O volume de carga movimentada
nos portos no período de janeiro a agosto de 2016 vem confirmar o comportamento
do sistema portuário referido nos últimos meses, ao totalizar 61,3 milhões de
toneladas, constituindo o valor mais elevado de sempre nos períodos homólogos
em resultado do acréscimo de +3,5 milhões de toneladas observado no porto de
Sines, que anula as quebras registadas em todos os outros portos, num total de
-2,5 milhões de toneladas. O volume do movimento portuário apurado neste
período ultrapassa em +1,6% o de 2015 e resulta da conjugação de variações
positivas quer da carga embarcada, quer da carga desembarcada, de +0,3% e
+2,5%, respetivamente.
O volume de carga registado no
porto de Sines representa um acréscimo de +11,6%, enquanto as quebras nos
outros portos variam entre -3,2% na Figueira da Foz e -42,6% em Faro, passando
por -3,3% em Setúbal, -4% em Leixões, -10% em Aveiro, -11,8% em Viana do
Castelo e -17,5% em Lisboa.
Para explicar, ainda que
parcialmente, as variações ocorridas nos portos de Leixões e de Sines, importa
recordar a circunstância de o Terminal Oceânico de Leixões estar totalmente
paralisado desde março para manutenção em estaleiro da monoboia, impedindo a
descarga de Petróleo Bruto transportado em navios de grande porte, que originou
o desembarque de cerca de 1,3 milhões de toneladas no porto de Sines e seu
posterior reembarque para Leixões em navios de menor dimensão. Este facto
explica em grande medida, por um lado, o aumento desta carga em +43,4% no porto
de Sines e, por outro, a sua quebra de -19,6% no porto de Leixões.
No que respeita o
comportamento do porto de Faro, tratando-se, embora, de um porto com uma quota
de mercado pouco significativa, merece destaque o facto de se encontrar sem
movimento de carga desde junho, por efeito da decisão da Cimpor, sua única
utente, de suspensão da sua atividade no Centro de Produção de Loulé, em
resposta à contração do mercado da construção e da suspensão da importação de
clínquer e cimento por parte da Argélia, por razões de natureza administrativa.
De tudo o exposto resulta
naturalmente um reforço da posição de líder do porto de Sines, que vê aumentada
a sua quota do mercado portuário em 0,6 pontos percentuais, passando a
representar 54,4% do total, seguido por Leixões com uma quota de 19,5% do
total, de Lisboa que representa 10,4% (cerca de metade da quota que detinha em
2014) e de Setúbal que reduz o seu peso para 8,2%.
O movimento de contentores
registado nos portos do continente no período janeiro-agosto de 2016 totalizou
1,75 milhões de TEU, valor que reflete uma quebra de -1,3% face ao mesmo
período de 2015, elevando-se, no entanto, a -2,6% se considerarmos a sua medida
em Número de contentores, independentemente da sua dimensão.
Este ligeiro recuo no mercado
de contentores é determinado pelo porto de Lisboa que observou uma quebra de
-30,9% no volume de TEU, quebra esta que absorveu todos os acréscimos
observados nos outros portos, a saber de +41,2% no porto de Setúbal, de +16% no
porto da Figueira da Foz, de +7,3% em Leixões e de +1,7% em Sines.
Neste segmento de mercado o
porto de Sines mantém a posição de líder com uma quota de 54% do total de TEU
movimentados, seguindo-se Leixões com 25,6%, Lisboa com 13,3% e Setúbal com
6,2%.
O movimento de contentores em
Sines é fortemente influenciado pelo tráfego de transhipment que no período em apreço atingiu cerca de 746 mil TEU,
volume que representa cerca de 78,9% do total movimentado no porto e que
corresponde a um acréscimo de +0,4% comparativamente ao observado no período
homólogo de 2015.
No período em análise o
movimento de navios, nas diversas tipologias, incluindo os navios de cruzeiro,
registou 7156 escalas e uma arqueação bruta (GT) global superior de 128,6 milhões,
refletindo uma quebra de -1,5% e um acréscimo de +3,5%, respetivamente, face ao
período homólogo de 2015. A variação global do número de escalas resultou da
conjugação de variações positivas em Viana do Castelo (+6,7%), Setúbal (+9,5%)
e Sines (+14,1%, de que resulta o número mais elevado de sempre nos períodos
homólogos), e negativas nos outros portos, com destaque para Douro e Leixões
(-0,3%), Figueira da Foz (-0,9%), Aveiro (-5,5%) e Lisboa (-18,6%). O volume
global de arqueação bruta dos navios que escalaram os portos nacionais mantém o
valor mais elevado de sempre nos períodos homólogos, marca que decorre do
registo verificado nos portos de Aveiro, Setúbal e Sines, com variações de
+1,1%, +6,3% e +19,5%, respetivamente. Com variações positivas temos também os
portos da Figueira da Foz e Portimão, com acréscimos de +1,1% e +1,4%,
respetivamente, enquanto os restantes registaram quebras no volume total de GT,
merecendo destaque o porto de Lisboa, com -16,9%, e Leixões, com -5,2%.
A quota mais elevada do número
de escalas cabe ainda aos portos de Douro e Leixões, que representam 25,5% do
total, seguidos de Sines com 22,8%, de Lisboa com 19,9% e Setúbal com 14,9%.
O comportamento dos mercados
das cargas movimentadas nos portos comerciais do continente regista várias
assimetrias, com variações positivas na classe de Carga Geral (de +2,7%, por
efeito do crescimento de +7,8% do mercado da Carga Contentorizada) e dos
Granéis Líquidos (de +5,6%, por efeito do crescimento de +24,8% do Petróleo
Bruto) e variação negativa na classe dos Granéis Sólidos (de -7,5%, por efeito
acumulado de quebras registadas em todos os mercados que a integram, com
destaque para o Carvão, cujo movimento diminuiu -11,9%, devido à quebra de
produção de energia pelas centrais termoelétricas por efeito do acentuado
aumento da sua produção hídrica e eólica, e para os Outros Granéis Sólidos, que
registou uma quebra de -5,5%).
Pela importância que traduzem
para a economia em geral e exportações em particular, referem-se os mercados da
Carga Fracionada e dos Produtos Petrolíferos, que registaram quebras de -17,7%
e -8,9%, respetivamente.
A carga embarcada, que inclui
a carga de exportação, ultrapassou 26 milhões de toneladas e foi superior em
+0,3% ao volume registado período homólogo de 2015. Este volume, que constitui
o valor mais elevado de sempre nos períodos homólogos, é muito influenciado
pelas razões circunstanciais acima referidas, que se prendem com a realização
de operações de carga de Petróleo Bruto, nomeadamente de Sines para Leixões,
para colmatar a quebra da operacionalidade do Terminal Petroleiro deste último
porto.
No movimento portuário
decorrente das operações de embarque de carga, a única classe que registou uma
variação positiva foi a dos Granéis Líquidos, que ultrapassou em +10,1% o valor
do período homólogo de 2015 (pelas referidas razões de acréscimo verificado no
Petróleo Bruto) e anulou as quebras observadas nos Produtos Petrolíferos (-9%)
e Outros Granéis Líquidos (-9,5%). A classe de Carga Geral registou globalmente
uma quebra de -1,3%, não obstante o crescimento da Carga Contentorizada de
+5,3%, que acabou por ser anulada pela diminuição de -19,5% da Carga
Fracionada, enquanto a classe dos Granéis Sólidos viu o seu movimento neste
período cair -14,3%, por efeito da quebra de -14,7% nos Outros Granéis Sólidos,
que é a carga, nomeadamente no embarque, mais significativa nesta classe.
Sublinha-se o facto de apenas
o porto de Sines ter contrariado o registo de variações negativas no volume da
carga embarcada no período janeiro-agosto de 2016 face ao período homólogo de
2015, registando um acréscimo de +18,3%. Nos restantes portos o volume de carga
embarcada observou um recuo face a 2015, sendo de relevar as quebras
verificadas em Viana do Castelo, de -6,5%, Leixões, de -4,2%, em Aveiro, de
-32,5%, na Figueira da Foz, de -5,8%, em Lisboa, de -24,8%, e em Setúbal, de
-10,1%.
O volume da carga desembarcada
atingiu cerca de 35,3 milhões de toneladas, que excede em +2,5% o valor
registado em 2015 e constitui, também, o valor mais elevado de sempre,
refletindo idêntica situação observada nos desembarques da Carga Contentorizada
e do Petróleo Bruto, bem como nos portos de Aveiro e de Sines. Este
comportamento da carga desembarcada reflete o observado na classe de Carga
Geral que registou um acréscimo de +9,1%, nomeadamente por efeito do aumento de
+11,2% na Carga Contentorizada, e na classe dos Granéis Líquidos que cresceu
+3,3%, alavancado pelo desembarque de Petróleo Bruto que aumentou +9,7%.
No tocante ao volume de
desembarque de carga o comportamento dos portos foi bastante distinto,
destacando-se as variações positivas de Aveiro (+13,6%), Sines (+9,2%), Setúbal
(7,4%) e Figueira da Foz (+1,9%), tendo sido negativas nos restantes portos,
sendo de destacar a quebra de -3,8% em Leixões, de -12,6% em Lisboa e de -26,1%
em Viana do Castelo.
Os portos que registaram um
volume de carga embarcada superior ao volume de carga desembarcada,
apresentando um perfil de porto ’exportador’, continuam a ser Viana do Castelo,
Figueira da Foz, Setúbal e Faro (agora com atividade suspensa), cujos ratios de
carga embarcada sobre total apresentam os valores 77,6%, 64,1%, 60,1% e 100%,
respetivamente, embora com dimensões de volume muito distintas. Autoridade da Mobilidade e dos Transportes
- Portugal
Poderá aceder a mais
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