Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 2 de junho de 2018

Azerbaijão – Lenço histórico é ícone da moda



O lenço de seda “kelagayi”, peça de roupa tradicional das mulheres do Azerbaijão, é uma das marcas da identidade nacional, reconhecida pela UNESCO como Património Cultural Imaterial da Humanidade desde 2014.

“O ‘kelagayi’ é um trabalho artesanal único. Em primeiro lugar, porque se distingue pelos materiais da sua confecção, as diferentes variedades de seda fina”, explicou Eldar Mikailzade, pintor, vendedor de tapetes e especialista em arte do Azerbaijão, em declarações à agência EFE.

Segundo Eldar, o lenço produz uma beleza estética ao incluir no seu design elementos ornamentais do Azerbaijão, como a “buta” (lágrima curva), pássaros ou flores. “Todas as regiões do país têm variantes únicas do ‘kelagayi’”, acrescentou.

Além de ser um complemento fundamental no armário das azerbaijanas, este acessório também está a tornar-se cada vez mais popular entre as turistas que visitam o país de maioria muçulmana, banhado pelo mar Cáspio.

“Ao contrário de outros acessórios usados na cabeça, o ‘kelagayi’ cai bem em todas as mulheres, por isso, é muito procurado pelas turistas”, destacou o especialista.

À parte estética junta-se o valor prático dos lenços de seda do Azerbaijão, pois protegem do frio e do calor, dependendo da estação do ano, e têm longa durabilidade. “A seda é caracterizada por ser um material durável, e as donas deste acessório, que combina tradição com moda, podem gabar-se disso por muito tempo”, conclui.

As cores dos lenços também têm um significado: mulheres mais velhas usam o “kelagayi” preto como sinal de luto e, no dia-a-dia, costumam cobrir a cabeça com o branco. Nos casamentos tradicionais, a noiva é coberta com um modelo vermelho. Porém, entre as jovens, também são muito populares as cores azul, roxo e verde.

Antigamente, os lenços tinham forma quadrada e um tamanho padrão de 150 x 150 centímetros, mas hoje essas regras já não são aplicadas com tanto rigor no processo de fabrico.

Na montanhosa aldeia de Basgal, 150 quilómetros a noroeste da capital Baku, situa-se um dos centros de produção dos “kelagayi”, onde cada artesão pode confeccionar cerca de 15 lenços por dia, dependendo da procura.

O artesão Abbasali Talíbov herdou a técnica de fabrico do pai e avô, passando-a agora ao filho de 16 anos. Segundo explicou, para decorar um lenço, é usado um molde especial e o desenho é impresso com cera sobre a seda, sendo o resto do “kelagayi” tingido com a cor principal.

Alguns moldes de aço e madeira foram preservados desde tempos imemoriais e guardam uma mensagem especial. A grande “buta”, por exemplo, simboliza o Sol e a realização dos desejos, e a dupla “buta” amor e fidelidade.

Segundo os artesãos, o mestre expressa geralmente no lenço os desejos para a sua futura mulher, pelo que não há dois “kelagayi” iguais.

Em Basgal, os turistas podem também visitar o museu do lenço do Azerbaijão, para aprender sobre a sua história e até assistir ao processo de fabrico.

Segundo a chefe do Departamento de Género e Psicologia Aplicada da Universidade Estadual de Baku, o “kelagayi” simboliza “a honra das mulheres do Azerbaijão, a paz e o bem-estar”. Rena Ibraguimbekova lembra que estudos realizados no final dos anos 90 concluíram que a arte do “kelagayi” estava a perder-se, porém, com o apoio das autoridades, a antiga peça voltou a ganhar vida.

A inscrição na lista do Património Cultural Imaterial da UNESCO representou o estímulo definitivo que devolveu o lenço de seda ao quotidiano da sociedade azerbaijana. In “Jornal Tribuna de Macau” - Macau

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