Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 28 de setembro de 2024

Moçambique - Excelentíssimo Senhor “Seja Quem For”



Excelentíssimo Senhor “Seja Quem For”

Futuro Presidente da República

Eu, cidadão nacional moçambicano desde o primeiro dia deste quase meio século da nossa turbulenta soberania, vivida por mim, por dentro e por fora do país numa experiência alucinante e tortuosa de perspetivas diversificadas, fazendo jus à significância da cidadania, e assumindo total resistência à tendenciosa castração da nossa consciência coletiva nacional, por imperativo de princípios, pondero que a indiferença neste momento tão crucial da nossa nação ditaria a derradeira ruína de meus valores cívicos mais elementares.

Excelentíssimo Senhor “Seja Quem For”,

Seja qual for a sua trajetória política ou social pouco me importa julgá-lo, nem mesmo avaliá-lo pelo seu passado, por muito ruim ou brilhante que seja seu curriculum ou cardápio de promessas, porque de tão amordaçado e enganado, em política, desaprendi a preciosidade de saber escolher e confiar, salve “única exceção”... muito embora ainda me sinta capaz de reaprender.

Excelentíssimo Senhor “Seja Quem For”,

Não faça caso à minha “única exceção”, não se atormente, não se trata de uma eventual potencial rivalidade, ela jamais se candidataria pelas urnas da incerteza... ela chama-se “ESPERANÇA”... tranquilize-se que ela também zela por si...

Excelentíssimo Senhor “Seja Quem For”,

Ainda que Vossa Excelência se furte a assumir publicamente, em consciência, concordará certamente com a minha básica, mas eventualmente demasiada atrevida opinião, de que a ilusão da felicidade egoísta testou de forma desafortunada limites de sobra na nossa sociedade e arrastou-nos a todos, sem exceção, indisfarçavelmente a esta realidade assombrosa que vivemos, de uma miragem aterradora de um futuro cada vez mais incerto.

Já o disse, em política eu já não sei escolher nem confiar, perdi essas virtudes, mas não perdi tudo de mim, porque ainda assim sei muito bem o que quero da vida; sim, da minha vida pessoal, mas inserida no coletivo da sociedade, porque sem ela (a coletividade), eu não sou ninguém; nem eu, nem Vossa Excelência “Seja Quem For”, que claramente depende hoje de milhões, incluindo muitos miseráveis, para atingir suas aspirações no escrutínio.

Excelentíssimo Senhor “Seja Quem For”,

Futuro Presidente da República

Mesmo sem confiança, e sob pena de mexer com eventual artrite reumatoide ainda não diagnosticada, vergo-me perante Vós, mas não se iluda, não é por Vós, mas sim, pelos tão vilipendiados desideratos sociais; a Vós apenas requeiro antecipadamente que quando lá chegardes, Vos digneis a zelar honestamente pelos infracitados desígnios que em nossa nação constituem segura e inabalavelmente as maiores aspirações de todos nós, o povo moçambicano:

• Reconciliação entre os moçambicanos e resgate da paz efetiva.

• Criação de um memorial e uma data de reflexão nacional alusivos às vítimas das guerras civis, em especial à intitulada guerra dos dezasseis anos que ceifou de forma improcedente a vida a mais de um milhão de nossos concidadãos (uma forma cívica de enaltecer a paz e dignificar a vida humana).

• Que sejam feitas diligências para suprimir a figura da arma “kalachnikov” patente como insígnia na nossa bandeira nacional, sendo pouco abonatória para a imagem da nossa nação, e que inspira naturalmente à indesejável violência armada.

• Garantia do usufruto do rendimento dos recursos e riquezas nacionais para o bem-estar social dos moçambicanos; todos os moçambicanos sem exceção.

• Combate efetivo e implacável à corrupção.

• Que haja estímulo a políticas baseadas nas nossas tradições e costumes, e maior dignificação da nossa cultura.

• Proteção efetiva da nossa integridade territorial, do Rovuma a Ponta do Ouro e do Zumbo ao Índico (território marítimo incluído).

• Proteção do nosso rico sistema ecológico pelo bem planetário e do nosso país em particular.

Aguardando atentamente que não nos dececione.

Escuse-se deferimento formal

(Cidadão Moçambicano)

Costa Neto

Caro concidadão, comemore com sinceridade o próximo Dia da PAZ em Moçambique!

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