Bastonário
da Ordem dos Engenheiros prevê que custo inicial das dragagens ascenda a 160
milhões.
As dragagens de manutenção
para manter operacional um terminal de contentores no Barreiro deverão exigir
um custo de cerca de 48 milhões de euros por ano, todos os anos, disse ao
Diário Económico, Carlos Matias Ramos, bastonário da Ordem dos Engenheiros.
"Estas conclusões, baseadas em observações de campo numa matéria complexa
do ponto de vista técnico, demonstram que a opção do Barreiro para este
terminal é completamente inviável do ponto de vista financeiro", alertou
aquele responsável. Após um estudo em que contou com a colaboração dos
engenheiros José Cerejeira e Pedro Figueira, assentes nas medições das
dragagens da base naval do Alfeite, Carlos Matias Ramos chegou à conclusão que
a opção por um terminal de contentores no Barreiro - a alternativa encontrada
pelo Governo após a oposição à primeira escolha da Trafaria - iria exigir um
investimento de 160 milhões de euros iniciais.
Aparentemente, de acordo com
as declarações públicas sobre o assunto proferidas por Sérgio Silva Monteiro,
secretário de Estado das Infra-estruturas, este investimento de desassoreamento
inicial estaria a cargo do investidor privado que ganhar o concurso público a
lançar para atribuição da respectiva concessão do terminal de contentores.
De acordo com Carlos Matias
Ramos, "para permitir a navegação de navios com calados [fundos] de 14 a
14,5 metros, tem de se escavar um canal com 16 metros de profundidade; mas,
naquele local, tal como no Alfeite, porque estamos a falar de lodos submarinos
e não de areias, se quero ter o canal e as bacias de manobra e de acostagem a
funcionar ao final de um ano, temos de escavar mais abaixo, temos de afundar
até à cota de profundidade de 16 e de 21 metros, respectivamente".
Tendo em conta a
especificidade da sedimentação dos lodos submarinos naquela zona do estuário do
Tejo, o bastonário da Ordem dos Engenheiros calcula que manter a
infra-estrutura operacional para navios desta dimensão, com capacidade para
oito mil TEUS (medida-padrão para contentores com 20 pés de comprimento),
deverá exigir um investimento anual de 48 milhões de euros anuais. Segundo
Sérgio Silva Monteiro, deverão ser as taxas cobradas ao concessionário que irão
pagar este investimento, saindo dos cofres públicos, neste caso da
Administração do Porto de Lisboa, o que estreita em muito as perspectivas de
viabilidade financeira do projecto (ver caixa). Isto sem contabilizar a
eventualidade de grande parte destes sedimentos estarem contaminados: se forem
encontrados materiais provenientes das dragagens na escala tóxica máxima (nível
5), Carlos Matias Ramos estima que os custos "possam quintuplicar ou
sextuplicar".
O bastonário da Ordem dos
Engenheiros avisa ainda que é preciso saber onde vai ser depositado todo o
material proveniente das dragagens, de dimensões impressivas. Está prevista a
remoção de 27 milhões de metros cúbicos de material na dragagem inicial, e mais
oito milhões de metros cúbicos em cada dragagem anual, quando o material
previsto para o aterro para construção do próprio terminal de contentores exige
um volume de apenas cinco milhões de metros cúbicos.
"Não há nenhuma
preferência por nenhum terminal, por nenhum porto. A preferência da Ordem é
pela transparência e pela clareza. Existe aqui o risco de criar uma situação
análoga à de certas PPP. Segundo as estimativas da APL, os custos de dragagem
de manutenção no Barreiro seriam de cerca de um milhão de euros por ano. Se não
acautelarmos, os interesses públicos, o futuro concessionário poderá reclamar o
valor da diferença ao Estado a título de indemnização", alerta Carlos Dias
Ramos. Nuno Silva - Portugal In "Diário Económico"
Nota:
Poderá
ler no blogue Baía da Lusofonia vários
artigos e chamadas de atenção sobre o porto do Barreiro que este artigo vem
apenas confirmar.
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