O ministro da Defesa de Singapura instou a China a liderar a redução das tensões na Ásia, alertando que uma guerra como a da Ucrânia ou entre Israel e Hamas seria devastadora para a região
No
último dia de uma conferência anual sobre Defesa organizada pela China, Ng Eng
Hen sublinhou a importância da comunicação entre exércitos para gerir crises,
manifestando a esperança de que os Estados Unidos e a China retomem a
utilização da sua linha direta militar. “A paz é precária e nunca é um dado
adquirido em nenhuma parte do mundo”, observou. “O que aconteceu na Europa e no
Médio Oriente nunca se deve repetir aqui. Temos de fazer tudo o que pudermos
para o evitar”, apelou.
O
Fórum de Xiangshan, que decorreu no norte de Pequim, reuniu responsáveis pela
Defesa de dezenas de países e organizações. A China, que recentemente demitiu o
seu ministro da Defesa, foi representada por Zhang Youxia, vice-presidente da
Comissão Militar Central, o braço político das Forças Armadas chinesas.
O
ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, aproveitou o fórum para realçar o
aprofundamento dos laços entre Rússia e China, numa altura em que o país
enfrenta isolamento internacional, devido à invasão da Ucrânia. Shoigu foi
recebido por uma guarda de honra militar antes de reunir com Zhang na
segunda-feira. Citado pela agência de notícias russa Tass, Zhang afirmou que a
China está pronta para responder com a Rússia às ameaças e desafios de
segurança e “manter conjuntamente o equilíbrio estratégico global e a
estabilidade”.
Referindo-se
às disputas territoriais no Mar do Sul da China e à ameaça nuclear da Coreia do
Norte, Ng disse que é “vital que as instituições militares e de Defesa se
empenhem para reduzir o risco de erros de cálculo e acidentes”. Enalteceu os
códigos que foram adotados para gerir encontros militares não planeados no mar
e disse que deveriam ser alargados para incluir as guardas costeiras, que
frequentemente se defrontam em águas disputadas.
Pequim
reivindica a quase totalidade do Mar do Sul da China, via marítima fundamental
para o comércio mundial, apesar das reivindicações das Filipinas, Vietname,
Malásia e Brunei. Os atritos entre embarcações chinesas e filipinas ou
norte-americanas naquelas águas são cada vez mais frequentes, resultando por
vezes em embates.
A
China congelou o diálogo com os EUA em questões de Defesa em agosto de 2022,
após a então líder da Câmara dos Representantes norte-americana, Nancy Pelosi,
se deslocar a Taiwan. Mas as duas partes parecem estar a reiniciar o diálogo,
incluindo sobre segurança, antes de uma possível reunião entre os presidentes
Joe Biden e Xi Jinping, em Novembro.
Os
EUA enviaram uma representante ao fórum de Xiangshan, Cynthia Carras, diretora
principal do Departamento de Defesa para a China, Taiwan e Mongólia. Ng pediu à
China que garanta às outras nações que não constitui uma ameaça à medida que se
torna mais poderosa. “Quer a China o aceite ou não, quer o queira ou não, já é
vista como uma potência dominante e deve, portanto, actuar como uma potência
benevolente”, defendeu.
A
China tem procurado apresentar-se como potência global não ameaçadora e
diferente das potências ocidentais – embora alguns dos seus vizinhos e os EUA a
vejam claramente como uma ameaça.
Um
funcionário do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, citando o
presidente do país, disse na conferência que a China salvaguardaria melhor a
paz mundial através do seu próprio desenvolvimento. “Este caminho não é nem o
velho caminho da colonização e da pilhagem, nem o caminho tortuoso seguido por
alguns países que procuram a hegemonia quando se tornam fortes. É antes o
caminho certo do desenvolvimento pacífico”, disse Nong Rong, ministro-adjunto
dos negócios estrangeiros. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”
Sem comentários:
Enviar um comentário