Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 14 de julho de 2020

Macau - Cinquenta poemas, trinta imagens de António Mil-Homens

Editado pelo Instituto Cultural, o mais recente livro de António Mil-Homens reúne 50 poemas escritos entre 1996 e 2014, acompanhados por 30 imagens produzidas pelo fotógrafo. O autor, que diz encontrar no que escreve semelhanças com a poesia chinesa, tem mais seis livros prontos a editar. Produção “em catadupa”, num tempo de entrega sobretudo à escrita e à pintura



“Poemografia de Macau”, o mais recente livro de António Duarte Mil-Homens, congrega poemas escritos entre 1996 e 2014, nas várias passagens pelo território. O autor, que diz escrever “ao sabor de sentimentos, de acontecimentos”, condensa neste volume, editado pelo Instituto Cultural, 50 poemas e 30 imagens. Prontos a lançar estão mais seis livros de poesia, produção em torrente, num autor que diz encontrar no que escreve “muitas semelhanças” com aquilo que vai “conhecendo da própria poesia chinesa”.

“Aquilo que fui escrevendo foi ao sabor de sentimentos, de acontecimentos, como, aliás, é a origem daquilo que eu escrevo em termos poéticos. A poesia surge como uma possibilidade de condensar estes mesmos sentimentos ou estados de espírito”, descreve António Mil-Homens, que deu por concluído o projecto de “Poemografia de Macau” em 2014. Em 2015, tratou de encaminhar os textos para tradução em chinês e inglês. “Para alargar ao máximo o leque de pessoas que poderiam ler os meus poemas sobre Macau”.

A edição trilingue seria editada, já em 2019, pelo Instituto Cultural. Aos textos, juntou-lhes fotografias. “É ‘Poemografia’ porque achei que talvez fosse interessante e mais atractivo, sob o ponto de vista editorial, ilustrar com fotografia os meus poemas”. O lançamento aconteceu a 11 de Julho, na Casa Garden – onde também tem em exposição a mostra de pintura “Monochrome” -, com apresentação de Carlos Frota.

“São 50 poemas, 30 imagens, imagens minhas de Macau, que fazem a ilustração. Não há correspondência de um poema, uma fotografia. As 30 fotografias têm mais ou menos a ver com 30 dos poemas, mas não igualam o número de poemas”, diz o autor. António Mil-Homens descreve o processo de escrita como algo que se impõe “em catadupa”. “De repente posso ir a andar na rua, posso estar a trabalhar ao computador, já estar até a dormir e, de repente, acordo a meio da noite e sinto esta necessidade imediata de procurar uma folha de papel para transcrever aquilo que está a jorrar. Vem-me a ideia e de repente começo a escrever e os versos saem em catadupa, do primeiro ao último, e já está. Muito raramente faço, ‘a posteriori’, qualquer alteração, é mais frequente ser a nível de pontuação do que propriamente troca de palavras ou eliminação de algum verso”.

Na definição da sua linguagem poética, Mil-Homens fala em “estilo diverso”. “De forma natural e instintiva é influenciada pela envolvência cultural. Eu diria que o estilo destes poemas será um estilo mais chinês do que os outros. Dei comigo a escrever coisas com um cunho mais figurativo do que é habitual, talvez até de uma forma mais simples na terminologia e na própria construção. Olhando para aquilo que eu escrevi, influenciado por Macau, encontro muitas semelhanças com aquilo que vou conhecendo da própria poesia chinesa”.

O autor de “Vida ou morte de uma esperança anunciada”, lançado em 2010, em edição de autor, e “Universália”, editado em 2019 pela Temas Originais, diz escrever sobre aquilo em que embate no quotidiano. “Podem ser sentimentos, estados de espírito, ou pura e simplesmente acontecimentos, cenas do dia-a-dia com que me vou deparando, o passar por determinado local. É o resultado daquilo que os meus sentidos se vão apercebendo, quer em termos visuais quer em termos auditivos”. António Mil-Homens diz ter mais seis livros “prontos a sair e dois em fase de escrita”.  Sílvia Gonçalves – Macau in “Ponto Final”


silviagoncalves.pontofinal@gmail.com

Sem comentários:

Enviar um comentário