Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Internacional - Contêiner: o Mundo e o Brasil

A estimativa atual do Alphaliner é que o ano de 2015 feche com um crescimento de volume de 0,8% nestes 30 maiores portos, contra estimativas iniciais de 3% a 4%, e que demonstra uma acelerada deterioração do cenário internacional

O Alphaliner, empresa inglesa referência internacional no fornecimento de informações sobre capacidades de navios e serviços porta-contêiner, publicou recentemente uma evolução da demanda por esse tipo de embarcação baseada na movimentação portuária dos 30 maiores portos do mundo e, segundo esse levantamento, o volume movimentando por esses portos (que correspondem por mais da metade da movimentação mundial) encolheu 0,9% no 3o trimestre de 2015, o que significa a primeira redução trimestral do volume de contêiner movimentado desde a crise internacional de 2009.

Esse dado acende uma luz de alerta em toda a cadeia logística envolvida no transporte internacional de contêiner e dimensiona o tamanho do impacto gerado pela desaceleração da economia chinesa associado a ainda fraca retomada da economia europeia. A estimativa atual do Alphaliner é que o ano de 2015 feche com um crescimento de volume de 0,8% nestes 30 maiores portos, contra estimativas iniciais de 3% a 4%, e que demonstra uma acelerada deterioração do cenário internacional.

É interessante notar ainda nessa mesma publicação que, enquanto em alguns dos principais portos do mundo o volume caiu consideravelmente no acumulado até Set/2015, tais como: Singapore (-6,5%), Hong Kong (-8,5%) e Hamburg (-9,2%), em outros grandes portos do mundo o volume cresceu de maneira acentuada, tais como: Ningbo (7,1%), Kelang (10%) e Antwerp (8%). Tudo isso como reflexo direto da necessidade de reorganização dos serviços gerada pela chegada ao mercado dos mega navios que, dada as restrições para operar em vários portos, têm alterado a dinâmica dos Hubports mundo a fora.

Confesso que gostei bastante da análise realizada pelos ingleses e fiquei bastante curioso para “plotar” os dados brasileiros no mesmo formato dos dados a fim de verificar a aderência dos nossos números às tendências internacionais. Utilizei para tanto, dados da movimentação portuária brasileira disponibilizados pela Antaq.


Analisando os gráficos acima é possível perceber que a desaceleração internacional está de fato impactando nossa economia dada a perfeita correlação entre as curvas dos 2 gráficos, contudo, tendo em vista que no acumulado até setembro de 2015 a movimentação portuária no Brasil caiu 0,3% (comparado a um crescimento de 0,8% dos 30 maiores portos do mundo) também é possível afirmar que a nossa situação tem sido agravada pelo do clima de extremo pessimismo vivido atualmente no Brasil em virtude dos equívocos na condução da política econômica nos últimos anos, agora reconhecidos por parte do governo, além do maior esquema de corrupção já tornado pública neste país e que desencadeou uma convulsão na base de apoio do governo no congresso.

Também no comparativo do crescimento acumulado por porto é possível notar grandes oscilações na performance dos 10 maiores portos brasileiros, sendo que Santos (5,3%) e Itapoá (19,6%), com as recentes inaugurações de novos terminais de contêiner, reportaram as mais importantes variações positivas e Itajaí/Navegantes e Rio de Janeiro, com sérias restrições de acesso marítimo, as mais importantes variações negativas. Vale dizer que, assim como no cenário internacional, as oscilações observadas ao longo da costa brasileira também estão de alguma maneira relacionadas com a reorganização dos serviços provocada pela chegada de navios maiores em nossa costa.


Em outras palavras, em um mundo globalizado, o que acontece nos demais países invariavelmente nos impactará por aqui, seja do ponto de vista econômico, seja do ponto de vista dos reflexos gerados pela utilização de navios maiores. Leandro Barreto – Brasil in “Guia Marítimo”


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