SÃO PAULO – Apesar de algumas
considerações negativas que fazem a respeito do futuro do País, o Brasil é uma
das poucas nações que podem crescer tanto como exportadora de manufaturados
como de commodities. Um exemplo disso
é que, mesmo com a crise que instalou nos últimos anos, o País registrou
aumento na participação de manufaturados no volume exportado, que passou de
35,6% em 2014 para 38,1% em 2015.
Com isso, foi retomado o nível
de 2013, quando essa participação chegou a 38,4%, embora esse índice ainda
esteja longe dos 55% alcançados em 2007. Desde então, as commodities – minérios, soja, milho e trigo à frente – avançaram
bastante, mas isso não significa o pior dos mundos para o País. Pelo contrário.
É verdade que a desaceleração econômica na China tem provocado quedas nas
cotações, mas tudo indica que essa é uma fase passageira.
Até porque a demanda chinesa é
inesgotável, pois se trata de um país que, embora tenha dimensões continentais,
dispõe de apenas 11% de seu território como arável e recursos hídricos
limitados, além de enfrentar problemas provocados por industrialização
acelerada, que têm levado a poluição a níveis alarmantes.
Isso significa que o sonho
chinês de autossuficiência é, praticamente, inatingível. Por outro lado, o
Brasil, a exemplo de outros países provedores como Estados Unidos, Austrália,
Nova Zelândia, Canadá, Indonésia, Malásia e Argentina, oferece uma economia
comprovadamente completar à chinesa. Ou seja, tudo indica que o agronegócio
brasileiro, que hoje responde por 22,5% do Produto Interno Bruto (PIB) e por
43% das exportações, terá vida longa.
É preciso, porém, que o
governo faça a sua parte não só estimulando os produtores rurais como
melhorando o sistema logístico em direção ao Norte, com a conclusão das obras
da BR-163, que liga Cuiabá a Santarém, e a construção da TO-500, que passa por
dentro da Ilha do Bananal, ligando Mato Grosso a Tocantins, e da Ferrovia
Transoceânica, que terá 5,3 mil quilômetros, dos quais 2,9 mil em território
nacional, ligando o Litoral Norte do Rio de Janeiro à malha ferroviária do
Peru.
Com isso, será possível,
segundo cálculos dos produtores, reduzir para US$ 30 o preço da tonelada de
grãos exportados para a Ásia, o que justifica a participação chinesa na
construção daquela ferrovia. Diante disso, é com otimismo que se vê o futuro do
País, pois, com a venda de produtos manufaturados para o exterior em
crescimento, será possível também reverter a atual tendência de queda nas
importações de bens de capital, que abrangem máquinas e equipamentos essenciais
à expansão industrial. Ou seja, em pouco tempo, será possível reverter o atual
quadro de pessimismo. Milton Lourenço –
Brasil
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