O
Campo Hidrotermal Luso, descoberto dia 16 de junho na ilha do Faial pela equipa
científica da expedição organizada pela Fundação Oceano Azul em parceria com a
Waitt Foundation e a National Geographic Pristine Seas, voltou a ser visitado
por investigadores este mês para um estudo mais aprofundado
Localizado a 570 metros de
profundidade, no monte submarino Gigante, a 60 milhas da ilha do Faial, o novo
Campo Hidrotermal Luso é uma zona de elevada riqueza biológica e mineral.
Poderá ser o primeiro de mais focos de hidrotermalismo na região do Gigante,
mas só se saberá havendo mais oportunidades de explorar o mar profundo de
Portugal.
Durante um mergulho de
aproximadamente seis horas, conduzido pela equipa da Expedição Oceano Azul
dedicada aos ecossistemas de profundidade em colaboração com a equipa científica
da campanha francesa TRANSECT, foram recolhidas com um ROV, robot subaquático,
16 amostras biológicas, sete amostras geológicas, cinco amostras da estrutura
das chaminés para identificação de microrganismos e várias amostras de água e
fluídos hidrotermais para quantificar matéria orgânica e inorgânica.
A par destas amostragens para
análise posterior, já foi possível recolher nova informação científica: duas
grandes chaminés ativas, a par de várias inativas, com fluídos a registarem
temperaturas entre 50.ºC e 65.ºC, sendo as chaminés constituídas por argilas
ricas em metais (ferro e óxido de manganês).
Verificou-se, igualmente, que
existem várias espécies de corais de profundidade e de crustáceos associados à
chaminé mais ativa, assim como a presença de lava basáltica recente em zonas
adjacentes.
Área
muito rica em ferro
Segundo Telmo Morato,
coordenador da equipa da Expedição Oceano Azul dedicada aos ecossistemas de
profundidade, investigador do IMAR e da Universidade dos Açores e líder
científico desta missão, "ainda há muito por desvendar sobre este campo
hidrotermal e as comunidades que aqui vivem, mas para já ficámos a saber que
esta zona é riquíssima em ferro".
"Este mineral é um adubo
natural que estimula a produtividade, ou seja, o crescimento de seres
fotossintéticos que consomem dióxido de carbono. Aliás a comunidade científica discute neste
momento se a fertilização do oceano com ferro será uma hipótese de reduzir o
dióxido de carbono e mitigar as alterações climáticas", acrescenta.
A maioria dos campos
hidrotermais localiza-se em zonas de fronteira de placas tectónicas
divergentes, como é o caso da Dorsal Médio-Atlântica que separa o grupo
ocidental do grupo central do Arquipélago dos Açores, precisamente onde se
encontra o monte submarino Gigante. São verdadeiros oásis escondidos no oceano
profundo, que normalmente são encontrados a quilómetros de profundidade e a
centenas de milhas das zonas costeiras.
"Este campo
hidrotermal é único. Para além de se encontrar a uma baixa profundidade, o que
é raríssimo, apresenta também condições ambientais diferentes de outros campos
hidrotermais conhecidos. Pode assim sustentar comunidades biológicas muito
diferentes das que habitam outras fontes hidrotermais", refere Emanuel
Gonçalves, líder da Expedição Oceano Azul e Administrador da Fundação Oceano
Azul. Nuno de Noronha - Portugal In “Sapo
Lifestyle”
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