Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Moçambique - Batata-doce de polpa rocha: uma inovação na agricultura

Três variedades de batata-doce de polpa rocha fazem parte das sete novas variedades de semente recentemente libertas pelo Instituto de Investigação Agronómica (IIAM). Segundo os investigadores, trata-se de um tubérculo que, para além da componente alimentar e nutricional, poderá ser uma mais-valia na saúde dos consumidores.


De acordo com a explicação dada, a batata-doce de polpa rocha previne doenças do fórum cancerígeno e, por isso, existe o desafio de melhorá-la cada vez mais e disseminar o seu consumo, para melhorar a saúde dos moçambicanos.

José Ricardo, investigador do IIAM, disse tratar-se de variedades com a particularidade de serem usadas não só para a alimentação humana como também para a animal, dado o alto grau de desenvolvimento das suas folhas.

“Estamos ainda numa fase de multiplicação, e o conselho que damos é que se trata de uma planta tolerante à seca, desde que seja regada no mínimo nos primeiros dias do ciclo de vida. Mais tarde, pode resistir e desenvolver-se mesmo em situação de fraca precipitação”, explicou.

A apresentação de novas variedades aos produtores tem sido prática do IIAM. Sobre o retorno deste trabalho, a fonte assegurou que graças à interacção com os associados, singulares e líderes locais é possível acompanhar o processo de divulgação.

“Um produtor pode ter uma área de mil metros quadrados, por exemplo, e, por sua vez, beneficiar 100 agregados familiares. É desta forma que acontece a disseminação. Nesta altura da seca estamos a preparar alguns campos de multiplicação aqui na região sul”, salientou.

Referiu que o Dia do Campo que o IIAM organiza é mais uma oportunidade para mostrar a disponibilidade do produto final, que resulta do melhoramento das variedades. “Em 2011, colocamos à disposição 15 variedades de batata-doce de polpa alaranjada. Todas elas estão neste momento a ser multiplicadas e disseminadas pelo país”, exemplifica.

Transferência de tecnologias é uma realidade

Albertina Alage, responsável da Direcção Técnica de Formação, Documentação e Transferência de Tecnologia no IIAM, diz que a passagem de novas tecnologias agrárias aos produtores é já uma realidade. Facto satisfatório é, segundo a fonte, o interesse que as comunidades têm demonstrado.

“Demonstramos as tecnologias aos produtores. Apresentamos as vantagens da adesão e muitos implementam no dia-a-dia. Esta interacção serviu igualmente para pôr em prática algumas lições. Depois deste contacto, os agricultores fazem réplicas nos seus campos”, afirmou.

Salientou que o Dia do Campo é sempre uma grande vantagem para os que vivem perto de uma estação agrária, pois têm a oportunidade de estar em contacto com as novas tendências. “A nossa maior satisfação é ver os resultados dessa interacção com uma boa aplicação”, disse.

Obter sementes da fonte: desafio dos produtores

Alguns produtores que fizeram parte da apresentação das novas variedades querem que o IIAM, para além das demonstrações dos resultados das investigações, disponibilize sementes no local.

Segundo contam, o que acontece é que vêem os resultados no Centro, ficam satisfeitos com as técnicas, mas constrange-os ter de adquirir sementes nas lojas de fornecedores autorizados, onde, muitas vezes, não encontram a qualidade que desejam.

“O que acontece é que nós vamos às empresas credenciadas para a venda de sementes, mas a semente que nos dão, muitas vezes, não tem a mesma qualidade da que temos oportunidade de ver aqui (no IIAM). Nalguns casos ela nem germina”, disseram.

Segundo os investigadores, tratando-se de material genético, no processo de transporte e armazenamento, aliado à forma de conservação, podem ocorrer certas situações que concorram para a alteração da qualidade da semente.

O material (genético) produzido no Instituto Agrário de Boane, por exemplo, não chega directamente às mãos do camponês. “O nosso material vai à Unidade de Semente Básica (USEBA) e de lá é entregue às empresas credenciadas para fazer a venda e distribuição. O anseio dos produtores é tê-la directamente dos nossos campos”, explicou Antumane Nuro, investigador do IIAM. In “Jornal de Notícias” - Moçambique 

Sem comentários:

Enviar um comentário