A Escola Portuguesa de Macau tem vindo a receber cada vez
mais alunos de língua portuguesa não materna, com estes estudantes a
representarem já um universo de 75 por cento no actual ano lectivo. Amanhã
regressam as aulas presenciais de forma faseada
A Escola
Portuguesa de Macau (EPM) é cada vez mais escolhida por famílias que não têm o
português como língua materna. Segundo declarações do director da EPM, Manuel
Machado, à Lusa, os alunos de língua materna não portuguesa que ingressam na
EPM “têm vindo a aumentar significativamente”, atingindo este ano 75 por cento
do total dos estudantes.
Há
três anos, eram cerca de 40 por cento, frisou Manuel Machado. Há dois, o número
cresceu para 60 por cento. E este ano lectivo, em cada quatro alunos que entram
na EPM, três não têm o português como língua materna.
Uma
realidade que exige agora “por parte dos professores todo um desenhar de novas
estratégias capazes de responder às necessidades linguísticas destes alunos”,
salientou.
Para
isso tem-se privilegiado “o ensino do português relativamente a outras áreas do
currículo, o que não significa que essas áreas não venham a ser exploradas mais
tarde”, ressalvou o responsável da escola. “É um grande desafio”, enfatizou.
Clubes e oficinas
Entre
as estratégias delineadas, avançou-se para a criação de um clube de filosofia,
no qual o desenvolvimento das competências passa pelo uso obrigatório da língua
portuguesa para todos os estudantes do primeiro ao quarto ano de escolaridade.
Há
também uma oficina de escrita, mas a escola teve igualmente a ‘arte’ de
conceber um espaço que parece feito à medida para dar resposta a estes desafios
e que é destacado por Manuel Machado: uma sala de leitura.
A
maioria daqueles que ingressam no primeiro ciclo na EPM tem o cantonense como
idioma nativo. O estabelecimento de ensino integra 70 professores, a tempo
inteiro e parcial, e 623 alunos do 1.º ao 12.º ano de escolaridade, divididos
por 14 turmas. Quase 50 por cento dos alunos frequentam o 1.º ciclo. “Tem
havido de facto uma procura cada vez maior da escola e do nosso currículo, todo
ele, exceptuando as disciplinas de línguas, leccionado em português”, salientou
o director.
A
EPM recomeça amanhã, de forma faseada, as aulas presenciais, depois do
encerramento ditado pela pandemia da covid-19. Mas o dia 5 de Maio serve também
para celebrar o Dia Mundial da Língua Portuguesa.
A
data vai ser assinalada na EPM por uma pequena cerimónia durante a qual será
fixada uma placa alusiva ao dia em questão. Será também feita uma leitura do
“Livro do Desassossego” de Fernando Pessoa, que chegará às diferentes turmas
através do sistema de som da escola. In “Hoje Macau” - Macau
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