No começo do ano, o porto de
Imbituba, ao Sul de Santa Catarina, renovou o desconto de 50% nas tarifas para
as atividades relacionadas à movimentação de contêineres. Ao anunciar a medida,
a administração do porto destacou que fazia aquilo em função do crescimento
apresentado pelo complexo nos últimos anos. Afinal, em 2014, o porto teve um
crescimento de 214,4% no volume de contêineres em relação a 2013, que já havia
registrado aumento de 185,9%.
Com a redução das tarifas, a
administração anunciou também a ampliação da capacidade do porto para receber
os maiores navios que frequentam a costa brasileira. Localizado em enseada de
mar aberto, o porto está em condições de receber cargueiros com até 333,2
metros de comprimento. Para se ter uma ideia, o CMA CGM Tigris, o maior porta-contêineres que já passou pela costa
do País, atracando em Santos e Itajaí, tem quase 300 metros de comprimento e
capacidade para 10.622 TEUs (medida equivalente a um contêiner de 20 pés). Com
as obras de dragagem concluídas em 2014, o porto passou a oferecer calado de 17
metros nos acessos e 15 metros nos berços.
Se a administração de Imbituba
entendeu de manter o desconto de 50%, nada indicava que as tarifas estivessem
defasadas. Afinal, qual o comerciante que oferece desconto se já está com o
preço de seu produto ou serviço lá embaixo? Por isso, soa estranho que tenha
sido exatamente esse porto aquele que foi autorizado pela Agência Nacional de
Transportes Aquaviários (Antaq) a adicionar o maior índice de reajuste em suas
tarifas (39%), superior até mesmo aos permitidos aos portos de Porto Alegre
(33,2%), Recife (32,9%) e Santos (31,7%). Quer dizer, com tamanho reajuste, o
desconto, praticamente, desapareceu.
Obviamente, nada disso
compromete a atuação do porto de Imbituba, cujo terminal de contêineres desde
2008 está sob administração da Santos Brasil. Esse terminal alcançou a marca de
77,91 movimentos por hora (MPH) na operação de uma única embarcação, o que é
considerado um alto índice de eficiência. Com isso, consegue oferecer operações
modernas e ágeis aos clientes – armadores, importadores, exportadores e
empresas embarcadoras –, proporcionando maior competitividade.
Com o reajuste desmedido,
porém, os ganhos de produtividade ficam comprometidos. Tudo isso é de se
lamentar porque Imbituba, por sua localização, é um dos poucos portos
brasileiros que apresentam condições de receber cargueiros um pouco maiores que
deverão descer para o Hemisfério Sul depois da conclusão das obras do Canal do
Panamá. Adelto Gonçalves – Brasil
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Adelto Gonçalves, jornalista
especializado em comércio exterior, é doutor em Letras pela Universidade de São
Paulo (USP) e autor de Direito e Justiça em Terras d´El-Rei na São Paulo
Colonial (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2015), entre outros. E-mail:
marilizadelto@uol.com.br
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