SÃO PAULO – Apesar da crise
global e das consequências de uma orientação equivocada que, a partir de 2003,
passou a misturar política com comércio exterior, prejudicando a colocação de
produtos manufaturados nos EUA, o maior mercado do planeta, o porto de Santos
continua a bater recordes: em 12 anos, praticamente, dobrou sua movimentação de
cargas, em função da exportação de commodities,
especialmente soja (grãos e farelo), açúcar, milho, álcool e café em grãos. Se
não tivesse havido tamanha retração nas vendas de manufaturados e o parque
industrial brasileiro continuasse a produzir em ritmo crescente ou ao menos nos
níveis anteriores, o País hoje não estaria mergulhado em recessão. Pelo
contrário. Seria um oásis que atrairia investimentos do mundo inteiro.
Nesse quadro, o porto de
Santos, com certeza, estaria a enfrentar maiores problemas em sua logística em
razão de sua infraestrutura deficiente, pois a movimentação de cargas seria
ainda maior, mas, convenhamos, é melhor suportar as dores do crescimento do que
conviver com facilidades no escoamento trazidas por um período recessivo em que
pouco se vende e pouco se compra.
Seja como for, os números de
2015 divulgados pela Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp)
apresentaram desempenho acima do esperado, com 119,9 milhões de toneladas
passando pelo complexo santista, um aumento de 100% em relação a 2003, quando
foram movimentadas 60,1 milhões de toneladas. A marca alcançada é 7,9% superior
em comparação com 2014, quando saíram e entraram 111,1 milhões de toneladas
pelos terminais santistas.
Obviamente, as commodities foram responsáveis por esse
crescimento, o que significa que, nos últimos anos, o País, em vez de se
afirmar como nação industrializada, voltou ao estágio de exportadora de
matérias-primas, tal como era nos séculos 18 e 19. O açúcar, que sai em
contêineres, em sacas e solto, foi a carga mais movimentada, atingindo 18,1
milhões de toneladas, marca 5,3% superior à de 2014. Os principais mercados
foram China, Bangladesh e Índia.
Os embarques de soja chegaram
a 17,7 milhões de toneladas, crescendo 7,9% em relação ao ano anterior, com
vendas principalmente para a China, Tailândia e Coreia do Sul. Café em grãos
registrou crescimento de 6,3%, atingindo a marca de 1,6 milhão de toneladas,
seguindo para EUA, Alemanha e Itália. Essas três foram as cargas mais
movimentadas em valor. O crescimento mais significativo, porém, foi o do milho,
que registrou aumento de 76%: 15,7 milhões de toneladas contra 8,9 milhões em
2014.
Em contrapartida, as importações
registraram queda de 6,4%: 32,2 milhões de toneladas desembarcadas em 2015
contra 34,5 milhões em 2014. No total, segundo dados do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a participação do porto
de Santos no comércio internacional do País foi de 27,3%, com US$ 99 bilhões.
Em 2014, essa participação foi menor (25,6%), mas o volume de vendas maior (US$
116,1 bilhões). Milton Lourenço – Brasil
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Milton Lourenço é presidente
da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de
Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e
da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e
Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.
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