Evolução do comércio
internacional de mercadorias de Moçambique
A informação utilizada neste texto,
quando de fonte moçambicana, tem origem em publicações do Instituto Nacional de
Estatística do país, designadamente “Anuário
Estatístico”, para os anos de 2010 a 2013, e “Moçambique em Números”, para 2014.
Os valores, disponibilizados em US$,
foram convertidos a Euros, às taxas médias anuais, para maior facilidade de
comparação com os dados nacionais portugueses.
Em termos de produtos
transaccionados, porque a nomenclatura utilizada nessas publicações não é o Sistema
Harmonizado (SH), em que assenta a Nomenclatura Combinada (NC) em uso na União
Europeia, recorreu-se a estatísticas do “International
Trade Centre” (ITC), apesar de divergências mais ou menos significativas, construídas
a partir de cálculos por sua vez baseados em estatísticas “Comtrade”, da ONU.
Balança
Comercial de mercadorias de Moçambique
A Balança Comercial de Moçambique é
deficitária, com graus de cobertura das importações pelas exportações
inferiores a 50% nos últimos três anos. As exportações cresceram sucessivamente
entre 2010 e 2014, comportamento verificado também pelas importações excepto no
último destes anos.
Principais mercados de origem e de destino das trocas moçambicanas
Em 2014, o principal mercado de
origem das importações moçambicanas de mercadorias, de acordo com
estatísticas do INE do país, foi a África do Sul (32,7% do total). Portugal
ocupou a 6ª posição (4,8%), precedido dos Emiratos Árabes Unidos (8,5%), China
(6,4%), Singapura (6,2%) e Bahrain (5,6%).
Por sua vez, os principais mercados de destino
das exportações foram os Países Baixos (28,6%), a África do Sul (22,4%) e a
Índia (16,9%). Portugal ocupou aqui também a 6ª posição, com uma quota idêntica
à da China (2,6%).
Importações moçambicanas por grupos de produtos (2014)
Numa análise das importações
moçambicanas por grupos de produtos, verifica-se que em 2014 os principais
foram “Máquinas” (21,0%), com
destaque para os aparelhos telefónicos e máquinas para obras públicas, “Energéticos” (19,5%), principalmente
produtos refinados do petróleo, mas também electricidade e gás, “Minérios e metais” (15,6%), com
predomínio do alumínio em bruto, seguido das construções, estruturas e barras
de ferro ou aço, “Agro-alimentares” (12,8%),
com destaque para os cereias, seguidos dos óleos alimentares, vinhos e outras
bebidas alcoólicas, peixe, carne e tabaco, entre muitos outros, “Material de transporte” (11,2%),
principalmente veículos para o transporte de mercadorias, automóveis de
passageiros, tractores e partes e peças de veículos automóveis, e “Químicos”, onde se destacam os
plásticos e suas obras, os medicamentos, os pneus novos e outros produtos da
borracha e os fertilizantes (10,1%).
No mesmo ano, os maiores ritmos de
crescimento, em termos homólogos, incidiram nos grupos “Máquinas” (+27,1%), “Peles,
couros e têxteis” (+20,2%), “Madeira,
cortiça e papel” (+18,6%), “Vestuário
e calçado” (+17,5%), “Minérios e
metais” (+16,4%) e “Químicos”
(+14,5%). Decresceram significativamente as importações dos grupos “Energéticos” (-42,6%) e “Produtos acabados diversos” (-71,1%).
Exportações moçambicanas por grupos de produtos (2014)
Em 2014 as principais exportações incidiran nos grupos de
produtos “Minérios e metais” (36,9%, com
destaque para as barras e perfis de alumínio e também alumínio em bruto,
titânio e zicórnio, bem como pedras preciosas e semipreciosas, “Energéticos” (30,0%), principalmente
gás, carvão, energia eléctrica e alguns produtos refinados de petróleo, “Agro-alimentares” (15,1%), muito
diversificados, como tabaco, crustáceos, legumes, frutas produtos hortícolas e
oleginosas, entre outros, e “Químicos”
(10,2%), com destaque para o carvão activado.
Os maiores ritmos de crescimento em
2014, em termos homólogos, incidiram nos grupos “Químicos” (+592,5%), “Madeira,
cortiça e papel” (+127,6%) e “Vestuário
e calçado” (+53,7%). Por sua vez os maiores ritmos de decréscimo ocorreram
nos grupos “Material de transporte”
(-80,5%), “Produtos acabados diversos”
(-69,7%) e “Máquinas” (-53,4%).
Balança Comercial de Portugal com Moçambique
São acentuadas as diferenças entre
os valores de importação e de exportação constantes da base de dados do INE de
Portugal e do correspondente organismo de Moçambique, sendo certo que estes
foram aqui objecto de conversões de dólares em Euros, Cif/Fob e Fob/Cif, o que
de algum modo, em função dos factores de conversão utilizados, poderá contribuir
para uma parte do desfasamento.
De acordo com os dados veiculados
pelo organismo estatístico português, a balança comercial de mercadorias de
Portugal com Moçambique foi favorável a Portugal ao longo dos últimos cinco
anos e primeiro semestre de 2015, com elevados graus de cobertura das
importações pelas exportações.
É patente uma grande irregularidade
na evolução das importações. Por sua vez as exportações, que cresceram
sustentadamente entre 2010 a 2013, registaram em 2014 uma pequena quebra (-2,8%),
para voltarem a crescer no 1º semestre de 2015 face ao homólogo do ano anterior
(+21,1%).
Importações portuguesas com origem em Moçambique por grupos
de produtos
Mais de 90% das importações
nacionais com origem em Moçambique reportam-se ao grupo de produtos “Agro-alimentares”, com destaque para o
peixe, crustáceos e moluscos e tabaco. Entre os restantes produtos agro-alimentares
salienta-se, em 2013 e 2014, o açúcar. Segue-se o grupo das “Peles, couros e têxteis”, com
predomínio dos têxteis, essencialmente algodão e fios de fibras têxteis.
Exportações portuguesas para Moçambique por grupos de
produtos
As exportações portuguesas para Moçambique,
muito diversificadas, que em 2014 haviam decrescido em termos homólogos -2,8%, registaram
no primeiro semestre de 2015 um aumento de +21,1%. À excepção dos grupos de
produtos “Material de transporte” e “Produtos acabados diversos”, em todos
os restantes oito grupos se verificaram incrementos.
Em 2014 e 1º semestre de 2015, os
grupos de produtos dominantes foram: “Máquinas”,
“Minérios e metais”, “Químicos”, “Produtos acabados diversos” e “Agro-alimentares”.
No 1º semestre de 2015 o grupo “Energéticos”, que em 2014 ocupara a
última posição no “ranking”, subiu
quatro níveis, precedendo os grupos “Madeira,
cortiça e papel”, “Material de
transporte” e “Vestuário e calçado”. Walter Anatole Marques - Portugal
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