A estimativa atual do
Alphaliner é que o ano de 2015 feche com um crescimento de volume de 0,8%
nestes 30 maiores portos, contra estimativas iniciais de 3% a 4%, e que
demonstra uma acelerada deterioração do cenário internacional
O Alphaliner, empresa inglesa
referência internacional no fornecimento de informações sobre capacidades de
navios e serviços porta-contêiner, publicou recentemente uma evolução da
demanda por esse tipo de embarcação baseada na movimentação portuária dos 30
maiores portos do mundo e, segundo esse levantamento, o volume movimentando por
esses portos (que correspondem por mais da metade da movimentação mundial)
encolheu 0,9% no 3o trimestre de 2015, o que significa a primeira redução
trimestral do volume de contêiner movimentado desde a crise internacional de
2009.
Esse dado acende uma luz de alerta em toda a
cadeia logística envolvida no transporte internacional de contêiner e
dimensiona o tamanho do impacto gerado pela desaceleração da economia chinesa
associado a ainda fraca retomada da economia europeia. A estimativa atual do
Alphaliner é que o ano de 2015 feche com um crescimento de volume de 0,8%
nestes 30 maiores portos, contra estimativas iniciais de 3% a 4%, e que
demonstra uma acelerada deterioração do cenário internacional.
É interessante notar ainda nessa mesma
publicação que, enquanto em alguns dos principais portos do mundo o volume caiu
consideravelmente no acumulado até Set/2015, tais como: Singapore (-6,5%), Hong
Kong (-8,5%) e Hamburg (-9,2%), em outros grandes portos do mundo o volume
cresceu de maneira acentuada, tais como: Ningbo (7,1%), Kelang (10%) e Antwerp
(8%). Tudo isso como reflexo direto da necessidade de reorganização dos
serviços gerada pela chegada ao mercado dos mega navios que, dada as restrições
para operar em vários portos, têm alterado a dinâmica dos Hubports mundo a
fora.
Confesso que gostei bastante
da análise realizada pelos ingleses e fiquei bastante curioso para “plotar” os
dados brasileiros no mesmo formato dos dados a fim de verificar a aderência dos
nossos números às tendências internacionais. Utilizei para tanto, dados da
movimentação portuária brasileira disponibilizados pela Antaq.
Analisando os gráficos acima
é possível perceber que a desaceleração internacional está de fato impactando
nossa economia dada a perfeita correlação entre as curvas dos 2 gráficos,
contudo, tendo em vista que no acumulado até setembro de 2015 a movimentação
portuária no Brasil caiu 0,3% (comparado a um crescimento de 0,8% dos 30
maiores portos do mundo) também é possível afirmar que a nossa situação tem
sido agravada pelo do clima de extremo pessimismo vivido atualmente no Brasil
em virtude dos equívocos na condução da política econômica nos últimos anos,
agora reconhecidos por parte do governo, além do maior esquema de corrupção já
tornado pública neste país e que desencadeou uma convulsão na base de apoio do
governo no congresso.
Também no comparativo do
crescimento acumulado por porto é possível notar grandes oscilações na
performance dos 10 maiores portos brasileiros, sendo que Santos (5,3%) e Itapoá
(19,6%), com as recentes inaugurações de novos terminais de contêiner,
reportaram as mais importantes variações positivas e Itajaí/Navegantes e Rio de
Janeiro, com sérias restrições de acesso marítimo, as mais importantes
variações negativas. Vale dizer que, assim como no cenário internacional, as
oscilações observadas ao longo da costa brasileira também estão de alguma
maneira relacionadas com a reorganização dos serviços provocada pela chegada de
navios maiores em nossa costa.
Em outras palavras, em um
mundo globalizado, o que acontece nos demais países invariavelmente nos
impactará por aqui, seja do ponto de vista econômico, seja do ponto de vista
dos reflexos gerados pela utilização de navios maiores. Leandro Barreto – Brasil in
“Guia Marítimo”
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