O galerista luso-francês Philippe Mendes vendeu ao Museu do Louvre, em Paris, uma pintura do século XVI intitulada “Ressurreição de Cristo”, a primeira obra portuguesa deste período adquirida pela instituição museológica, indicou fonte do museu à Lusa.
A
aquisição por um dos museus mais importantes e mais visitado do mundo tinha
sido anunciada na segunda-feira pela instituição na rede social X, dando conta
da aquisição, para o Departamento de Pintura, de uma Ressurreição de Cristo
executada por volta de 1540, na Oficina Real de Lisboa.
Contactada
pela Lusa, fonte do gabinete de comunicação e relações externas do Louvre
enviou uma resposta por ‘email’: “Esta é a primeira pintura portuguesa comprada
pelo museu, tendo as outras pinturas portuguesas das nossas coleções sido
adquiridas por doação”.
“Até
esta compra, o Louvre não possuía qualquer pintura portuguesa do século XVI,
apesar de a exposição ‘O Século de Ouro do Renascimento Português’, apresentada
no ano passado no Louvre, ter servido para recordar a importância de Lisboa
como capital artística durante o Renascimento e a qualidade do trabalho das
oficinas reais”, acrescenta a assessoria de comunicação do Louvre.
O
galerista Philippe Mendes também anunciou por comunicado a venda da obra – sem
revelar valores – atribuída a Garcia Fernandes e Cristóvão de Figueiredo,
artistas do século XVI, o chamado período primitivo português, sublinhando
“finalmente o reconhecimento da Pintura Portuguesa como escola, com o mesmo
estatuto da, por exemplo, a Escola Espanhola, Italiana ou Francesa”.
Philippe
Mendes tinha oferecido em 2016 um quadro da pintora portuguesa Josefa D’Óbidos
(1630-1684) ao Louvre, com o objetivo de incentivar a criação de uma sala de
pintura portuguesa naquele museu parisiense, “ambição que fica agora um pouco
mais perto”, comenta, no comunicado.
A
pintura “Ressurreição de Cristo”, executada cerca de 1540 no Atelier Real de
Lisboa, é “um exemplar de primeira ordem da arte renascentista portuguesa”, diz
o Louvre sobre o quadro, que representa Cristo envolto num manto vermelho, após
ressuscitar perante a surpresa dos soldados que guardam a sepultura.
Sobre
o resultado, o galerista Philippe Mendes admite que “foram necessários mais de
seis meses de trabalho árduo para conseguir que o museu comprasse este quadro”,
com “muitas dificuldades a ultrapassar”, depois de o ter apresentado em março
na feira de arte e antiguidades Tefaf, em Maastricht, nos Países Baixos, “onde
o Louvre a viu e reservou”.
“Tivemos
de descobrir a origem do quadro, saber onde esteve durante a II Guerra Mundial,
obter os documentos necessários para sair do país e, como tudo é complicado em
Portugal, foi sempre uma luta”, recorda o galerista.
Em
2022, o Museu do Louvre apresentou uma exposição dedicada à pintura antiga
portuguesa, centrada em 15 obras provenientes do Museu Nacional de Arte Antiga
(MNAA), de Lisboa, sob o título “L’Age D’Or de la Renaissance Portugaise”. A
mostra decorreu entre 10 de junho e 10 de setembro, na Ala Richelieu do Museu
do Louvre, no âmbito da Temporada Cruzada França-Portugal, de diplomacia
cultural entre os dois países, com comissariado de Charlotte Chastel-Rousseau,
Conservadora do departamento de pintura do museu parisiense.
Foram
apresentadas obras de artistas como Nuno Gonçalves (ativo 1450-antes de 1492),
Jorge Afonso (ativo 1504-1540), Cristóvão de Figueiredo (ativo 1515-1554) e
Gregório Lopes (ativo 1513-1550). In “LusoJornal” – França com “Lusa”
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