SÃO PAULO – Quase um ano
depois do incêndio que atingiu os tanques do terminal da Ultracargo, na margem
direita do porto de Santos, e em meio aos transtornos provocados pelo recente
incêndio no terminal alfandegado da Localfrio, na margem esquerda, em Guarujá,
ainda não se tem uma definição quanto a um novo acesso viário ao complexo
marítimo. Como se sabe, o incêndio, ocorrido entre 2 e 10 de abril de 2015,
provocou a interrupção das atividades em outros terminais e do tráfego de
caminhões, além de problemas ao tráfego urbano e às demais operações portuárias
bem como prejuízos ambientais incalculáveis com a contaminação das águas e a
morte de milhares de peixes, afetando a vida de mais de 200 famílias que viviam
da pesca artesanal.
Mal projetado, o Distrito
Industrial da Alemoa continua a ser servido apenas pelo Viaduto da Alemoa e
pela Avenida Augusto Barata, também conhecida como Retão da Alemoa, que
constituem o único acesso rodoviário da margem direita. Ou seja, se vier a
ocorrer sinistro semelhante ou mesmo em proporções menores naquela área, esse
acesso ficará bloqueado, causando incalculáveis prejuízos a todas as operações
portuárias.
Em outras palavras: se algum
efeito positivo aquele desastre gerou foi o de deixar clara a necessidade
urgente de se construir uma rota de fuga, que seria usada em caso de acidentes
em terminais especializados em operações com granéis líquidos ou desastres
naturais.
O incêndio também deixou à
mostra como o Brasil está despreparado para enfrentar desastres não só naturais
como aqueles causados pela incompetência humana, como ficou claro com o recente
vazamento na barragem da Samarco, em Mariana-MG. Por ocasião do incêndio da
Ultracargo, todo líquido gerador de espuma utilizado para combater as chamas,
estocado no País, esgotou-se, o que significa que, se por aqueles dias outro
incêndio tivesse ocorrido, não haveria produto para atender às necessidades.
Seja como for, algumas
reuniões entre empresas e autoridades têm sido realizadas e sugestões
apresentadas, como a instalação de hidrantes públicos no Distrito Industrial da
Alemoa para facilitar o combate inicial ao fogo e um projeto para garantir o
abastecimento de tanques com água do mar. Mas, a se levar em conta os primeiros
desdobramentos do recente incêndio na Localfrio, a população da Baixada
Santista tem razões de sobra para viver dias de desassossego.
O que se espera é que as
autoridades não se limitem a criar apenas um comitê permanente de crise, que
funciona mais como uma tentativa de apresentar satisfações à imprensa e à
população, mas passem a adotar medidas mais concretas para garantir a segurança
dos terminais e de seus funcionários e daqueles moram na Baixada Santista. Milton Lourenço - Brasil
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Milton Lourenço é presidente
da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de
Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e
da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e
Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.
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