Partindo de um projeto focado nas reservas da Biosfera de Portugal, uma equipa de investigadores do Departamento de Ciências da Vida (DCV) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) dedicou-se a explorar a diversidade de larvas de peixe costeiras na região dos Açores.
Até
então, existia uma ausência significativa de conhecimento sobre estas larvas,
levando à necessidade de um aprofundamento do tema. O projeto “Fish larvae
in the Azores islands - structure, dynamics and biodiversity in Northeast
Atlantic UNESCO biosphere reserves”, financiado pela Fundação PADI (EUA),
centrou-se especificamente nas quatro ilhas dos Açores classificadas como
Reservas da Biosfera: Corvo, Flores, Graciosa e São Jorge.
Com
o objetivo de obter um conhecimento mais profundo sobre as comunidades de
larvas de peixe existentes junto à costa destas ilhas, os investigadores da
FCTUC realizaram dois anos de investigação intensiva. «Identificámos 38
espécies diferentes, pertencentes a 27 famílias distintas e notamos uma maior
abundância de espécies nas ilhas do Corvo e das Flores, embora as variações
observadas possam ter sido influenciadas pelos diferentes anos de amostragem»,
revela Filipe Martinho, investigador do Centro de Ecologia Funcional (CFE) e
coordenador do projeto.
«Foi
um grande desafio, uma vez que muitas das espécies identificadas eram
desconhecidas e, portanto, o projeto integrou análises de ADN para ajudar na
determinação das espécies», refere a bióloga Milene Guerreiro, acrescentando
que as condições meteorológicas também se mostraram desafiadoras.
De
acordo com a equipa de investigadores, algumas destas larvas, com tamanhos
reduzidos de apenas 3 milímetros, foram muito difíceis de identificar devido à
escassez de guias de investigação. «Estes organismos foram recolhidos através
de uma rede puxada por uma embarcação, concentrando as amostras de água do mar.
A identificação é feita tanto visualmente, com ajuda de uma lupa, como através
de análises de ADN, o que permitiu registar a presença de larvas de peixes que
não estavam ainda referenciadas naquelas ilhas», explica Ana Lígia Primo. Entre
as espécies analisadas encontram-se o Carapau-Negrão, o Sarrajão, Peixe Galo e
o Mero.
«Este
projeto não só contribuiu para o conhecimento da biodiversidade marinha, como
também vem ajudar a complementar os guias sobre as larvas de peixe, dando a
conhecer uma parte da vida marinha que passa despercebida para a maioria das
pessoas. A investigação representa um avanço significativo no conhecimento das
larvas de peixe, mas também na proteção das Reservas da Biosfera nos Açores»,
finalizam.
Para
além de Filipe Martinho, Ana Lígia Primo e Milene Guerreiro, participaram nesta
investigação Miguel Pardal, Filipe Costa, Manuel Rodrigues, investigadores do
DCV, e ainda Ana Veríssimo, investigadora do CIBIO & BIOPOLIS. Universidade
de Coimbra - Portugal
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