Três variedades de batata-doce
de polpa rocha fazem parte das sete novas variedades de semente recentemente
libertas pelo Instituto de Investigação Agronómica (IIAM). Segundo os
investigadores, trata-se de um tubérculo que, para além da componente alimentar
e nutricional, poderá ser uma mais-valia na saúde dos consumidores.
De acordo com a explicação
dada, a batata-doce de polpa rocha previne doenças do fórum cancerígeno e, por
isso, existe o desafio de melhorá-la cada vez mais e disseminar o seu consumo,
para melhorar a saúde dos moçambicanos.
José Ricardo, investigador do
IIAM, disse tratar-se de variedades com a particularidade de serem usadas não
só para a alimentação humana como também para a animal, dado o alto grau de
desenvolvimento das suas folhas.
“Estamos ainda numa fase de
multiplicação, e o conselho que damos é que se trata de uma planta tolerante à
seca, desde que seja regada no mínimo nos primeiros dias do ciclo de vida. Mais
tarde, pode resistir e desenvolver-se mesmo em situação de fraca precipitação”,
explicou.
A apresentação de novas
variedades aos produtores tem sido prática do IIAM. Sobre o retorno deste
trabalho, a fonte assegurou que graças à interacção com os associados, singulares
e líderes locais é possível acompanhar o processo de divulgação.
“Um produtor pode ter uma área
de mil metros quadrados, por exemplo, e, por sua vez, beneficiar 100 agregados
familiares. É desta forma que acontece a disseminação. Nesta altura da seca
estamos a preparar alguns campos de multiplicação aqui na região sul”,
salientou.
Referiu que o Dia do Campo que
o IIAM organiza é mais uma oportunidade para mostrar a disponibilidade do
produto final, que resulta do melhoramento das variedades. “Em 2011, colocamos
à disposição 15 variedades de batata-doce de polpa alaranjada. Todas elas estão
neste momento a ser multiplicadas e disseminadas pelo país”, exemplifica.
Transferência
de tecnologias é uma realidade
Albertina Alage, responsável da
Direcção Técnica de Formação, Documentação e Transferência de Tecnologia no
IIAM, diz que a passagem de novas tecnologias agrárias aos produtores é já uma
realidade. Facto satisfatório é, segundo a fonte, o interesse que as
comunidades têm demonstrado.
“Demonstramos as tecnologias
aos produtores. Apresentamos as vantagens da adesão e muitos implementam no
dia-a-dia. Esta interacção serviu igualmente para pôr em prática algumas
lições. Depois deste contacto, os agricultores fazem réplicas nos seus campos”,
afirmou.
Salientou que o Dia do Campo é
sempre uma grande vantagem para os que vivem perto de uma estação agrária, pois
têm a oportunidade de estar em contacto com as novas tendências. “A nossa maior
satisfação é ver os resultados dessa interacção com uma boa aplicação”, disse.
Obter
sementes da fonte: desafio dos produtores
Alguns produtores que fizeram
parte da apresentação das novas variedades querem que o IIAM, para além das
demonstrações dos resultados das investigações, disponibilize sementes no
local.
Segundo contam, o que acontece
é que vêem os resultados no Centro, ficam satisfeitos com as técnicas, mas
constrange-os ter de adquirir sementes nas lojas de fornecedores autorizados,
onde, muitas vezes, não encontram a qualidade que desejam.
“O que acontece é que nós
vamos às empresas credenciadas para a venda de sementes, mas a semente que nos
dão, muitas vezes, não tem a mesma qualidade da que temos oportunidade de ver
aqui (no IIAM). Nalguns casos ela nem germina”, disseram.
Segundo os investigadores,
tratando-se de material genético, no processo de transporte e armazenamento,
aliado à forma de conservação, podem ocorrer certas situações que concorram para
a alteração da qualidade da semente.
O material (genético)
produzido no Instituto Agrário de Boane, por exemplo, não chega directamente às
mãos do camponês. “O nosso material vai à Unidade de Semente Básica (USEBA) e
de lá é entregue às empresas credenciadas para fazer a venda e distribuição. O
anseio dos produtores é tê-la directamente dos nossos campos”, explicou
Antumane Nuro, investigador do IIAM. In
“Jornal de Notícias” -
Moçambique
Sem comentários:
Enviar um comentário