A Anadarko, uma companhia
petrolífera norte-americana com sede em Houston, estado do Texas, poderá tomar
a decisão final de investimento no próximo ano para a implementação do seu
projecto de gás natural na província de Cabo Delgado, em Moçambique, disse na
passada semana o director executivo, Al Walker, citado pelo jornal Houston
Chronicle.
Há seis anos, a Anadarko
descobriu enormes depósitos de gás natural na Bacia do Rovuma que, segundo
alguns analistas, poderão colocar Moçambique na liga dos maiores produtores do
mundo.
Na altura, a China, a Índia e
o Japão encontravam-se envolvidos numa corrida desenfreada para fechar
contratos para a importação de gás natural. Agora, a Ásia e outras regiões do
mundo registam um excesso de produção de gás natural liquefeito (GNL), algo que
acabou refreando drasticamente a apetência dos investidores para o
desenvolvimento de novos empreendimentos, a semelhança do projecto de
Moçambique, que está orçado em várias dezenas de biliões de dólares.
Contudo, em entrevista concedida
sexta-feira, na cidade norte-americana de Houston, Walker, disse que o projecto
poderá iniciar a produção precisamente no momento certo, ou seja no período
compreendido entre os anos 2022 e 2023.
Essa é a altura em que as
empresas de pesquisas energéticas IHS Markit e Wood Mackenzie acreditam que a
economia global terá crescido o suficiente para estimular uma nova vaga de
demanda de GNL.
Segundo Walker, a Anadarko
projecta investir cerca de 15 bilhões de dólares em Moçambique no próximo ano.
Isso poderia colocar o projecto em andamento para que o início da exportação de
gás natural coincida com a redução dos excedentes no mercado internacional.
A nossa esperança é de
podermos avançar muito rapidamente, disse ele.
A empresa ainda está por
concluir algumas questões pendentes nas negociações com o governo moçambicano,
incluindo a assinatura de um acordo para o reassentamento das famílias
residentes na área onde será implantado o projecto. O custo do reassentamento
poderá atingir cerca de 300 milhões de dólares para a construção de novas casas
e outras infra-estruturas para as pessoas afectadas.
A Anadarko já apresentou o seu
plano de reassentamento ao governo e aguarda a aprovação do governo.
O acordo de reassentamento,
bem como vários outros contratos inacabados, são algumas questões que levaram o
Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, que se encontra a efectuar uma visita de
trabalho de quatro dias aos EUA, a reunir-se com o director executivo da
Anadarko, na sexta-feira, na sede daquela multinacional norte-americana.
Uma vez concluídas as
negociações, o projecto da Anadarko em Moçambique poderá, eventualmente,
encarar os mesmos desafios que outras multinacionais petrolíferas enfrentaram
no passado para a construção de unidades de liquefacção de gás natural em
regiões com fracas infra-estruturas ou escassez de mão-de-obra qualificada,
disse Bob Fryklund, estratega-chefe da IHS Markit.
Aliás, segundo a IHS, nos
últimos anos, três em cada quatro grandes projectos de energia implementados em
países em desenvolvimento acabaram por ultrapassar o orçamento inicial ou
sofreram atrasos.
Por isso, a forte concorrência
que se avizinha ao longo dos próximos anos poderá deixar pouca margem de erro
para a Anadarko num mercado que, eventualmente, poderá voltar a registar
grandes excedentes com a expansão das unidades de processamento de gás natural
existentes nos EUA e Austrália, disse Fryklund.
Este é o melhor momento para
tomar uma decisão final de investimento, porque os preços provavelmente irão recuperar
nos próximos cinco anos o problema é não aproveitar essa janela (de
oportunidade), explicou Fryklund.
Não é um desafio
intransponível, mas este é o primeiro projecto de GNL da Anadarko, acrescentou.
A petrolífera norte-americana
acredita que poderá extrair cerca de 75 triliões de pés cúbicos de gás
recuperáveis em Moçambique, tornando as suas descobertas algumas das maiores da
última década. In “Agência de Informação de Moçambique” -
Moçambique
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