Segundo projeções da
Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), o País, que em 2011 detinha
1,41% das exportações mundiais, em 2016, deverá contentar-se com 0,98% de tudo
o que se vende no planeta, seguindo a tendência negativa que tem marcado os
últimos anos: em 2012, essa participação caiu para 1,33%; em 2013, para 1,32%;
em 2014, para 1,19%; e em 2015, para 1%. Mais: depois de ocupar em 2013 a 22ª
posição no ranking mundial de exportação, o Brasil deverá cair para a 29ª
colocação em 2016, depois de ter ficado na 25ª em 2014 e 2015.
Diante disso, o que se espera
é que, em 2016, o governo brasileiro, finalmente, desperte para a necessidade
de realizar as sempre adiadas reformas estruturais nas áreas tributária,
previdenciária e trabalhista, sem deixar de investir maciçamente em
infraestrutura para reduzir os custos de logística e acelerar os processos de
desburocratização. Só assim será possível tornar os produtos exportados mais
competitivos, sem depender da taxa de câmbio.
Não se pode deixar de
reconhecer que o ano de 2015 marcou uma mudança drástica na política de
comércio exterior do País, a partir da nova orientação que o Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) passou a receber. De fato, o País
marcou presença em muitos fóruns, feiras e congressos internacionais, com a
participação de empresas brasileiras, que contaram com o apoio da Agência
Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).
Mas só promoção não é
suficiente. É preciso que os produtos oferecidos tenham também preços
competitivos. E isso só é possível com a redução de custos logísticos. Mas, com
os cofres públicos pouco surtidos, a verdade é que não se pode esperar para
2016 muitos investimentos em infraestrutura, a não ser que a Secretaria de
Portos encontre uma maneira de acelerar as concessões de terminais portuários e
de linhas ferroviárias.
Seja como for, embora seja um
sonho de verão, seria recomendável que o País projetasse para o seu principal
porto, o de Santos, responsável pela movimentação de 27% do seu comércio
exterior, o futuro que se desenha para o porto de Long Beach, na Califórnia,
que promete para 2019 o seu Middle Harbor Terminal totalmente automatizado, em
condições de receber meganavios de 24 mil TEUs (unidade equivalente a um
contêiner de 20 pés). Hoje, 28% das importações feitas pelos Estados Unidos
saem desse porto por trem para o resto do país, mas o objetivo até 2019 é que
essa marca alcance 50%. É de se ressaltar que um comboio com um quilômetro de
extensão significa menos 750 caminhões nas rodovias.
Seguindo esse exemplo
norte-americano, o Brasil poderá continuar a exportar cereais e outros produtos
do seu agronegócio em níveis até maiores, desde que haja portos, rodovias e
ferrovias mais bem estruturados, mas o fundamental é exportar produtos com
valor agregado, pois só assim haverá mais indústrias e mais empregos para todos
os brasileiros. Milton Lourenço – Brasil
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Milton Lourenço é presidente
da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de
Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e
da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e
Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.
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