Estigmatismos
culturais e abertura de perspectivas
(Palestra ministrada no II North
American Symposium of Galician Studies na University of Michigan, Ann Arbor em
22 de abril de 2016)
A minha
apresentação não é um “work in progress” mas tampouco tem umas conclusões
claras e definitivas. O que a seguir vou dizer é mais um capítulo na minha vida
à procura duma identidade. Nesse sentido queria agradecer aos organizadores a
aceitação da minha palestra porque vir aqui e conversar convosco é muito mais
barato do que começar um tratamento psicanalítico nos Estados Unidos. Eu cresci
no País Basco a falar só euscaro na escola, com uns pais que falavam galego na
casa a toda hora. Nunca estudei galego de maneira oficial mas falei-o toda a
vida. Sem a influência do ensino oficial do galego cresci a falar num galego
que pouco tinha a ver com o que depois ouvia na televisão ou rádios galegas. Se
isto fosse pouco, no País Basco pode-se ver o Luar na Televisão Basca, e isso também era
algo com o que eu não me podia identificar. Mais adiante vivi em outros lugares
diferentes como Inglaterra, onde por acasos da vida encontrei-me com grupos de
galegos, portugueses e brasileiros. Se calhar é só pola minha ascendência
raiana com Trás-os-Montes, mas com o passar do tempo, comecei a dar-me conta de
que apesar das diferenças na forma de falarem, muitos dos portugueses e
brasileiros usavam palavras que só tinha ouvido na minha família e conheciam
canções que eu pensava que só se cantavam na Galiza. Ainda me lembro quando
numa esplanada da avenida da Liberdade em Lisboa um grupo de brasileiros
começou a cantar o "Alecrim
dourado" e pouco tempo depois a "Saia
da Carolina". Esta bipolaridade identitária de ter sido
chamado de galego no País Basco toda a vida, mas sem realmente poder-me
identificar totalmente com a imagem que os meios transmitiam da Galiza fez com
que indagasse mais a relação da Galiza com outras culturas de língua
portuguesa. Aí chegou o reintegracionismo e depois o conceito da Lusofonia.
Logo reparei que valia a pena aprofundar mais no papel atual da Galiza dentro
do mundo Lusófono.
Muitos dos
estudos sobre a Galiza produzidos nos últimos anos na academia de língua
inglesa sublinham a importância de prestarmos atenção à desterritorialização da
cultura e identidade galegas neste mundo global atual. Nessa linha, a maioria
deles apresenta a emigração e a mestiçagem como elementos sem os quais não se
pode entender a nação galega. Porém, se por um lado questionam uma galeguidade
exclusivamente local, por outro parecem partir de artefactos bastante restritos
e canónicos dentro desse território local. Abundam, por exemplo, as releituras
sobre Rosalia e Emilia Pardo Bazán, ou os estudos que definem a cultura galega
só através da produção cultural promovida — ou permitida — pola Junta. Isto
poderia ser fruto das dificuldades que, às vezes, acarreta estudar uma cultura
distante do lugar onde esta cultura se está a produzir. Nesse sentido, no seu
artigo “O estado e futuro dos Estudos Galegos na academia de língua inglesa”
Gabriel Rei-Doval pergunta-se se a Galiza pode ser construída só através da
imagem oferecida desde o exterior. Eu penso que não só não pode, senão que se o
fizermos contribuiríamos para institucionalizar um jeito restritivo e
homogeneizante de entender as várias Galizas imagináveis e as suas culturas
correspondentes.
Um modo distinto de entender a Galiza
que eu quero destacar na minha apresentação, é o da Galiza como parte
fundamental da comunidade supranacional da Lusofonia. Isto vai além daquilo a
que muitos se têm referido ao falarem das relações da cultura galega com a
Lusofonia. Eu estou a falar da cultura galega como cultura lusófona de pleno
direito e não só das relações ou interferências pontuais que esta pode
estabelecer com a Lusofonia como elemento periférico. Ao falar das antigas
colónias portuguesas Burghard Baltrusch diz que a Lusofonia “só adquirirá
sentido cando as ex-periferias se tornen centros tamén e sobre todo cando os
seus sistemas emerxentes consigan colocar interferencias culturais, sociais e
económicas no antigo centro irradiador” (12). Nesse sentido, é muito importante
destacar que a Galiza, apesar de nunca ter sido uma ex-periferia colonial de
Portugal, está atualmente a colocar interferências culturais no mundo lusófono
que são normalmente ignoradas polos académicos que estudam a cultura galega. O
que havemos de fazer com os livros que autores galegos escrevem na norma do
português padrão e publicam só com editoras portuguesas ou brasileiras? (Uma mãe tão punk de Teresa Moure com a editora Chiado,
por exemplo) Ou com os angolanos que publicam em português com editoras
galegas? (Ondjaki, Prémio José Saramago narrativa 2013 que publicou Os
modos do mármore com
a Através Editora, por exemplo) Seria isso “cultura galega”? O que eu acho
inegável é que na Galiza existe uma grande produção cultural alternativa de
expansão lusófona que deve ser tida em conta. De entre os muitos elementos que
contribuem para esta expansão, quero destacar seis: as comunidades
cibernéticas, as relações transfronteiriças entre a Galiza e Portugal, os
escritores reintegracionistas, o labor das editoras transnacionais, a música e
as produções audiovisuais.
Benedict Anderson diz que as nações são
comunidades imaginadas porque “the members of even the smallest nation will
never know most of their fellow-members, meet them, or even hear of them, yet
in the minds of each lives the image of their communion” (6). Neste século XXI
em que vivemos, pode aplicar-se esta teoria também ao mundo das comunidades
ciberneticamente imaginadas. Através de grupos de Facebook, foros, e páginas
web, o mundo está a desenvolver múltiplas comunidades supraterritoriais que
estão a milhares de quilómetros de distância. Esta ideia permite-nos aprofundar
mais no desenvolvimento e relevância da comunidade galego-lusófona. Para um
importante sector da cidadania galega, a Internet tem-se tornado nos últimos
anos um espaço onde partilhar artefactos culturais dirigidos à lusofonia, e
também onde consumir muitos dos produzidos por pessoas doutros países
lusófonos. Um dos sites mais populares que liga a Galiza com o mundo lusófono é
o Portal Galego da Língua. Este site tem uma secção de
“Atualidade” na qual encontramos diferentes temas como entrevistas, notícias ou
crónicas. Na rubrica de notícias abrangem-se todos os países lusófonos e têm
notícias sobre, por exemplo, Macau. Também dentro de “Atualidade” encontramos a
rubrica Babel, onde podemos ler artigos sobre outras línguas do mundo,
principalmente línguas minoritárias, entre as que se destacam aquelas faladas
nos países lusófonos. Além disto, há uma secção chamada “Espaço Brasil” em que
se podem ler muitos artigos sobre a cultura brasileira. Tiago Peres Gonçalves
destaca também o já desaparecido portal Galiza Livre, que, no
seu dizer, “viria a transformar-se em um dos mais importantes meios
alternativos na rede” dado que “em 2002 estava classificado entre os 150.000
mais visitados do mundo” (143). Outro site importante no contexto lusófono da
Galiza é o Diário Liberdade que
se define a si próprio como o “portal anticapitalista da Galiza e os países
lusófonos”. Este site está dividido por diferentes países da lusofonia e dedica
uma secção à Galiza, Portugal, o Brasil, e aos países lusófonos de África e
Ásia. Junto a estes, também poderíamos destacar o site
GZ Vídeos um site de vídeos de temas que
têm a ver com o ativismo social. Também Palavra Comum uma
página sobre literatura onde diz que é um espaço literário “abert[o] à
lusofonia” e o site clássico do já desaparecido jornal Novas da Galiza[1] onde podemos ler que “nas suas páginas, serám
dedicados espaços preferentes à informaçom e à reflexom sobre o idioma
galego-português que nos une aos países do mundo da lusofonia”. Estes são só
uns exemplos, mas dá para ver que na Galiza existe uma forte e consciente
comunidade cibernética que desenvolve a suas relações culturais em constante
contato com o mundo lusófono.
Além disto, é importante prestarmos
atenção ao que está a acontecer entre a Galiza e Portugal nestes últimos anos
no que diz respeito às relações transfronteiriças, sobretudo se temos em conta
a queda das fronteiras físicas entre os dous países. Bernardo Valdês Paços faz
uma distinção entre a situação do País Basco, da Catalunha e da Galiza na sua
relação económica dentro do estado espanhol e na Europa. Segundo ele, o País
Basco e a Catalunha têm um papel central, enquanto a Galiza pertence à
periferia económica (119). Este facto contribui para que a Galiza tenha uma
dependência muito profunda na economia espanhola a nível estatal. Para lá da
fronteira, o norte de Portugal tem uma situação muito similar em relação à sua
dependência económica de Lisboa. Para ultrapassarem este conflito, o norte de
Portugal e a Galiza criaram o Eixo Atlântico, uma associação transfronteiriça de cooperação. O
Eixo Atlântico nasceu primeiramente com objetivos estritamente económicos, mas
dele surgiu um espaço partilhado entre Galiza e o norte de Portugal que teria
as suas repercussões também no campo cultural. Nos últimos anos houve muitas
iniciativas culturais que puseram em contacto ambos os territórios, o que fez
com que muitos artefactos culturais galegos façam parte dum espaço cultural
híbrido galego-português. Uma das cousas que podemos destacar foram os concursos
literários como o “Prémio Literário Nortear
para jovens escritores”, que
aceita textos em galego RAG e em português consoante o novo acordo ortográfico.
Ou o facto de muitos outros concursos mais antigos, como o Prémio de poesia Cidade
de Ourense, terem mudado as bases para incluírem também
textos em português. Nesta linha também é importante salientar o Prémio de Jornalismo
Literário Luso-Galaico Teixeira de Pascoaes e Vicente Risco. Isto contribuiu para problematizar muito o uso
das normas linguísticas na literatura galega e estes espaços híbridos
escureceram os limites que determinavam quem escreve em galego e quem em
português. Neste sentido, é quase obrigatório falar da sempiterna disputa
normativa entre os defensores do reintegracionismo, seja isto a normal AGAL ou
o AO do português, e os defensores da norma da RAG. Na Galiza convivem duas
normas linguísticas: a da RAG (Real Academia Galega) e a da AGAL (Associaçom
Galega da Língua). Embora as duas sejam de uso comum e a lei não obrigue aos
cidadãos utilizarem uma ou outra, só a RAG é a que tem apoio institucional do
governo galego e do espanhol. Dessa forma, é esta norma a que tem mais presença
nos meios de comunicação, a que recebe subvenções, e a que se ensina na escola.
A diferença básica entre as duas normas é que a RAG considera a língua da
Galiza como sendo uma língua independente, enquanto a AGAL entende que é só
mais uma variante dentro do sistema linguístico português, e entre outras
cousas adopta a ortografia do padrão português — com pequenas diferencias
nalguns casos específicos. Junto a isto temos também pessoas que simplesmente
escrevem segundo o Acordo Ortográfico da normativa do português padrão. Graças
aos concursos que sob o influxo do Eixo Atlântico aceitaram textos também em
português, abriu-se uma porta através qual muitos escritores da Galiza que
escrevem em AGAL ou AO puderam aproximar-se da Lusofonia. Na primeira edição do
Prémio Nortear, por exemplo, o ganhador foi João Guisan Seixas, escritor galego
da Crunha que enviou o seu texto na norma do português padrão.
Mas isto não quer dizer que seja uma
acontecimento novo. Há já bastante tempo que muitos escritores galegos vêm
escrevendo para a Lusofonia. Um dos casos mais paradigmáticos deste século
poderia ser o Carlos Quiroga. Este autor galego escreve na norma do português
padrão e vende livros em vários países lusófonos, no entanto na Galiza, e visto
por muitos como uma pessoa estranha que quer ser portuguesa. A sua obra Inxalá — a
qual vendeu entre cem mil e cento e vinte mil cópias só em países lusófonos —
foi incluída entre os clássicos da literatura universal numa edição preparada
polo jornal português Diário de Notícias junto ao Machado de Assis, Camões,
Poe, Cervantes, Pessoa, Saramago e outros. Desde Carlos Quiroga, na Galiza
surgiram muitos mais escritores contemporâneos que visibilizaram a escritura na
norma portuguesa e na norma AGAL. Raquel Miragaia, Iolanda Gomis — uma das
ganhadoras do 26 concurso de poesia de Edições AG no Brasil com o poema
“Galiza, tu também és de pedra”—Teresa Moure, Sechu Sende, Quico Cadaval e
muitos mais. Todos eles estão a aproveitar o espaço de difusão que permite a
Lusofonia para a expansão da literatura e da cultura galega. Também temos outro
caso importante como o de Mário Herrero Valeiro, poeta da Corunha que têm ganho
vários prémios poéticos, entre eles o Sant´Anna 2015. Este prémio é organizado
polo Grupo de Acção Cultural de Válega em Portugal e está aberto a toda a
Lusofonia. Ou também o caso de Alexandre Brea Rodríguez, poeta galego que foi
escolhido com outros 11 autores para estar na antologia de poetas jovens
emergentes da Lusofonia Emergentes: novos poetas lusófonos no ano
2015.
Para isto acontecer foi muito importante
o labor das editoras. Entre elas, se calhar a mais importante seria Através
Editora. Segundo o que o seu site diz, nasceu com a “vontade de
ultrapassar a fronteira política, e muitas vezes mental, que separa a Galiza do
resto da Lusofonia. Para [eles], a aproximaçom da Galiza e os países de expressom
portuguesa é a demonstraçom da via reintegracionista como válida para marcar um
padrom galego atual e útil que permita aprofundar num verdadeiro processo de
normalizaçom linguística”. Esta editora está a publicar mais e mais livros
entre os quais temos que destacar os importantes casos de Sechu Sende, Vítor
Vaqueiro, Teresa Moure e Carlos Taibo. Todos eles tinham publicado com editoras
galegas nas quais a normativa a utilizar era a da RAG, mas com a chegada da Através
Editora isto abriu
uma porta para eles escreverem na norma do padrão português ou na norma AGAL e
os quatro mudaram de editora. A última novela de Teresa Moure Ostrácia é das
mais vendidas do ano passado e Sechu Sende já ganhara o prémio ao melhor
romance do ano na Galiza com Made in Galiza, polo que o facto
de terem mudado a escrever em reintegrado ou em português padrão para a
Lusofonia é um acontecimento muito importante. Além disto, como já disse no
começo, no ano 2015, a Através Editora publicou um livro de poemas do
escritor angolano Ondjaki, polo que não só publica autores da Galiza mas também
está também a aproximar outros autores lusófonos dos leitores galegos. Nesta
linha, também é importante destacar a importância da editora Laiovento,
a qual sempre apoiou a liberdade normativa publicando obras de autores galegos
que escreveram segundo a normativa da RAG, a da AGAL, e a do padrão português.
Foi esta editora, justamente, a que publicou o Inxalá de Carlos Quiroga.
Estreitamente relacionado com as
editoras, é também importante destacar o trabalho desenvolvido pola AGLP
(Academia Galega da Língua Portuguesa) na socialização da cultura galega na
comunidade lusófona. Duas das cousas mais importantes que conseguiram foi a
inclusão do léxico dialetal da Galiza no Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea e a
publicação das obras clássicas galegas no padrão português para a sua
circulação no âmbito lusófono. Este dicionário foi desenvolvido pola Academia
das Ciências de Lisboa e inclui palavras de todas as variantes da língua
portuguesa [2]. Tem
palavras típicas do Brasil, de Moçambique, de Angola, e agora também da Galiza.
No que se refere a publicação de literatura clássica galega no padrão
português, a AGLP fez um excelente trabalho adaptando obras como Folhas
Novas, Cantares Galegos ou Queixume dos Pinheiros, e
sobretudo, oferecendo-as de graça em formato pdf na sua página web.
Outro campo a ter também em conta é o da
música. Desde o ano 2003, a Galiza está a ter um dos eventos musicais mais
importantes para os artistas lusófonos: “Cantos na Maré: festival internacional
da Lusofonia”. Neste festival, cada ano fazem-se concertos, palestras,
visionamento de filmes e muitas outras atividades nas quais participam artistas
vindos de toda a Lusofonia. Graças a isto, os músicos galegos estão a
estabelecer relações com outros músicos da Lusofonia e isso fez com que nas
últimas décadas se tenham gravado muitos discos partilhados. Temos, por
exemplo, o cantor galego Narf que editou o disco Aló
irmão com
Manecas Costa de Guiné-Bissau, quem participara no 2007 no festival de Cantos
na Maré. Também Ugia Pedreira da Galiza com Fred Martins do Rio de Janeiro ou
os discos do gaiteiro Carlos Nuñez, com diferentes músicos brasileiros. Tudo
isto facilitou que os artistas galegos fossem tocar a outros países lusófonos e
que também outros músicos de países lusófonos tivessem certa repercussão na
Galiza. Porém, também é importante sublinhar que existem muitas bandas galegas
de punk, ska ou hip hop que escrevem em norma AGAL e cuja música também é
consumida em outros países lusófonos (Nen@s da Revolta, Skarnio, Rebeliom no
inframundo, A banda de Poi, etc.)
Por último, é importante destacar a
importância da Lei Valentim Paz Andrade. Segundo esta lei, na Galiza foi
aprovada a aproximação à cultura portuguesa e as rádios e televisões
portuguesas têm que ser vistas ou ouvidas em todo o território galego. Isto
ainda não aconteceu, mas já se estão a partilhar alguns programas de televisão
e inclusive já há programas e seriados em que se misturam pessoas portuguesas e
galegas. Por exemplo, o programa “Aqui Portugal” que mostra as festas que
acontecem em diferentes lugares de Portugal durante o verão, o ano passado
emitiu programas também sobre as festas da Galiza. Também poderíamos falar do
serial galego “Hospital Real” que foi já emitido em Portugal na versão original
com o sotaque típico dos galegos e legendas —como acontecia com as telenovelas
brasileiras há algumas décadas [3]. Outro
exemplo dos frutos da Lei Valentim Paz Andrade é o facto de agora a
Universidade Aberta de Portugal ter um centro em Rianjo para os cidadãos
galegos poderem estudar a nível universitário inteiramente em português, se
quiserem. Bem é certo que isto só acontece com algumas licenciaturas
específicas, mas é sintomático desta realidade luso-galaica da que estamos a falar.
Portanto, tendo
constatado extensamente esta consciente comunidade lusófona na Galiza, seria
interessante repensar como é que estudamos a cultura galega, sobretudo, se
estamos a definir a galeguidade desde o exterior. Se só estudamos a cultura
hegemónica e a promovida pola Junta e não estudamos mais profundamente o que
acontece na Lusofonia com a Galiza, os resultados sempre vão ser muito
parciais. Neste sentido, é sintomático que nos congressos de estudos galegos
desenvolvidos em países de língua inglesa não haja quase nunca palestras feitas
em galego reintegrado ou português (ou que se as há se limitem só à época
medieval), que ninguém estude livros de autores reintegracionistas como Carlos
Quiroga ou Mário Herrero Valeiro, ou que em muitos destes congressos a língua
veicular seja o espanhol. Tendo em conta que nos Estados Unidos, o campo dos
estudos galegos está a consolidar-se dum jeito admirável, acho muito importante
que a Galiza lusófona e os artefactos culturais produzidos em reintegrado ou português
venham a constituir uma parte essencial deste campo, agora que ainda estamos a
tempo. David Vila – Galiza in “Portal Galego da
Língua”
David Vila Die(é)guez(s) - nasceu no seio de uma familia galega
Euskal Herriko txiki batetan. É estudante de doutoramento na Universidade de
Vanderbilt (EUA), onde está a estudar a influência da cultura punk na
construção de identidades políticas modernas nos Estados espanhol e português.
Reivindica a diáspora e o não-lugar como espaços de liberdade identitária. É
músico e gosta de tocar a guitarra polos bares de Nashville os fins-de-semana.
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