fora da
Europa, numa reacção à crise do mercado interno e ao embargo russo.
O Governo garante estar a
trabalhar no assunto e, de visita à feira de Berlim, Assunção Cristas, ministra
da Agricultura, anunciou que nas próximas semanas a Colômbia e o México deverão
autorizar a entrada de pêra rocha. “Para a Colômbia em concreto há 14 dossiês
em curso e o da pêra rocha é o mais avançado. A abertura dos mercados
internacionais fora do mercado europeu é um trabalho que não termina. Tem
processos muito exigentes do ponto de vista fitossanitário”, afirmou.
A ministra dá outros
exemplos de negociações em curso, como o Brasil, com quem Portugal tenta há
muito desbloquear a venda de uva de mesa. Para a China já foi possível abrir as
exportações de leite, mas as da carne de porco, um ano após o início do
processo, ainda não foram autorizadas. Ainda assim, Assunção Cristas salienta
que nos últimos anos o Governo teve “dossiês abertos de cerca de 150 produtos
ou grupos de produtos para 70 mercados diferentes”. “É um mercado muito intenso
e não tem fim”, disse.
Ameaça chinesa?
Esta semana na Alemanha, os
portugueses vão tentar vender maçãs de Alcobaça, pêra rocha, morangos, melões e
abóboras, polpas de fruta ou uvas. Cada empresa traz o que a distingue no
mercado e ninguém parece incomodado com a forte presença de concorrentes
chineses, instalados em grande força mesmo ao lado do espaço português. “É o
maior produtor de uva do mundo, mas não chega por enquanto à Europa. Nenhum país
nos assusta. Portugal tem condições para fazer produtos distintivos de outros
países”, diz Mário Rodrigues, da Frutalmente, uma organização de produtores
sedeada em Vila Franca de Xira que factura 3,5 milhões de euros (2014). João
Pereira da Silva, da Cooperfrutas (Cooperativa de Produtores de Frutas e
Produtos Hortícolas com 102 produtores) também desvaloriza. “Vendem mais para a
Ásia”, diz.
No stand da Goodfarmer, da
província chinesa de Shandong, há 32 pessoas prontas a vender fruta. O
responsável pela comercialização da fruta, que no seu cartão de visita se
apresenta como Andy, admite que por ano vende mil toneladas de pêra para a
Europa. “É pouco. Vendemos muito para a Índia, Malásia, Bangladesh, Singapura
ou Indonésia”. Andy destaca a maçã qinguan, a mais barata que tem no seu
portefólio, a 0,80 euros o quilo. E admite que não espera fazer grande negócio
na Fruit Logistica.
Os produtores de fruta e
legumes querem chegar a 2020 com dois mil milhões de euros de exportação. As
vendas internacionais cresceram 11,2% entre Janeiro e Novembro de 2014, em
comparação com o mesmo período do ano anterior e excluindo flores. No total, as
empresas venderam ao estrangeiro 996 milhões de euros.
Portugal continua, contudo,
dependente do exterior para se abastecer e comprou mais de mil milhões de
hortofrutícolas nos onze meses do ano passado. Face a 2013, houve uma redução
de 3,7%. As frutas e os legumes valem 20% das exportações totais de bens
alimentares e agrícolas, mas apenas 2,2% no total do comércio internacional do
país. In Jornal "Público" –
Portugal
A PORTUGAL FRESH – Associação para a Promoção das Frutas, Legumes e
Flores de Portugal, constituída a 6 de Dezembro de 2010, tem como grande
objetivo promover, nacional e internacionalmente, as frutas, legumes e flores
de Portugal.
A Associação nasceu da
necessidade/oportunidade, sentida pelo próprio tecido empresarial, de
evidenciar a potencialidade dos produtos nacionais, com base numa nova
abordagem promocional da qualidade e unicidade do que é português, pensada para
unir as empresas do sector em prol de um objetivo comum – a valorização da
origem “Portugal” e das características dos nossos produtos.
A importância deste sector
reflete-se no seu peso na produção nacional, representando 36% do valor da
produção agrícola nacional e 61% do valor da produção vegetal, gerando um
volume de negócios superior a 2.300 milhões de euros. Apresentando já uma
evidente tendência exportadora, é também fortemente gerador de emprego, grande
parte consistindo em trabalhadores especializados e jovens.
A essência de frescura,
sabor e autenticidade dos produtos nacionais está agora materializada num
conceito que pretende representar Portugal numa perspetiva de valorização e
cooperação, pensada para posicionar este sector como chave para o
desenvolvimento da economia nacional.
A PORTUGAL FRESH canaliza a sua motivação para conquistar relevância
para o sector, trabalhando proactivamente, não só para promover as exportações,
mas também para incentivar o consumo de fruta e legumes, principalmente junto
dos mais jovens.
Outrora grande descobridor,
Portugal apresenta-se hoje como um país a (re)descobrir, marcado pelos
contrastes e pela diversidade, orgulhoso da sua história e preparado para o
futuro, mostra-se agora através da vitrina para as suas frutas, legumes e
flores.
Sede: Estação Fruteira,
Alcafache-Gare, - 3530-310 Moimenta de Maceira Dão, Mangualde - Portugal
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