SÃO PAULO – Que o Brasil vem
perdendo espaço nas exportações mundiais é indiscutível. Os números o provam.
Segundo dados da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), a melhor
participação do País ocorreu em 2011, quando o índice chegou a 1,41% de tudo o
que se vende no planeta. Mas, desde então, esse índice só caiu: 1,33% em 2012,
1,32% em 2013 e 1,22% em 2014, marca igual à obtida em 2008, ano da deflagração
da crise econômico-financeira mundial.
É verdade que, nos últimos
anos, o Brasil conseguiu superávits comerciais, mas isso foi à custa de fatores
externos que provocaram uma evolução substancial das cotações e da demanda por
commodities agrícolas e minerais. O resultado foi que o País voltou a atuar
como fornecedor de matérias-primas, com sensível declínio da participação de
produtos semimanufaturados e manufaturados nas exportações.
A título de exemplo,
lembre-se que, em 2000, a participação de manufaturados nas exportações era de
59,07% e de commodities, de 38,21%. Em 2013, esses índices inverteram-se:
59,27% de commodities e 38,44% de manufaturados. E, mesmo assim, porque
produtos como açúcar refinado, suco de laranja, etanol, óleos combustíveis e
café solúvel foram classificados como manufaturados.
Esse mau desempenho do País
no comércio exterior tem se refletido decisivamente na atuação da indústria,
cuja produção recuou 3,2% em 2014, o pior resultado desde 2009, segundo dados
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para 2015, de acordo
com previsão da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a
produção industrial deve cair mais 1%, dando continuidade ao atual processo de
desindustrialização.
Por isso, faz bem o
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), agora sob
nova direção, em lançar o chamado Plano Nacional de Exportação (PNE), que prevê
medidas para a melhoria do ambiente de negócios e o desenvolvimento de 37
mercados prioritários. Na lista, estão classificados como mercados especiais
Argentina, Turquia e Irã.
O plano pretende ampliar a
promoção comercial, principalmente com a realização de mais missões, com o
objetivo de aumentar o acesso aos mercados com acordos comerciais, de
investimento, diminuir as barreiras às exportações e aumentar a utilização de
ferramentas de apoio ao exportador, além de garantias de financiamento – em que
propõe a entrada dos bancos privados no crédito ao exportador.
Do plano, não constam novas
desonerações. Tampouco há a garantia de que as desonerações já estabelecidas
serão mantidas, como o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários
para as Empresas Exportadoras (Reintegra), provavelmente porque as desonerações
adotadas até agora pouco ou nenhum resultado obtiveram. Com o real
desvalorizado diante o dólar, supõe-se que teriam ainda menos efeito.
Seja como for, o que se
espera é que o plano seja acompanhado por outras medidas que visem ao
fortalecimento e ampliação do setor industrial. E, principalmente, por
negociações que recoloquem os produtos manufaturados brasileiros em mercados
importantes, como Estados Unidos e União Europeia. Milton Lourenço – Brasil
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Milton Lourenço é presidente
da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de
Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e
da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e
Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.
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