Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Nova Zelândia - A crosta terrestre engoliu a água de um mar e prendeu-a debaixo do Pacífico

Esta descoberta ajuda a explicar os terramotos de movimento lento, que podem durar meses e ser impercetíveis à superfície


Os cientistas descobriram um vasto reservatório de água escondido 3 quilómetros abaixo do leito marinho ao largo da costa da Nova Zelândia.

Esta descoberta pode fornecer uma explicação para o fenómeno dos terramotos de “movimento lento” que ocorrem na região. O estudo, publicado a 16 de Agosto na revista Science Advances, foi liderado por Andrew Gase, um geofísico marinho e sismólogo da Universidade do Texas Institute for Geophysics (UTIG).

Os investigadores mapearam uma falha ao longo da costa leste da Ilha Norte da Nova Zelândia e descobriram que as rochas antigas eram anormalmente “húmidas”, contendo quase metade do seu volume em água. Esta característica contrasta fortemente com a crosta oceânica normal, que tende a conter muito menos água à medida que envelhece.

O reservatório foi localizado a 15 quilómetros da falha de Hikurangi, uma zona de subducção onde a placa tectónica do Pacífico mergulha sob a placa australiana. Este contacto entre as duas placas tectónicas produz terremotos de “movimento lento”, que podem durar meses e causar quase nenhum dano na superfície terrestre. Este tipo de sismo ocorre em poucos lugares do mundo, incluindo o noroeste do Pacífico, Japão, México e Nova Zelândia.

Segundo os cientistas, os eventos de “movimento lento” estão muitas vezes ligados a reservatórios de água enterrados. A água contida nas rochas pode criar condições de alta pressão que retardam o processo e previnem deslizamentos súbitos nas placas tectónicas. O reservatório recém-descoberto pode ser o responsável pelos terremotos de “movimento lento” que ocorrem a cada um ou dois anos na falha de Hikurangi, refere o Live Science.

Para entender o efeito completo deste reservatório subaquático sobre a pressão em torno da falha, serão necessárias mais investigações, incluindo perfurações profundas no leito marinho. “Não podemos ver o suficiente para saber exatamente o efeito na falha, mas podemos ver que a quantidade de água que está a descer aqui é realmente muito maior do que o normal“, disse Gase.

Esta descoberta abre novos caminhos para a compreensão da sismologia e para a investigação dos mecanismos que influenciam os terremotos. Os cientistas esperam que futuras investigações possam confirmar os seus resultados e fornecer pistas sobre a relação entre reservatórios de água subterrâneos e atividade sísmica. In “Zap.aeiou” - Portugal


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