O escritor moçambicano, Almiro
Lobo lançou na passada semana em Maputo, uma nova obra intitulada “O Berlinde
com Eusébio lá dentro”.
O evento que decorreu no
Centro Cultural Português contou com a participação de amigos, escritores,
estudantes, amantes da literatura e familiares que não quiseram perder o
momento.
“O Berlinde com Eusébio lá
dentro” é uma obra de 64 páginas, compostas por uma colecção de 14 crónicas
organizadas cronologicamente e retratam histórias vividas pelo autor há mais de
três décadas.
De acordo com o autor, a obra
que foi prefaciada por Fátima Mendonça não é um livro de análise ou de reflexão
mas sim, um conjunto de micro-narrativas, ou histórias que só se contam aos
amigos em ambiente de confiança mútua e de secretismo que perfilam recordações
de infância.
“As minhas memórias marginais
não o são preposições a outras recordações ou aos outros registos. São
depoimentos inéditos, sem outra pretensão que não seja a de partilhar vivências
e trajectórias individuais. Trata-se de pequenos episódios verídicos, ocorridos
por moçambicanos desconhecidos e que não participam na construção oficial da
história”, contou Lobo.
Escritores que se identificam
com as histórias trazidas por Lobo, não escondem a alegria e satisfação de
reviver memórias através das 14 crónicas, tal é o caso de Tomas Vieira Mário,
que na altura era repórter.
“As 14 crónicas me encantaram.
O livro conta algumas histórias que me dizem respeito. Essas memórias me levam
junto de lugares que vivi, de experiências que aprendi e me fazem recordar de
pessoas que conheci na altura, que foram retratadas na história”, recordou
Mário.
O mesmo sentimento é
partilhado por Ungulani Ba Ka Khosa, que também viveu o período retratado por Lobo.
“Nestas crónicas, o Almiro
retrata como ninguém a história dos “amores proibidos e campo de reeducação”
(10ª crónica do livro). Faz-me recordar que na altura, obrigatoriamente tive de
me casar com uma aluna-professora, porque a tinha engravidado. Caso contrário,
pesava a ameaça de não voltar mais a Maputo e seria enviado para o campo de
reeducação. A aluna-professora hoje é mãe dos meus filhos. Há capítulos que me
tocam,” contou Ungulani.
Almiro Jorge Lourenço Lobo
nasceu no Chinde, província da Zambézia. Actualmente é Professor Auxiliar na
Faculdade de Letras e Ciências Sociais da UEM. Publicou A Escrita do Real (1999), Leituras
Ensaiadas (2013), Moçambique em
Textos Portugueses do Século XVIII (2013). In
“Txopela” - Moçambique
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