Sem
infraestrutura, não há crescimento
A crise
econômica global, que colocou a União Europeia em situação de quase fragmentação
e os EUA na defensiva, não causou tantos estragos no Brasil, ao contrário do
que ocorreu com outros países que estão no mesmo patamar de desenvolvimento que
o brasileiro. Seria, portanto, esta a hora de o País crescer e queimar etapas,
desenvolvendo-se em 10 anos o equivalente ao que exigiria meio século.
Seria... se
não fosse um obstáculo que foi criado pela própria ineficiência dos governos
que se sucederam no Palácio do Planalto pelo menos nos últimos 20 anos.
Independente de sigla partidária, esses governos, acompanhados pelos governos
estaduais, pareceram-se na falta de visão estratégica, deixando que a
infraestrutura – estradas, ferrovias, portos e aeroportos – chegasse ao atual
estágio de saturação que tem sido definido como apagão logístico. E sem
pesados investimentos em infraestrutura não há como crescer e aumentar a
participação do Brasil no comércio exterior, hoje em torno de 1,3% de tudo o
que se vende e compra no planeta.
Basta ver
que as obras que tiveram início em abril para a construção do novo acesso
viário do polo industrial de Cubatão à Via Anchieta começam a sair do papel
exatamente 15 anos depois da largada de uma campanha liderada pelo Centro das
Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) estabelecido naquele município. É muita
demora. Essa obra, cuja entrega está prevista para setembro de 2014, inclui a
duplicação de oito quilômetros da Rodovia Cônego Domênico Rangoni entre o
Viaduto Cosipão e o km 55 da Via Anchieta e um anel viário composto por seis
viadutos. Até lá, preparemo-nos para novos congestionamentos.
Obviamente,
essa obra vai melhorar o movimento naquela área, mas não irá resolver a questão
do acesso ao Porto de Santos. Na verdade, nos últimos anos, nada havia sido
feito na Baixada Santista para facilitar o acesso ao Porto, embora já se
soubesse que o Rodoanel e algumas obras na Rodovia dos Imigrantes iriam
facilitar a chegada de mais caminhões pelo menos até a entrada de Santos. O que
não houve foi o desenvolvimento conjunto de um projeto que pudesse melhorar o acesso
aos terminais e demais instalações do porto santista, com a construção de
marginais e uma nova via de entrada para a cidade de Santos.
É verdade
que obras para desafogar o trânsito na zona portuária já foram executadas, como
a Avenida Perimetral na Margem Direita. Já na Margem Esquerda, em Guarujá, a
obra da Perimetral, que deveria ter sido entregue em janeiro de 2013, não teve
o seu prazo cumprido, mas deverá estar concluída ainda neste primeiro semestre.
Embora 25%
do comércio exterior brasileiro passem pelo Porto de Santos, nunca houve um
planejamento para que o escoamento dos produtos pudesse ser feito sem atropelos
e sem black out. O que causa apreensão é que os terminais da Embraport e
da Brasil Terminal Portuário (BTP) vão entrar em funcionamento em breve,
triplicando a movimentação de cargas no Porto. Eis aqui uma verdade que os
planejadores não levaram em conta: não adianta muito ter capacidade de
movimentação sem acesso fácil aos terminais portuários. Milton Lourenço - Brasil
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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística
Internacional e diretor do Sindicato dos
Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo
(Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de
Cargas e Logística (ACTC). E-mail:
fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br
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