Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 29 de julho de 2020

Cambodja – Primeiro-ministro prepara filho para lhe entregar o poder

O primeiro-ministro do Cambodja Hun Sen governa o país há 35 anos e, embora espere ocupar o cargo por pelo menos mais uma década, o líder começou a posicionar o seu filho mais velho, Hun Manet, como o seu sucessor

Hun Manet, um general de três estrelas de 42 anos e vice-comandante-chefe das Forças Armadas, é frequentemente visto em eventos oficiais e nesta semana participou de uma excursão por três províncias, onde presidiu inúmeras cerimónias dos militares, um aliado indispensável no caminho do poder.

O filho do primeiro-ministro, que começa a se destacar na imprensa pró-governamental, foi nomeado no início de Junho como chefe da ala juvenil do Partido Popular do Cambodja (CPP), posição que lhe reserva um lugar entre os 37 membros do Comité Permanente, um órgão-chave na tomada de decisões do país.

Para já, aos 67 anos, o primeiro-ministro Hun Sen diz que pretende manter-se no poder por mais dois mandatos de cinco anos, e rejeita acusações de nepotismo, mantendo que os seus três filhos homens ocupam cargos no governo graças às suas habilitações e experiência‘. Hun Manet é graduado por West Point e doutorado pela Universidade de Bristol, educação ocidental que tem força no país.

“Como pai, tenho que apoiar o meu filho e treiná-lo para que ele seja capaz [para o cargo] ... Mesmo que não possa ser como seu pai, pelo menos deve corresponder ao pai em 80 ou 90 por cento” disse Hun Sen durante um discurso transmitido nas redes sociais, onde enfatizou que os eleitores teriam sempre a última palavra.

65% do eleitorado é formado por jovens

"Tecnicamente, o Cambodja é uma democracia parlamentar, onde a figura do primeiro-ministro não pode ter outro sucessor senão o vencedor de uma eleição geral“, disse Marc Piñol, professor assistente de política da Universidade de Bristol e autor de vários estudos sobre o Cambodja.

“Hun Manet está a emergir como um possível sucessor para o cargo. Está em posição de poder dentro do partido e do Exército ... para já precisa ganhar a confiança do Politburo e das várias facções do CPP e, segundo, conquistar o povo”, referiu.

Juntamente com o filho mais velho de Hun Sen, vários filhos de membros proeminentes do partido também foram promovidos dentro da ala juvenil do partido, vista como um movimento estratégico para abordar a população com menos de 30 anos de idade, que representa 65% do total e a chave para manter o poder.

“Os jovens de hoje não sofreram nem a guerra civil nem o genocídio [perpetrado pelo regime dos Khmers Rouge]. A maioria não viveu os anos mais difíceis após-conflito ou era muito nova, nessa altura. Em parte, isso dá-lhes outra perspectiva política que, em muitos casos, está fora das redes do CPP”, disse Piñol.

Esse voto dos jovens já foi fundamental nas eleições gerais de 2013, nas quais, apesar de Hun Sem se manter no poder, o partido viu sua hegemonia ameaçada pelo CNRP da oposição.

O desafio ao poder foi mantido nas eleições locais de 2017, antes do governo lançar uma campanha de repressão política contra a oposição, resultando na dissolução no mesmo ano do CNRP pelo Supremo Tribunal Federal e na prisão ou fuga para o exílio dos seus lídere. In “Jornal Tribuna de Macau” - Macau

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