O
Ministro do Comércio, Indústria e Ambiente de Timor-Leste enaltece o papel do
Fórum Macau na concretização da plataforma entre a China e os países de língua
portuguesa. Ao Jornal Tribuna de Macau, Constâncio Pinto sublinhou a dimensão e
importância da estratégia “Uma Faixa, Uma Rota”, uma iniciativa que terá
“impacto positivo” na economia timorense
Concluída a 5ª Conferência
Ministerial do Fórum para a Cooperação entre a China e os Países de Língua
Portuguesa, o Ministro do Comércio, Indústria e Ambiente de Timor-Leste traça
um balanço positivo da reunião.
Em declarações ao Jornal Tribuna de Macau, Constâncio Pinto realçou o papel desempenhado pelo Fórum
Macau como mediador entre a China e os países de língua portuguesa, incluindo
Timor-Leste. “O Fórum é importante porque é uma plataforma económica para Timor-Leste,
assim como para outros países da comunidade dos países de língua portuguesa”,
disse.
Para o Ministro, a
participação nesta conferência ministerial também foi favorável para
Timor-Leste pelo facto de terem sido assinados “acordos bilaterais com a China
dentro do instrumento ‘Uma Faixa, Uma Rota’”.
É precisamente na estratégia
“Uma Faixa, Uma Rota”, e na qual participam nações que têm o português como
língua oficial, que Constâncio Pinto coloca a tónica. Na sua perspectiva, a
participação timorense nesse instrumento terá no país “impacto positivo na
economia, sobretudo no comércio”.
Além disso, acredita que o
estreitamento de relações entre a China, incluindo a RAEM, e o mundo lusófono
permitirá “elevar o volume de comércio” entre as partes, sendo que o Fórum
Macau também assume um papel fundamental neste capítulo. “É como um incentivo
para Timor-Leste e outros países para que possam desenvolver os seus produtos
que estão a ser procurados no mercado chinês”, destacou.
No rescaldo da reunião magna do
Fórum, e já com regresso marcado para Timor-Leste, Constâncio Pinto frisou que
“ainda vai haver [mais] acordos bilaterais”. “Agora vamos ver em que medida a
China precisa de Timor ao nível da cooperação, mas sobretudo na área do
comércio”, disse. “Depois disso, as coisas devem andar muito bem uma vez que
temos já um acordo técnico entre os dois Governos ou entre as empresas
privadas. Resta-nos ver as possibilidades e potencialidades que podemos
explorar em Timor-Leste”, afirmou.
Para
além do petróleo
Aproveitando a visita do
Ministro à RAEM, a Universidade da Cidade de Macau (UCM) organizou ontem um
encontro com alunos e docentes da instituição durante o qual se discutiram as
“Oportunidades Comerciais e Económicas de Timor-Leste”.
Para Constâncio Pinto, este
encontro traduziu-se numa “mais-valia” para a plateia que ficou mais
conhecedora sobre a realidade do país. “Queria dar a conhecer aos estudantes
que a nossa economia não depende só do petróleo para se desenvolver, mas antes
de outros potenciais sectores como a indústria de minérios e turismo,
principalmente, porque são áreas que podem ser mais desenvolvidas”, explicou.
Na palestra, o Ministro fez
uma resenha dos “investimentos e da história de Timor-Leste”, um país que está
“aberto ao investimento”.
“Estamos a encorajar os
investidores de Macau para investirem em Timor. Falei sobre os incentivos que
Timor pode oferecer às companhias, relativamente à isenção de taxas, e sobre as
potencialidades que existem em Timor-Leste que são a indústria de petróleo,
minérios, turismo, entre outras”, concluiu Constâncio Pinto.
A delegação de Timor-Leste,
que participou na Conferência Ministerial em representação do
Primeiro-Ministro, Rui Maria de Araújo, integrou ainda o Ministro de Estado,
Coordenador dos Assuntos Económicos e Ministro da Agricultura e Pescas,
Estanislau da Silva, o Ministro das Obras Publicas, Transportes e Comunicações,
Gastão de Sousa e o Assessor-sénior do Ministro do Planeamento e Investimento
Estratégico, Pedro Lay.
Um
“campeão” da coragem
Constâncio da Conceição Pinto
notabilizou-se pelo seu papel na luta pela liberdade e auto-determinação de
Timor-Leste, tendo sido eleito secretário do Comité Executivo do Conselho
Nacional da Resistência Maubere (CNRM) em 1990. Um ano depois foi preso e
torturado pelo exército indonésio, mas em 1992 conseguiu fugir para Portugal e,
posteriormente, para os EUA, onde desenvolveu campanhas de sensibilização para
a luta timorense. Testemunhou perante o Congresso dos EUA e Comissões das
Nações Unidas, além de participar no Diálogo Intra-Timorense, na Áustria. Em
1997, recebeu o prémio de mérito do Congresso dos EUA, em reconhecimento pelo
facto de ser um “corajoso campeão” da justiça social, política e económica em
Timor-Leste. Detentor de um mestrado em Relações Internacionais pela
Universidade de Columbia e licenciado em Estudos de Desenvolvimento na
Universidade de Brown, em Providence, Constâncio Pinto foi Embaixador de
Timor-Leste nos EUA e director Ministério dos Negócios Estrangeiros antes de
ser nomeado Ministro do Comércio, Indústria e Ambiente. Catarina Almeida – Macau in
“Jornal Tribuna de Macau”
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