SÃO PAULO – Os números do
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) mostram
que, desde 2009, o Brasil importa mais do que exporta para os EUA, o que é um
contrassenso, pois, diante do maior mercado importador do mundo, o normal seria
que a balança da nação norte-americana fosse deficitária em relação ao
parceiro. Eis os números: em 2009, o déficit do Brasil foi de US$ 4,4 bilhões;
em 2010, de US$ 7,7 bilhões; em 2011, de US$ 8,1 bilhões; em 2012, de US$ 5,6
bilhões; em 2013, de US$ 11,4 bilhões; e em 2014, de US$ 7,9 bilhões.
Essa relação desigual, no
entanto, está com os dias contados, pois, ao que parece, os EUA deverão voltar
a ser o principal destino das exportações brasileiras, senão em 2015, pelo
menos em 2016 ou 2017. Ou seja, em breve, os EUA deverão recuperar a liderança
perdida para a China em 2009, o que deverá acontecer não só em função do
crescimento da economia norte-americana e da desvalorização do real como da
queda nas cotações das commodities agrícolas e minerais.
O crescimento da China não
apresenta o fôlego de antes e não necessita tanto de matérias-primas. O
resultado está na queda de 35% que tiveram os embarques com destino ao país
asiático. Esse não é bom sinal, pois o ideal seria que o Brasil aumentasse o
volume de vendas para os EUA de produtos semimanufaturados e manufaturados, sem
deixar de vender commodities para a China nos níveis dos últimos anos.
É de se notar que aqueles
produtos são aqueles de maior valor agregado e que, por isso mesmo, geram mais
empregos e reativam o mercado doméstico. Sem contar que estão menos sujeitos às
oscilações de preços. Portanto, é de se comemorar essa retomada das vendas de
produtos industriais para os EUA que, aliás, em 2014, superaram a Argentina,
tornando-se o principal destino de exportações de manufaturados do Brasil, com
embarques de US$ 15,1 bilhões.
Hoje, segundo a Funcex, os
manufaturados respondem por 54% dos embarques para os EUA, os semimanufaturados
por 21% e os básicos por 25%. Mas é de se lembrar que, desde 2006, o petróleo é
o maior item na pauta de exportações para os EUA. Em 2014, as vendas do produto
chegaram a US$ 3,4 bilhões e representaram 12,6% dos embarques. Mas, em
seguida, vieram produtos manufaturados, como os de ferro e aço (US$ 2,2
bilhões), aviões (US$ 1,93 bilhão) e motores e turbinas para aviões (US$ 1,57
bilhão).
Até o começo deste século
XXI, o mercado norte-americano respondia por 24% das vendas brasileiras, mas,
em 2014, ficou com12%. Isso significa que há muito que fazer para se recuperar
o terreno perdido. Ainda bem que o governo brasileiro, no segundo mandato da
presidente Dilma Rousseff, parece que aprendeu com a sabedoria chinesa que
negócios são negócios. Milton Lourenço –
Brasil
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Milton
Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato
dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São
Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos,
Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site:
www.fiorde.com.br.
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