Esta quinta-feira, o Deputado Paulo Pisco esteve no Consulado Geral de Portugal em Paris para apresentar o livro “Dona Zezinha – A vida singular de uma professora” da autoria da escritora Altina Ribeiro.
“Dona
Zezinha – A vida singular de uma professora” é a versão portuguesa, agora
editada, de um livro escrito inicialmente em francês, com a história de uma
professora regente, contada pelo filho que veio para França. Dona Zezinha era
uma professora que lecionou em algumas aldeias e o filho acompanhou-a sempre
pelas escolas por onde passava.
O
Deputado destacou o caráter “histórico” do livro. “Permite-nos fazer uma viagem
no tempo e ver as condições que havia nas aldeias, do ponto de vista social,
económico e cultural. Vimos a grande austeridade, as dificuldades e ao mesmo
tempo sentíamos que aquelas aldeias eram muito condicionadas pelos valores do
Estado Novo, do Estado autoritário, do Estado fascista, e também pela própria
Igreja porque os valores da Igreja e da moral cristã eram hiperconservadores e
isso moldava o dia a dia de todas as pessoas” disse em declarações ao
LusoJornal depois da apresentação.
De
certa forma, Dona Zezinha concordava com o regime do Estado Novo, mas acabou
por mandar o filho para França antes de ele entrar no serviço militar, para o
ver livre de uma eventual partida para a Guerra colonial.
“Esta
história do livro Dona Zezinha tem também uma característica muito interessante
porque é a partir dessa narração que nós podemos constatar que as pessoas, não
podendo continuar lá dentro, uma após outra, abandonam o país, sem saberem para
onde vinham. Neste caso é o filho, depois o pai e depois a mãe. Vêm para França
e não voltam mais. Os três morreram cá. Isto é uma história da emigração com
tudo o que esse percurso teve, as dificuldades de superação e a capacidade de
ultrapassar todos os problemas” disse ao LusoJornal o Deputado português. “Esta
é uma história comum a milhares e milhares de Portugueses”.
Esta
versão portuguesa do livro que já tinha sido editado em francês, tem
complementos de informação que não constam da versão francesa, escritos depois
da autora ter visitado algumas das aldeias por onde passou Dona Zezinha e
conversado com alguns dos seus ex-alunos.
“Está
contada de uma maneira muito vivida, muito realista. É quase como que se
estivéssemos a ver um filme” diz Paulo Pisco. “A Altina Ribeiro tem o grande
mérito de ter dado coerência às memórias que alguém contou, que são memórias
muito vivas, muito bem definidas e ela conseguiu dar-lhes consistência e
podemos situá-las ao longo de um tempo histórico e percebermos como era
Portugal e a forma como o país se foi transformando”.
Depois
da apresentação do livro, Paulo Pisco moderou um debate sobre “Os Escritores na
Diáspora – Portugal Visto de Fora”, com a participação das escritoras Alice
Machado, Alexandra Vieira, Carla Pais e Altina Ribeiro. Lia Gomes – França in “LusoJornal”
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