A
Prewind é uma empresa dedicada à prestação de serviços de previsão na área da
energia, essencialmente direcionada para o setor das energias renováveis.
Fundada em 2010, a Prewind tem o compromisso de melhorar a qualidade dos seus
serviços, recorrendo ao apoio das instituições do sistema científico nacional.
João Sousa, dá-nos a conhecer os projetos desenvolvidos, bem como algumas
perspetivas de investimento para o setor.
Como
é que surgiu este projeto?
Surgiu com base num projeto de
investigação realizado em Portugal, financiado a 100 por cento por iniciativa
privada (consórcio empresarial composto por empresas promotoras de parques
eólicos em Portugal). O desenvolvimento foi assegurado por um consórcio universitário
composto pela FEUP / CEsA, INESC Porto, INEGI, FCUL / IDL, com o objetivo de desenvolver
modelos de previsão da produção de eletricidade de base eólica e operacionalizar
um sistema de previsão da produção de parques eólicos. Desde então, temos vindo
a prestar serviços de previsão na área da produção eólica em Portugal e no
estrangeiro. Este ano constituímos uma empresa no Brasil para apoiar na
prestação destes serviços no mercado sul-americano.
Em
que medida é que estes serviços se tornam uma mais valia para quem os utiliza e
para o meio ambiente?
Os recursos naturais, como o
sol e o vento, apresentam uma variabilidade e por isso precisamos de conhecer
antecipadamente a evolução da produção com origem nestas fontes renováveis para
possibilitar a gestão da rede elétrica, reduzir os custos de operação do
sistema elétrico e otimizar o planeamento das ações de operação e manutenção de
cada central eólica. Desta forma. podem-se obter taxas de penetração elevadas e
reduzir os custos operacionais envolvidos. Adicionalmente, os serviços de previsão
podem ser utilizados no planeamento das ações de operação e manutenção,
otimizando a produção de energia.
Na
sua opinião faltam incentivos pela parte do governo para que mais empresas apostem
nesta área?
Em 2016 (janeiro a agosto) a
produção de eletricidade de origem renovável em Portugal representou cerca de
64 por cento (segundo a APREN), tendo-se obtido em 2015 o valor de 55 por
cento. Nos últimos dez anos quase duplicamos o peso das Fontes de Energia Renovável
(FER) na eletricidade, dependendo dos anos hidrológicos. Em alguns meses do ano
atingimos taxas superiores a 80 porcento e ainda há bem pouco tempo, em maio
deste ano, atingimos quatro dias consecutivos em que o consumo de eletricidade
foi totalmente satisfeito pelas FER. Somos apontados internacionalmente corno
um exemplo a seguir. Portugal está a assistir ao resultado de uma política
energética, denominada de Programa E4, implementada pelo Governo de António
Guterres, pela mão do então Secretário de Estado do Ministério da Economia
Eduardo Oliveira Fernandes e pelo Ministro da Economia Luís Braga da Cruz.
Entretanto. com o novo paradigma das redes inteligentes e com o aparecimento da
mobilidade elétrica, surgirão novas oportunidades e o país deve-se preparar
para essa revolução — a descarbonização do setor dos transportes e a eficiência
energética. Apesar de sermos pequenos somos um exemplo a nível mundial na
matéria da energia. Temos bons engenheiros, boas empresas e uma boa cultura.
Temos que capitalizar este conhecimento, internacionalizando todo nosso saber
em prol de um ambiente melhor de urna economia sustentável e um mundo mais
verde.
Qual
será o rumo que o país vai tomar no que diz respeito à produção de energia?
Infelizmente, acho que o país
vai optar pelo fotovoltaico porque é a tecnologia que neste momento está a
'inundar' o mercado. Gostaria que Portugal aproveitasse o potencial das pequenas
centrais hídricas, com uma maior contribuição para a economia nacional e tendo em
consideração que cerca de 75 a 80 por cento do potencial ainda está por
explorar neste país. Digo isto porque em Portugal ainda não se construiu um
cluster industrial forte no fotovoltaico, como se fez no eólico. Daqui a algum
tempo alguns parques eólicos irão atingir a sua maturidade, pelo que será
possível duplicar ou até triplicar a capacidade instalada, tendo em
consideração a evolução da tecnologia. Acho que o país deve estudar quais as
tecnologias de transformação de energia que lhe permitem uma maior: qualidade
ambiental, geração de emprego, redução da dependência externa (seja energética
ou económica), captação de investimento e incorporação da económica nacional
(redução de importações e aumento de exportações), mantendo um mix energético
equilibrado.
E
relativamente ao futuro da Prewind? Que investimentos e objetivos a cumprir
estão previstos no vosso plano de atividades?
O nosso objetivo neste
momento passa por consolidar o mercado brasileiro e reforçar a nossa atuação na
Europa. Para além disso, vamos tentar explorar novos mercados como o chinês e o
americano, que têm crescido exponencialmente, e com os quais já temos a
decorrer alguns projetos - piloto. In “Revista Business
Portugal” - Portugal
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