Adelto Gonçalves |
Indicado com quatro anos de
atraso, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando
Monteiro, tem feito o que pode para que as exportações e importações voltem a
funcionar como indutoras da retomada do crescimento econômico. Como se sabe, o
País, até dezembro de 2014, viveu 12 anos de uma política externa inconsequente
que tentou encontrar alternativas para uma possível dependência econômica em
relação aos Estados Unidos.
O resultado foi um desastre
na corrente de comércio entre os dois países, como mostram os números do
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC): em 2002, o
Brasil importou dos EUA US$ 10,2 bilhões FOB e exportou US$ 15,3 bilhões FOB.
Em 2014, o País importou US$ 35 bilhões FOB e exportou US$ 27 bilhões FOB. Ou
seja, de superavitária em US$ 5,1 bilhões em 2002, a corrente de comércio
tornou-se deficitária em US$ 8 bilhões em 2014.
Em 2015, segue na mesma
toada, ainda que em menor intensidade: até julho, o Brasil importou US$ 16,5
bilhões e exportou US$ 14,1 bilhões, registrando um déficit de US$ 2,4 bilhões.
Maior mercado consumidor do planeta, com um Produto Interno Bruto (PIB) de US$
17,7 trilhões em 2014, o normal é que os Estados Unidos sempre comprem mais do
que vendam para os seus parceiros. Com essa situação deficitária na corrente de
comércio, mais parece que o Brasil é o país desenvolvido e os Estados Unidos, a
nação emergente.
É para corrigir essa
distorção que, desde que assumiu, o ministro Armando Monteiro tem se empenhado
em buscar uma reaproximação com os Estados Unidos, procurando aumentar as
exportações para aquele país. Desde já, porém, as dificuldades são muitas, pois
não adiantam apenas manifestações de boa-vontade. Sobrecarregadas de custos, as
indústrias brasileiras, na maior parte, perderam o poder de competição. Ainda
que a depreciação cambial tenha trazido algum apoio à competitividade dos
produtos nacionais, até agora os benefícios da desvalorização do real tem
produzido benefícios pouco visíveis. É de se ressaltar que o saldo comercial só
tem ficado positivo porque as importações caíram 19,5% até agora, enquanto as
exportações diminuíram 15,5%.
Além de acertar a ampliação
de seu acordo comercial com o México, o Brasil, finalmente, parece perto de
concluir um tratado entre Mercosul e União Europeia, que inclui o aumento do
intercâmbio com a Alemanha e um grande plano de concessão e investimento em
logística que prevê grande presença de empresas belgas. Como as exportações de commodities de minério e produtos
agrícolas para a China estão em fase de desaceleração, só resta buscar
alternativas. O que se espera é que os possíveis desdobramentos da crise
política que atinge o governo não sejam suficientes para jogar por terra todo
esse esforço do MDIC. Adelto Gonçalves -
Brasil
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Adelto Gonçalves, jornalista
especializado em comércio exterior, é doutor em Letras pela Universidade de São
Paulo (USP) e autor de Direito e Justiça em Terras d´El-Rei na São Paulo
Colonial (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2015), entre outros. E-mail:
marilizadelto@uol.com.br
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