O transporte hidroviário de
cargas e passageiros é tema de documento preparado pela Associação dos
Engenheiros e Arquitetos de Santos (AEA) e pelo Conselho Regional de Engenharia
e Agronomia de São Paulo (Crea-SP). Intitulada “Carta Metropolitana de Comunhão
Hidroviária”, a iniciativa tem o propósito de pressionar os parlamentares
quanto a necessidade de viabilização de recursos para a implementação de
hidrovia na Baixada Santista. Ainda não há projeto oficial do poder público que
contemple o assunto na região.
“Precisamos integrar as bacias
hidrográficas. O fato de não termos uma hidrovia condena toda uma geração.
Trata-se de um modal de maior capacidade econômica e de transporte, e com
potencial ambiental e turístico. A vontade política é primordial. Por isso estamos
indo aos parlamentares. Tem que ter um engajamento da autoridade portuária, com
a Agência Metropolitana com os nossos políticos para buscar verba para isso”,
destacou o engenheiro Eduardo Lustoza, diretor de Portos da Associação dos
Engenheiros e Arquitetos de Santos e professor de Logística da Fundação e
Estudo do Mar (Femar).
O especialista destacou o
sistema hidroviário existente. “Temos uma grande posição hidroviária porque
temos toda a Serra do Mar com várias calhas. Essa água toda do planalto, que
permeia na encosta da serra, desce para o litoral e forma esses rios perenes.
Por exemplo, o Rio Jurubatuba e o Rio Branco, que é a segunda maior artéria
hidrográfica da Baixada Santista, o Canal de Bertioga, que define a Ilha de
Santo Amaro”.
Apesar de a região ainda não
contar com projeto específico para o setor, Lustoza criou, na segunda
apresentação do evento ‘Hidrovias Já’, realizado pelo órgão há quatro anos, a
simulação de 22 estações de integração rodo-hidroviária na região. “O
transporte de passageiros pode ser feito com maior mobilidade urbana e menor
custo. Sai muito mais barato. São equipamentos de menor custo, menor
manutenção, são confortáveis e baratos, menor gasto de energia”, destacou. Os
pontos de chegada e saída públicos seriam distribuídos entre a região do
Portinho, em Praia Grande, pela Ponte dos Barreiros, em São Vicente, o Jardim
Casqueiro, em Cubatão, o Centro e a Ponta da Praia, em Santos, Guarujá e
Bertioga.
O engenheiro ressaltou que a
implementação da hidrovia também auxiliará no escoamento de cargas do Porto de
Santos. Atualmente, os produtos chegam ao complexo santista por caminhões – aproximadamente
72%. “Nossa safra ainda está de uma maneira extremamente densa em cima dos
caminhões. O que nós jogamos fora de combustível é um lucro que deveria estar
no interior, no produtor, e o produtor remunerando melhor o lavrador e seus
funcionários. Jogamos muita coisa fora. Parte da safra é perdida. Fala-se em um
número superior a 10%”, afirmou.
Carta
A carta produzida pela
entidade ressalta que inicialmente, para a viabilização da hidrovia, é
necessária a sinalização de trechos de entrada e saída do canal do Porto de
Santos, entre o canal de Bertioga até a Rodovia Conêgo Domenico Rangoni, onde
há uma ponte ferroviária e blocos de fundação submersos da antiga linha de
transmissão da Usina Hidrelétrica de Itatinga. O documento é assinado também
por diversos órgãos e entidades do setor.
“Estamos propondo sinalizar
aquilo que já existe e está deficitário. Hidrovia é igual estrada. Precisa de
acostamento, placa de sinalização e manutenção, mas só que é muito mais barato.
Não precisa repor asfalto, trilho, pedra. O potencial da hidrovia é fantástico,
com relação aos demais modais de transporte”, explicou Lustoza.
A carta também cita o incêndio
que ocorreu no terminal da Ultracargo, na Alemoa, em abril de 2015. O documento
destaca que as vias navegáveis do entorno do local do evento foram consideradas
para a captação de água, mas não há registro e regularização de rampas de
acesso, fragilizando o plano de evacuação de pessoas e o acesso planejado a
embarcações de apoio e combate às chamas. Daniela
Origuela – Brasil in “Diário Litoral”
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