Apenas
1,7 milhões de trabalhadores estão abrangidos pela Segurança Social, segundo
informação avançada pela ministra da Acção Social Família e Promoção da Mulher,
Victória da Conceição que assumiu que o número "é muito inferior à
dimensão real da força de trabalho existente no País, estimado na ordem dos 7,5
milhões".
Victória da Conceição afirmou
que "apesar da obrigatoriedade legal de inscrição e vinculação dos
trabalhadores por conta de outrem, por contra própria, do serviço doméstico e
do clero religioso, ainda há uma "parte considerável" da população
activa por cobrir pela Segurança Social".
A governante, que falava na
abertura do seminário "Regimes de Protecção Social", referiu que
"as estatísticas da Segurança Social mostram que 99% dos segurados estão
vinculados ao regime dos trabalhadores por conta de outrem, lembrando que,
nestes, estão incluídos os funcionários públicos, e apenas 1% se distribui
pelos restantes regimes especiais de protecção social obrigatória".
"É por isso necessário
alargar a cobertura do sistema de protecção social obrigatória aos trabalhadores
agrícolas de pequena produção, das pescas, por conta própria, com frágil
capacidade contributiva, as domésticas e empregadores urbanos das
microempresas", explicou a ministra, reforçando que "é necessária
inovação administrativa para assegurar a diversificação da economia".
"Além da necessidade de
se expandir o sistema de protecção social obrigatório a novos grupos
profissionais, é fundamental que se assegure também que as entidades
empregadoras e os trabalhadores destes regimes especiais contribuam regularmente
para o sistema", explicou.
Empresas
incumpridoras da segurança social arriscam punição
O secretário de Estado do
Trabalho e Segurança Social, Manuel Moreira, avisou, no mesmo seminário, que as
empresas que não cumpram com os pagamentos à Segurança Social, pondo em risco o
futuro do trabalhador, poderão ser punidas por lei.
Referindo que o agravamento da
situação económica produziu uma diminuição do cumprimento das obrigações dos
contribuintes e, simultâneamente, o aumento do risco de fraude e evasão,
informou que o Executivo vai aprovar, em breve, dois projectos de diploma legal
- um que estabelece o regime jurídico de vinculação e de contribuição da
protecção social obrigatória e outro sobre o regime jurídico de regulamentação
e cobrança de divida à Protecção Social Obrigatória.
"O Executivo pretende
colmatar o vazio existente no ordenamento jurídico relativamente ao modo do
incumprimento das contribuições, juros de mora e das multas, com vista a
garantir os recursos financeiros necessários para o pagamento das prestações
futuras aos segurados inscritos no sistema".
E em Março, o NJOnline, dava
conta, numa reportagem, de que, em Angola há centenas de empresas que não
garantem a reforma dos seus trabalhadores, apesar de lhes deduzirem os respectivos
descontos nos ordenados mensalmente.
As pessoas vêem-se, assim, no
fim de uma vida de trabalho, com uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma.
In “Novo Jornal” - Angola
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