SÃO
PAULO – Na História do Brasil, só em duas ocasiões o País registrou um Produto
Interno Bruto (PIB) negativo, ao menos a partir de 1901, quando se iniciou esse
tipo de levantamento: a primeira vez foi em 1930 e 1931, em razão da quebra da
Bolsa de Nova York em 1929, que afetou drasticamente a exportação de café, que
era a base da economia nacional.
O
outro momento em que se deu esse desastre foi agora em 2015 e 2016, em função
do desgoverno lulopetista. A presidente eleita foi defenestrada, a exemplo do
que ocorreu em 1992, quando o então presidente Fernando Collor sofreu o
processo de impeachment, mas, desta
vez, há um dado complicador: àquela época, não havia o atual quadro de crise
econômica e desmoralização da classe política, o que permitiu ao governo de
Itamar Franco (1992-1994) fazer a travessia sem maiores sobressaltos e ainda
eleger o sucessor.
Desta
vez, porém, o governo de transição de Michel Temer está diante de um desafio
ainda maior, até porque não passa um dia sem que um de seus ministros não
apareça citado nas investigações da operação Lava-Jato. Sem contar que o
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que julga ação de despesas ilegais na
campanha Dilma-Temer em 2014, pode até concluir por uma eleição presidencial
direta ainda em 2017.
Seja
como for, não se pode deixar de reconhecer que, diante de circunstâncias tão dramáticas,
o atual governo tem feito a sua parte, ainda que seja alvo de críticas por
parte daqueles que apostam no quanto pior, melhor. Afinal, em menos de um ano
de mandato, já conseguiu até superar as expectativas, ao obter no Congresso Nacional
a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do teto dos gastos ou do
equilíbrio fiscal, além de reduzir de maneira significativa a inflação e
procurar avançar a reforma da Previdência Social.
Na
área de comércio exterior, se até o último dia de 2018, o governo Temer conseguir
assinar, por meio do Mercosul, pelo menos um acordo de livre-comércio com a
União Europeia ou com a Associação Europeia de Livre-Comércio (Efta, na sigla
em inglês), minibloco que reúne Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein, com
certeza, passará para a História. Afinal, desde 1991, o Brasil só fechou três
acordos de livre-comércio, ou seja, com Israel, Palestina e Egito, mas desses
apenas o tratado com o primeiro país está em vigor.
Se
esse objetivo ficar para mais tarde ou cair nas calendas gregas, ao menos que
se chegue ao tratado próximo do livre-comércio que se discute com o México, que
prevê o aprofundamento do acordo de preferência tarifária em vigor desde 2003, com
redução das alíquotas dos 793 produtos já incluídos e ampliação do número de produtos
manufaturados contemplados para mais de seis mil itens.
O
possível acordo prevê ainda a abertura de uma rodada de liberalização, que
englobaria todas as áreas do comércio exterior (produtos agrícolas, serviço,
compras governamentais, propriedade intelectual, cooperação aduaneira, questões
fitossanitárias e facilitação de comércio). Já não seria pouco. Milton Lourenço - Brasil
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Milton
Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato
dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São
Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos,
Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site:
www.fiorde.com.br
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