A língua basca é a língua
própria do País Basco e Navarra.
No século XX, o basco estava
numha situaçom dramática. Tinha poucos falantes, estava fragmentada, carecia de
tradiçom literária medieval e era muito difícil de aprender. Porém soubêrom
tornar vantagens o que à partida eram inconvenientes. Gabárom-se de ser a
língua mais antiga da Europa, elaborárom um discurso democrático de defesa da
diversidade lingüística e figérom questom em mostrar a utilidade de conhecer um
código que os unia e identificava como povo e, aliás, lhes permitia
comunicar-se sem serem entendidos por outros. Com a receita antigüidade,
ecologia e identidade o basco ganhou falantes e futuro.
O catalám é umha língua
minoritária que chegou a finais do século XX menorizada na maioria dos
territórios em que era falada. Encontrava-se numha posiçom de fraqueza em
relaçom ao castelhano, umha das línguas mais faladas do planeta. A Catalunha,
altamente industrializada, recebeu milhares de trabalhadores que falavam
castelhano. O catalám, perseguido e proibido na ditadura, recuava. No entanto,
também tinha pontos fortes. O novo governo autónomo sabia da sua vitalidade no
pequeno comércio e fijo leis para o proteger. Hoje o catalám é a língua da
economia e dos negócios e língua veicular no ensino. Além do mais, valorizou-se
através de prestigiosas entidades como o F.C. Barcelona e desportistas como
Guardiola ou Piqué. A receita catalá foi economia, ensino e prestígio social. O
catalám virou a língua menorizada mais importante da Uniom Europeia com cerca
de 11 milhons de pessoas alfabetizadas.
O galego chegava no último
quartel do século XX melhor posicionado que o basco e o catalám. Era a língua
maioritária da Galiza e tinha umha rica tradiçom escrita medieval. No entanto,
tinha importantes pontos fracos. As elites políticas e económicas falavam
castelhano e o galego estava estigmatizado e confinado no mundo camponês e
marinheiro. A queda de falantes era constante. Contodo, tinha no seu ADN umha
arma secreta invencível: o galego podia entrar na Champions League das línguas
internacionais. Tornar-se, num piscar de olhos, a língua mais falada do
hemisfério sul. Deixar de ser umha sofredora fala regional para se converter na
língua de 250 milhons de pessoas e oficial em 8 estados e na UE. Os custos eram
mínimos, o ganho extraordinário. A Galiza seria um dos territórios mais
privilegiados do mundo do ponto linguístico. Os seus habitantes poderiam
dominar as duas línguas romances mais faladas do planeta e comunicar com mais
de 700 milhons de pessoas.
Infelizmente, quigemos ser o
que nunca fomos, umha língua minoritária como a catalá e única como o basco.
“Os galegos têm a sorte rara
de poderem fazer essa opção, coisa do que não se podem gabar bascos e catalães”
advertia o erudito português e galegófilo, Rodrigues Lapa.
Mais umha vez na história, as
nossas elites figérom a escolha errada. E se mudarmos de receita? Com os dados
em cima da mesa, acho que vale a pena tentar. Diego Bernal – Galiza in “Diário Liberdade”
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