Esta descoberta ajuda a explicar os terramotos de movimento lento, que podem durar meses e ser impercetíveis à superfície
Os
cientistas descobriram um vasto reservatório de água escondido 3 quilómetros
abaixo do leito marinho ao largo da costa da Nova Zelândia.
Esta
descoberta pode fornecer uma explicação para o fenómeno dos terramotos de
“movimento lento” que ocorrem na região. O estudo, publicado a 16 de Agosto na
revista Science Advances, foi liderado por Andrew Gase, um geofísico marinho e
sismólogo da Universidade do Texas Institute for Geophysics (UTIG).
Os
investigadores mapearam uma falha ao longo da costa leste da Ilha Norte da Nova
Zelândia e descobriram que as rochas antigas eram anormalmente “húmidas”,
contendo quase metade do seu volume em água. Esta característica contrasta
fortemente com a crosta oceânica normal, que tende a conter muito menos água à
medida que envelhece.
O
reservatório foi localizado a 15 quilómetros da falha de Hikurangi, uma zona de
subducção onde a placa tectónica do Pacífico mergulha sob a placa australiana.
Este contacto entre as duas placas tectónicas produz terremotos de “movimento
lento”, que podem durar meses e causar quase nenhum dano na superfície
terrestre. Este tipo de sismo ocorre em poucos lugares do mundo, incluindo o
noroeste do Pacífico, Japão, México e Nova Zelândia.
Segundo
os cientistas, os eventos de “movimento lento” estão muitas vezes ligados a
reservatórios de água enterrados. A água contida nas rochas pode criar condições
de alta pressão que retardam o processo e previnem deslizamentos súbitos nas
placas tectónicas. O reservatório recém-descoberto pode ser o responsável pelos
terremotos de “movimento lento” que ocorrem a cada um ou dois anos na falha de
Hikurangi, refere o Live Science.
Para
entender o efeito completo deste reservatório subaquático sobre a pressão em
torno da falha, serão necessárias mais investigações, incluindo perfurações
profundas no leito marinho. “Não podemos ver o suficiente para saber exatamente
o efeito na falha, mas podemos ver que a quantidade de água que está a descer
aqui é realmente muito maior do que o normal“, disse Gase.
Esta
descoberta abre novos caminhos para a compreensão da sismologia e para a
investigação dos mecanismos que influenciam os terremotos. Os cientistas
esperam que futuras investigações possam confirmar os seus resultados e
fornecer pistas sobre a relação entre reservatórios de água subterrâneos e
atividade sísmica. In “Zap.aeiou” - Portugal
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