A Universidade Politécnica
acolheu na passada terça-feira, 25 de Outubro de 2016, uma palestra subordinada
ao tema “Liberdade de Expressão em Tempos de Violência: Soluções para os
Jovens”, que tinha como objectivo promover a liberdade de expressão, de
pensamento e de opinião, para além de contribuir para o fortalecimento do
diálogo na solução de questões relacionadas com a violência contra jovens,
mulheres, crianças e outros grupos vulneráveis, e fortalecer a democracia
através do debate de ideias e do envolvimento dos estudantes no debate sobre a
agenda nacional do desenvolvimento.
Na ocasião, Hachimo Chagane,
representante da Universidade Politécnica, organizadora da palestra, referiu
que vários factores podem explicar a falta ou o medo do exercício da liberdade
de expressão por parte do indivíduo, dentre os quais a família e a escola,
primeira e segunda instituições de socialização, respectivamente.
“Se eu não tenho espaço para
exercer a minha liberdade de expressão na família dificilmente conseguirei
fazê-lo na sociedade”, disse Hachimo Chagane, que defende que um indivíduo com
a auto-estima mal preparada na família certamente perderá segurança e confiança
em si próprio. “Mesmo que tenha algo para dizer terá dificuldades para o fazer.
Isso abre espaço para que reine a cultura do silêncio”.
Sobre o papel da escola, o
representante da Universidade Politécnica é da opinião de que esta deve voltar
a ser o local onde o aluno aprende a exercer os seus direitos. “A escola, hoje,
tem professores desmotivados, alunos desinteressados, pais distraídos e a
sociedade está indiferente a tudo isso”.
Por seu turno, Cármen Bila, do
Parlamento Juvenil, disse ser necessário que os cidadãos conheçam e entendam o
significado da liberdade de expressão, pois só assim é que poderão saber
accionar os mecanismos ou instâncias competentes, tais como a polícia, a
procuradoria e os tribunais, sempre que esta for violada.
Mais adiante, Cármen Bila
afirmou que os mecanismos de protecção dos direitos em Moçambique são
ineficazes, por isso “optamos pelo conformismo e pelo criticismo. Temos muitas
leis mas não são respeitadas ou aplicadas. E os cidadãos têm medo de exercer o
seu direito à liberdade de expressão por temer represálias, a censura, etc.
Acabamos por optar por mecanismos não apropriados, como é o recurso à
imprensa”, acrescentou Cármen Bila.
Já a representante da
Associação Wansati Pfuka, Felicidade Chirindza, considerou que, para o
exercício pleno da liberdade de expressão, as pessoas devem ter habilidades
para escutar e analisar.
“Não basta conhecer os seus
direitos e liberdades. As pessoas têm de aceitar e saber que a diferença é boa
e necessária. Têm de saber acolher um ao outro e isso não se consegue através
da força ou coerção, mas sim com base no diálogo”, concluiu. In “Olá
Moçambique” - Moçambique
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