Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Moçambique - Evolução do comércio internacional e análise com Portugal

Evolução do comércio internacional de mercadorias de Moçambique

A informação utilizada neste texto, quando de fonte moçambicana, tem origem em publicações do Instituto Nacional de Estatística do país, designadamente “Anuário Estatístico”, para os anos de 2010 a 2013, e “Moçambique em Números”, para 2014.

Os valores, disponibilizados em US$, foram convertidos a Euros, às taxas médias anuais, para maior facilidade de comparação com os dados nacionais portugueses.

Em termos de produtos transaccionados, porque a nomenclatura utilizada nessas publicações não é o Sistema Harmonizado (SH), em que assenta a Nomenclatura Combinada (NC) em uso na União Europeia, recorreu-se a estatísticas do “International Trade Centre” (ITC), apesar de divergências mais ou menos significativas, construídas a partir de cálculos por sua vez baseados em estatísticas “Comtrade”, da ONU.

Balança Comercial de mercadorias de Moçambique

A Balança Comercial de Moçambique é deficitária, com graus de cobertura das importações pelas exportações inferiores a 50% nos últimos três anos. As exportações cresceram sucessivamente entre 2010 e 2014, comportamento verificado também pelas importações excepto no último destes anos.



Principais mercados de origem e de destino das trocas moçambicanas

Em 2014, o principal mercado de origem das importações moçambicanas de mercadorias, de acordo com estatísticas do INE do país, foi a África do Sul (32,7% do total). Portugal ocupou a 6ª posição (4,8%), precedido dos Emiratos Árabes Unidos (8,5%), China (6,4%), Singapura (6,2%) e Bahrain (5,6%).



Por sua vez, os principais mercados de destino das exportações foram os Países Baixos (28,6%), a África do Sul (22,4%) e a Índia (16,9%). Portugal ocupou aqui também a 6ª posição, com uma quota idêntica à da China (2,6%).



Importações moçambicanas por grupos de produtos (2014)

Numa análise das importações moçambicanas por grupos de produtos, verifica-se que em 2014 os principais foram “Máquinas” (21,0%), com destaque para os aparelhos telefónicos e máquinas para obras públicas, “Energéticos” (19,5%), principalmente produtos refinados do petróleo, mas também electricidade e gás, “Minérios e metais” (15,6%), com predomínio do alumínio em bruto, seguido das construções, estruturas e barras de ferro ou aço, “Agro-alimentares” (12,8%), com destaque para os cereias, seguidos dos óleos alimentares, vinhos e outras bebidas alcoólicas, peixe, carne e tabaco, entre muitos outros, “Material de transporte” (11,2%), principalmente veículos para o transporte de mercadorias, automóveis de passageiros, tractores e partes e peças de veículos automóveis, e “Químicos”, onde se destacam os plásticos e suas obras, os medicamentos, os pneus novos e outros produtos da borracha e os fertilizantes (10,1%).

No mesmo ano, os maiores ritmos de crescimento, em termos homólogos, incidiram nos grupos “Máquinas” (+27,1%), “Peles, couros e têxteis” (+20,2%), “Madeira, cortiça e papel” (+18,6%), “Vestuário e calçado” (+17,5%), “Minérios e metais” (+16,4%) e “Químicos” (+14,5%). Decresceram significativamente as importações dos grupos “Energéticos” (-42,6%) e “Produtos acabados diversos” (-71,1%).




Exportações moçambicanas por grupos de produtos (2014)

Em 2014 as principais exportações incidiran nos grupos de produtos “Minérios e metais” (36,9%, com destaque para as barras e perfis de alumínio e também alumínio em bruto, titânio e zicórnio, bem como pedras preciosas e semipreciosas, “Energéticos” (30,0%), principalmente gás, carvão, energia eléctrica e alguns produtos refinados de petróleo, “Agro-alimentares” (15,1%), muito diversificados, como tabaco, crustáceos, legumes, frutas produtos hortícolas e oleginosas, entre outros, e “Químicos” (10,2%), com destaque para o carvão activado.



Os maiores ritmos de crescimento em 2014, em termos homólogos, incidiram nos grupos “Químicos” (+592,5%), “Madeira, cortiça e papel” (+127,6%) e “Vestuário e calçado” (+53,7%). Por sua vez os maiores ritmos de decréscimo ocorreram nos grupos “Material de transporte” (-80,5%), “Produtos acabados diversos” (-69,7%) e “Máquinas” (-53,4%).

Balança Comercial de Portugal com Moçambique

São acentuadas as diferenças entre os valores de importação e de exportação constantes da base de dados do INE de Portugal e do correspondente organismo de Moçambique, sendo certo que estes foram aqui objecto de conversões de dólares em Euros, Cif/Fob e Fob/Cif, o que de algum modo, em função dos factores de conversão utilizados, poderá contribuir para uma parte do desfasamento.

De acordo com os dados veiculados pelo organismo estatístico português, a balança comercial de mercadorias de Portugal com Moçambique foi favorável a Portugal ao longo dos últimos cinco anos e primeiro semestre de 2015, com elevados graus de cobertura das importações pelas exportações.



É patente uma grande irregularidade na evolução das importações. Por sua vez as exportações, que cresceram sustentadamente entre 2010 a 2013, registaram em 2014 uma pequena quebra (-2,8%), para voltarem a crescer no 1º semestre de 2015 face ao homólogo do ano anterior (+21,1%).

Importações portuguesas com origem em Moçambique por grupos de produtos

Mais de 90% das importações nacionais com origem em Moçambique reportam-se ao grupo de produtos “Agro-alimentares”, com destaque para o peixe, crustáceos e moluscos e tabaco. Entre os restantes produtos agro-alimentares salienta-se, em 2013 e 2014, o açúcar. Segue-se o grupo das “Peles, couros e têxteis”, com predomínio dos têxteis, essencialmente algodão e fios de fibras têxteis.

Exportações portuguesas para Moçambique por grupos de produtos

As exportações portuguesas para Moçambique, muito diversificadas, que em 2014 haviam decrescido em termos homólogos -2,8%, registaram no primeiro semestre de 2015 um aumento de +21,1%. À excepção dos grupos de produtos “Material de transporte” e “Produtos acabados diversos”, em todos os restantes oito grupos se verificaram incrementos.

Em 2014 e 1º semestre de 2015, os grupos de produtos dominantes foram: “Máquinas”, “Minérios e metais”, “Químicos”, “Produtos acabados diversos” e “Agro-alimentares”.

No 1º semestre de 2015 o grupo “Energéticos”, que em 2014 ocupara a última posição no “ranking”, subiu quatro níveis, precedendo os grupos “Madeira, cortiça e papel”, “Material de transporte” e “Vestuário e calçado”. Walter Anatole Marques - Portugal






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