Uma corrida contra o tempo
É de lembrar também que,
até o final do primeiro semestre de 2013, as rodovias Anhanguera, Imigrantes,
Ayrton Senna e também o Rodoanel passarão a contar com 39 quilômetros de novas
faixas, ou seja, serão 16,8 quilômetros de faixas adicionais na Anhanguera, 14
na Imigrantes, 7,6 na Ayrton Senna e um quilômetro no trecho Oeste do Rodoanel,
na pista no sentido da Rodovia dos Bandeirantes, do km 18,3 ao km 19,3, entre
os municípios de Carapicuíba e Osasco.
Todas essas obras são
bem-vindas e, portanto, não há como deixar de reconhecer o esforço do governo
do Estado no sentido de procurar aprimorar a infraestrutura viária. O que se
lamenta é que a Secretaria estadual de Transportes não tenha imaginado que
todas essas obras iriam facilitar a chegada de mais caminhões ao Porto de
Santos, deixando de preparar os acessos viários aos terminais portuários para o
crescimento vertiginoso que está ocorrendo na movimentação de cargas. Agora, o
que há é uma corrida contra o tempo, mas que já se dá por perdida por vários
anos, até que essa nova infraestrutura viária seja construída, especialmente na
entrada da cidade de Santos e na margem esquerda do Porto, em Guarujá.
Também é ilusão imaginar
que uma nova infraestrutura viária constituirá uma solução para a questão do
transporte. Aliás, o modelo de transporte rodoviário adotado pelo País não é
solução, mas um problema que, ao longo dos anos, tende apenas a se agravar. Por
isso, seria recomendável que não só o governo do Estado como a União cuidasse
da implantação de uma nova matriz de transporte, com maior participação da ferrovia
e da hidrovia no carregamento de cargas, tal como ocorre na Europa.
Hoje, segundo dados do
Instituto de Logística e Suplly Chain (Ilos), do Rio de Janeiro, 60% das
mercadorias movimentadas no País seguem por rodovia, enquanto o modal
hidroviário é responsável por 13%. Seria o caso de aumentar a participação do
modal hidroviário para 30% e estimular o uso da ferrovia como opção para que o
sistema rodoviário não fique tão sobrecarregado e não venha em pouco tempo a
registrar novos black outs.
Nada disso é difícil de
prever, já que, segundo números do Departamento Nacional de Trânsito
(Denatran), os caminhões, reboques e semirreboques em São Paulo subiram, em
números redondos, de 165 mil em 2003 para 194 mil em 2013, ou seja, 18%, enquanto
os automóveis, no mesmo período, passaram de 3,2 milhões para 4,8 milhões, ou
seja, 50%.
Em outras palavras: se
não houver um redimensionamento da matriz de transporte, recordes de
congestionamento continuarão a ser batidos. E, sem infraestrutura adequada para
o escoamento das cargas, o crescimento do País continuará a patinar por
anos a fio. Mauro Dias - Brasil
Mauro
Lourenço Dias, engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística
Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e
Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br
Sem comentários:
Enviar um comentário