É apresentada esta
quinta-feira, em Lisboa, a Portugal Film, estrutura de promoção e agenciamento
internacional montada pelo IndieLisboa com financiamento do ICA.
“Queremos ser um canal de
descoberta de novos cineastas, um transmissor do que de melhor se faz cá.” É
com estas palavras que Ana Isabel Strindberg define a recém-criada Portugal
Film. Trata-se de uma estrutura de promoção e agenciamento internacional do cinema
português, virada para os festivais, para a exibição e para a distribuição,
financiada através do Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA). A Portugal Film
é apresentada oficialmente esta quinta-feira, ao fim da tarde, na Casa
Independente, em Lisboa, marcando o arranque de um projecto idealizado pela
direcção do festival IndieLisboa que se autonomizou do certame.
“A ideia da agência surge do
desejo de partilhar o bom cinema português,” explica Ana Isabel Strindberg,
programadora de longa data do Indie e uma das responsáveis da nova estrutura.
“Queremos mostrar ao estrangeiro a grande variedade do cinema português, e o
crescimento enorme que tem havido nos últimos anos. Enquanto programadores,
temos contactos privilegiados com os profissionais, e a ideia foi aproveitar
essas sinergias para trabalhar de uma forma muito mais próxima dos realizadores
e produtores, que muitas vezes precisam desse apoio”.
Embora só agora a Portugal
Film tenha ganho existência real, a sua criação resulta de uma ideia que Nuno
Sena, Miguel Valverde e Ana Isabel Strindberg trabalham desde 2009, ano em que
o Indie lançou as Lisbon Screenings. Este programa de projecções
“profissionais”, organizadas pelo festival mas abertas apenas a programadores e
agentes internacionais de visita a Lisboa, passa agora a ser organizado pela
nova agência. A Portugal Film é financiada neste momento a cem por cento pelo
ICA, no âmbito de uma linha de apoio à internacionalização, e é uma estrutura
autónoma independente do IndieLisboa.
A experiência e os contactos
adquiridos ao longo dos anos como programadores do Indie são, para Margarida
Moz, directora da agência, parte do apelo e da aposta. “A nossa ideia é
sistematizar, de modo mais profissional, os contactos que têm sido feitos
através do festival e dar continuidade ao trabalho. Acontece muitas vezes que
os realizadores nos vêm entregar filmes e que os programadores de festivais
internacionais nos pedem conselho sobre o que vale a pena ver... ”
As duas responsáveis
insistem que a Portugal Film não vai apenas representar filmes seleccionados
para o Indie (apesar do seu catálogo vir a incluir a longa-metragem a oito mãos
encomendada pelo festival a Dominga Sotomayor, Marie Losier, Denis Côté e
Gabriel Abrantes), nem se vai centrar no cinema dito de autor.
Margarida Moz: “Quando se
pensa em cinema português, pensa-se muitas vezes sempre nos mesmos
realizadores, que têm lugar cativo nos grandes festivais... Mas esses são os
que menos precisam de [uma estrutura como esta].” Ana Isabel Strindberg: “O lado
comercial também é importante. Não vamos descartar filmes que não tenham
cabimento em festivais, queremos ajudar outros filmes com potencial comercial a
encontrar um distribuidor internacional, ou documentários que possam ter uma
exposição internacional em televisão. A nossa ideia é acompanhar produtores e
realizadores e encontrar um percurso para cada filme, sem nos limitarmos ao
trabalho de actualidade.”
O primeiro título do
catálogo Portugal Film foi a curta de Margarida Rêgo. A Caça-Revoluções, que
passou pela Quinzena dos Realizadores de Cannes no ano passado e foi desde
então apresentada em mais de uma dúzia de certames. Juntam-se-lhe agora a nova
longa da documentarista Catarina Mourão, A Toca do Lobo, que estreará na
próxima semana no festival de Roterdão; e as curtas Despedida, de Tiago
Rosa-Rosso, O Indispensável Treino da Vagueza, de Filipa Reis e João Miller
Guerra, e Outubro Acabou, de Karen Akerman e Miguel Seabra Lopes. Jorge Mourinha – Portugal in "Jornal Público"
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