A
esquecida Ziguinchor, fundada pelo português Gonçalo Gamboa Ayala no ano de
1645 na margem do rio Casamansa, capital da região que tem o mesmo nome do rio
que a atravessa, encravada entre a Gâmbia e a Guiné Bissau, continua longe do mundo.
A
esquecida Ziguinchor só foi notícia no século XXI, devido à tragédia que a
sobressaltou na madrugada de 27 de Setembro de 2002, quando recebeu a notícia
do afundamento na véspera do navio “Le Joola” quando navegava rumo a Dakar,
numa noite de tempestade, não com os 550 passageiros que era a lotação máxima,
mas com cerca de dois mil e duzentos passageiros, embora o número oficial de
mortos ficasse nos 1863 a juntar aos 64 sobreviventes.
A
esquecida Ziguinchor naquela noite, ao largo da costa da Gâmbia, perdeu mais de
quatrocentos jovens filhos, que se dirigiam a Dakar para mais um início de um
ano escolar, além de mulheres e homens que por uma mão cheia de razões se
deslocavam a Dakar, ficando muito mais pobre a esquecida Ziguinchor.
Este
acidente marítimo é o segundo com maior números de vítimas até hoje, sendo
apenas ultrapassado pela tragédia do MV Doña Paz que nos mares das Filipinas,
ultrapassou as quatro mil vítimas. Segundo testemunhas que viram partir o “Le
Joola” do cais de Ziguinchor o navio já partiu adornado, devido ao excesso de
passageiros e cargas que levava.
A
esquecida Ziguinchor esperou três anos para ver um novo um cais, construído e
financiado pela Agência Francesa de Desenvolvimento e o reatamento das
carreiras entre as duas capitais, através do navio “Le Willis” que navega
durante 19 horas no sentido da esquecida Ziguinchor e 14 horas no sentido
inverso, para percorrer uma distância de 324 km, dos quais 50 km são no rio
Casamansa. Quem se queira ligar ao mundo, obrigatoriamente tem que se deslocar
a Dakar, mas para tal acontecer, por via marítima, só consegue viagem duas
vezes por semana.
A
esquecida Ziguinchor foi recordada em Agosto de 2011, quando viu aterrar na
pista do seu aeroporto o “Marsassoum” um avião da Senegal Airlines, um aparelho
ATR-42 500, com uma capacidade para 46 passageiros. Nesse dia foi festa em
Ziguinchor, a esperança levada pelo Ministro de Estado e dos Transportes Aéreos
do Senegal Karim Wade e pelo Director-geral da Senegal Airlines Edgardo Badiali,
augurava na altura novos tempos para a esquecida Ziguinchor, naquele dia que
começou chuvoso de Agosto de 2011.
Mas
a Casamansa continua triste, sem expectativas para um futuro melhor, em que
possa decidir o seu destino, a esperança de uma melhor aproximação ao mundo,
foi-se desvanecendo, pois o monopólio da Senegal Airlines, não permite que a janela
que se entreabrira num dia de Agosto de 2011 floresça no quotidiano dos
casamanceses. Ziguinchor prossegue esquecida a aguardar os aviões que faltam no
seu aeroporto, por inoperância da Senegal Airlines que tanto prometeu pelo seu
responsável Edgardo Badiali, mas o caminho que está sempre de serviço, é a
estrada que atravessa a Gâmbia, através de um aluguer de táxi, permite aos
casamanceses chegar a outras latitudes, seja
Lisboa, Paris ou um outro destino. Baía
da Lusofonia
Sem comentários:
Enviar um comentário