Terminou
no fim de semana mais um Curso de Verão da Universidade de Macau. Um curso
intensivo de língua portuguesa que reuniu durante três semanas, 460 jovens de
todo o mundo, que no final revelaram à Lusa terminarem a missão com o “coração
apertado” e a certeza que esta língua “une pessoas”
Segundo a agência de notícias
portuguesa, Park Sung-Hyun, da Coreia do Sul, aventurou-se na língua portuguesa
há pouco mais de cinco meses, mas nem por isso se viu tentado a olhar para o
papel no seu discurso, feito inteiramente em português, na cerimónia de
encerramento do curso de verão da UM.
À Lusa, o jovem de 19 anos
descreveu o “desafio” de aterrar, pela primeira vez, na “vibrante cidade dos
casinos”, onde, para seu espanto, “lê-se português em todo o lado, mas já quase
ninguém fala a língua”.
Começou por estudar espanhol,
motivado pela ‘La Liga’ (liga espanhola de futebol), mas o sonho de um dia
entrevistar o seu ídolo – Cristiano Ronaldo – fê-lo optar antes pela língua
portuguesa na Universidade, onde, conta-nos, apenas ensinam o português que se
fala no Brasil.
“Sabia que neste curso, em
Macau, ensinavam português europeu e não hesitei. Acho mais atractivo, mais
clássico, enfim, mais bonito”, diz, acrescentando que quer ser jornalista
desportivo e um dia entrevistar os seus ídolos na sua própria língua.
Chegar do aeroporto à
Universidade não foi fácil, sentiu-se perdido várias vezes e “não sabia em que
língua comunicar”. É, no entanto, a memória dessa resiliência que leva consigo
de volta para casa, já hoje.
Ao contrário do jovem
sul-coreano, a norte-americana Jessica Xavier já conhece os cantos a Macau,
onde já esteve “sete ou oito vezes”.
“A minha família é de Macau e
em São Francisco, onde nasci e cresci, estou muito envolvida com a comunidade
macaense”, disse à Lusa. Os pais falam português, mas nunca lhe ensinaram.
A vontade de aprender a
língua, no entanto, sempre esteve lá. Assim que ouviu falar do Curso de Verão,
decidiu arriscar. Não partiu do zero, admite, devido às aulas obrigatórias de
espanhol na escola. Ainda assim, confessa ter aprendido mais nas últimas três
semanas do “que em todas as visitas anteriores a Macau”.
“É muito intensivo. São quatro
horas [de aulas] todos os dias, de segunda a sexta-feira, aprendemos muito,
aprendi mesmo muito”, reiterou.
É esta intensidade,
referenciada por todos os alunos nos discursos de encerramento, que motiva a
coordenadora Ana Nunes a prosseguir e a reinventar esta iniciativa.
“São três semanas intensivas,
estamos todos os dias juntos. Tal como vários alunos disseram, apesar de irem
agora embora, o coração fica cá, vão guardar saudades. Quando chegamos ao fim,
apercebemo-nos porque fazemos isto todos os anos”, frisou no rescaldo da 32ª
edição, a quarta consecutiva que organiza.
Dos 460 alunos que
participaram este ano, muitos nunca tinham tido qualquer contacto com a língua
portuguesa, afirmou. “Este ano recebemos um grupo de 30 alunos de uma
universidade onde nem sequer ensinam português, mas onde estão a pensar abrir o
curso”, disse, referindo que integrá-los em Macau é, na sua opinião, uma “forma
interessante” de perceber se há receptividade.
Às aulas propriamente ditas,
da parte da manhã, seguiram-se várias atividades extracurriculares durante a
tarde e como novidade da 32.ª edição houve a introdução à escrita criativa, em
linha com o objetivo de trazer “algo diferente” todos os anos.
“Nunca tínhamos oferecido
porque exige que os alunos já dominem minimamente o português, mas resultou
muito bem. A professora encarregada mostrou-nos os textos e eles conseguiram ser
muito criativos”, disse. In “Jornal Tribuna de Macau” – Macau com “Lusa”
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