O reforço da nossa
língua e cultura através do estreitamento dos laços com a Lusofonia é um dos
projetos culturais que maiores consensos está a gerar na Galiza dos últimos
anos, desde a aprovaçom da Lei Paz Andrade por unanimidade no Parlamento galego
em 2014. Os programas eleitorais dos partidos políticos com mais possibilidades
de obter representaçom parlamentar (e nom só estes) incluem medidas para o seu
desenvolvimento, algumhas delas de admirável concreçom, como recolhe esta informaçom recentemente
compilada por Gerardo Uz
Porém, o que mais
chamou a atençom ao longo destes dias foi o facto de os partidos até hoje
maioritários, PP e PSOE, terem introduzido a questom sem complexos no momento
central da campanha eleitoral, pola mao de Alberto Núñez Feijóo no debate televisivo com os outros
candidatos e candidatas, e pola de Xoaquín Fernández Leiceaga dous dias mais
tarde, quando através de David Balsa propujo ao primeiro-ministro
português a entrada da Galiza na CPLP. Nom conformes com isso, estes e outros
partidos (CxG, BNG, En Marea) recebêrom a AGAL para avaliar em reunions de
trabalho cada umha das dez propostas que a nossa associaçom
lhes fijo para a próxima legislatura.
Sempre haverá quem diga, e terá toda a
razom, que nom se podem confundir as promessas de um político ou política em
campanha com o cumprimento da palavra dada depois de ter ganhado as eleiçons.
Na AGAL nom o confundimos e sabemos que vamos ter de ser exigentes para os
partidos respeitarem o prometido, mas mais importante que cada umha das
propostas realizadas polas diferentes opçons eleitorais é que todas elas
lançam, pola primeira vez, ideias na mesma direçom, produto de um consenso que
tardou em chegar, mas que temos a certeza que véu para ficar e que ainda se há
de acentuar. É neste sentido que a próxima legislatura poderá ser diferente às
outras, e o reintegracionismo e a AGAL vam trabalhar incansavelmente para que a
atual unanimidade nom só nom se rompa, senom também para que tenha
conseqüências e seja benéfica para todos os galegos e galegas sem exceçom.
Sem obviar as legítimas diferenças que
os distinguem, é responsabilidade dos partidos políticos favorecerem um clima
que permita à nossa sociedade tirar o máximo proveito da nossa língua,
salvaguardando-a das luitas partidárias que tanto a fragilizam. Já passárom os
tempos em que os partidos simplesmente pretendiam fazer prevalecer a sua
postura sobre as outras. Os avanços agora terám que chegar pola mao da
interpretaçom que o conjunto de umha sociedade mais madura faga das
possibilidades de progresso lingüístico e social para a Galiza do futuro.
O reintegracionismo está em disposiçom
de contribuir enormemente neste sentido e quer fazê-lo com responsabilidade e
propositivamente. Por isso, parece-nos imprescindível que os partidos comecem
por acordar medidas para desproblematizar a questom normativa, dando expressom
institucional a quem já decidiu escrever o galego como no resto dos países
lusófonos. Nom faria sentido que um dos movimentos sociais que mais iniciativas
está a produzir em prol da cultura galega, continue afastado de concursos
literários, de órgaos como o Conselho da Cultura Galega ou do acesso a apoios
públicos. Eduardo Maragoto – Galiza in “Portal Galego da Língua”
Eduardo S.
Maragoto - (Barqueiro,
Galiza, 1976) Estudou Filologia Portuguesa em Santiago de Compostela, cidade
onde participou no sindicalismo estudantil e na fundaçom do Movimento de Defesa
da Língua (MDL) através da Assembleia Reintegracionista Bonaval. Entre 2001 e
2006 trabalhou na Escola Oficial de Idiomas (EOI) de Valência, onde participou
na constituição de Veu Pròpria (associaçom de novos e novas falantes de catalám)
e da plataforma Nunca Mais. Na atualidade trabalha como professor de português
na EOI de Compostela. Desde 2006 até 2010 pertenceu ao conselho de redaçom do
jornal Novas da Galiza, jornal onde coordenou os trabalhos de correçom e a
secçom de Além Minho. Também pertence à Gentalha do Pichel e à AGAL, associaçom
que preside na atualidade. É autor do livro Como Ser Reintegracionista sem que
a Familia Saiba e co-autor do Manual Galego de Língua e Estilo e dos
documentários Entre Línguas, Em Companhia da Morte e A Fronteira Será Escrita.
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