O
escritor premiado, por seu lado, disse que dedicou o livro à mulher e aos dois
filhos, e que este galardão, atribuído pela primeira vez, dedicou-o “a
anónimos” que são os “heróis contra a guerra, os heróis contra a fome, os
heróis contra o terrorismo, os heróis contra o analfabetismo, contra a
incultura, contra a intolerância e o desamor, gente anónima que constrói, com
humildade, na sua jornada diária, Moçambique, uma África e um mundo melhor”.
O escritor Mia Couto, que presidiu
ao júri da primeira edição do Prémio Literário Eduardo Costley-White, realçou na
passada segunda-feira, 13 de Março de 2017, na FLAD, o “cunho mais ousado” e a
“inteligência” do romance “Rabhia”, de Lucílio Manjate, que o levou a arrecadar
o galardão.
“Há aqui um cunho mais ousado,
e o uso de uma inteligência neste livro, que faz de uma história aparentemente
policial – a natureza da escrita sugere uma história policial -, mas o que ele
faz é percorrer aquilo que são as entranhas de uma sociedade como é a
moçambicana, mas que podia ser do mundo inteiro”, afirmou Mia Couto.
Referindo-se ao livro, na
Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), durante a entrega do
prémio, Mia Couto afirmou: “Há ali uma história que é profundamente humana, que
é contada de uma maneira muito, muito original. A originalidade e aquilo que é
uma escrita de caráter único, foi o que nos ajudou a distinguir” a obra.
Para o escritor, o grande
destaque é esta obra apresentar “uma escrita de rutura, uma forma nova”.
Mia Couto afirmou que a
“poesia é absolutamente dominante em Moçambique e a nova geração prossegue essa
tradição, mas este livro é diferente”.
“Foi surpreendente, um jovem
com esta qualidade, por via da prosa, já não falar dos temas que são constantes
e mais saturados da literatura moçambicana”, declarou Mia Couto.
A professora catedrática Ana
Oliveira, que fez parte do júri, em representação das Edições Esgotadas, que
vão publicar “Rabhia”, referiu-se a Lucílio Manjate, de 32 anos, como “um poeta
obcecado pela palavra ao detalhe” e disse que “Moçambique está todo refletido”
nesta obra.
O escritor premiado, por seu
lado, disse que dedicou o livro à mulher e aos dois filhos, e que este
galardão, atribuído pela primeira vez, dedicou-o “a anónimos” que são os
“heróis contra a guerra, os heróis contra a fome, os heróis contra o
terrorismo, os heróis contra o analfabetismo, contra a incultura, contra a
intolerância e o desamor, gente anónima que constrói, com humildade, na sua
jornada diária, Moçambique, uma África e um mundo melhor”.
Além de Mia Couto, que
presidiu, e Ana Oliveira, constituíram o júri José Riço Direitinho, Isabel
Lucas e Clara Ferreira Alves. Na cerimónia de hoje, o filho mais velho do poeta
Eduardo Costley-White, Sandro White, afirmou que a família irá preservar todo o
seu espólio e tudo fazer para publicar os inéditos existentes. A FLAD organiza
o prémio em parceria com a editora Edições Esgotadas, o vencedor recebe dez mil
euros e vê o seu livro publicado.
“Além do aprofundamento da
relação entre Portugal e os Estados Unidos, a FLAD aposta na cooperação com os
países africanos de língua portuguesa. Este prémio vem mostrar esse empenho, em
especial através da difusão da lusofonia, da língua portuguesa e da promoção de
novos talentos literários”, disse hoje o presidente da FLAD, Vasco Rato, que
realçou o facto de, na sua instituição, há 30 anos, ter optado pela inclusão do
gentílico luso, numa clara alusão ao espaço da Língua Portuguesa.
“A FLAD jamais se limitou a
aprofundar a relação bilateral entre Portugal e os Estados Unidos, com efeito o
reforço das relações de Portugal com África constitui, desde sempre, um pilar
estruturante da nossa atuação”, disse Vasco Rato.
Segundo o responsável,
“difundir a língua portuguesa e exaltar os autores que a utilizam para criar,
foi um dos grandes objetivos que pautaram o lançamento deste prémio”.
Sobre a obra vencedora
qualificou-a como “excecional”, destacando que “expressa exemplarmente a
criatividade dos escritores africanos e a sua riqueza artística, que
encontramos nesta casa comum, que é a nossa língua”.
Um total de 34 escritores de
Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe
candidatou-se à primeira edição do Prémio Literário Eduardo Costley-White, que
promove novos talentos africanos de língua portuguesa. In “FLAD”
com “Lusa”
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