Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 13 de março de 2020

Moçambique - Programa Mundial de Alimentação forçado a reduzir apoio a vítimas do ciclone Idai

O Programa Mundial de Alimentação, PMA, cortou para metade as rações alimentares devido à falta de fundos afetando cerca de 525 mil pessoas na província de Sofala. O apoio deve ser reduzido totalmente, ainda este mês, se o problema de financiamento não for resolvido, faz um ano neste 15 de março que o desastre aconteceu



Um ano após o ciclone Idai arrasar grande parte do centro de Moçambique, mais de meio milhão de sobreviventes sofrem outra ameaça: a da falta de apoio com alimentos entregues pela agência da ONU nesta área.

A falta de financiamento afeta muitas das pessoas mais atingidas, informou esta quinta-feira o Programa Mundial de Alimentação, PMA.

Hortas

Nas semanas após o desastre, a assistência de emergência do PMA chegou a 1,8 milhão de pessoas. Mas, um ano depois, muitos ainda enfrentam a incerteza.

Em fevereiro, a falta de financiamento obrigou o PMA a reduzir pela metade as rações alimentares para 525 mil pessoas na província de Sofala, a mais atingida pelo ciclone. Se a agência não receber mais fundos, em breve, esse apoio será interrompido completamente ainda este mês.

Em nota, a diretora regional do PMA para a África Austral, Lola Castro, disse que os projetos do PMA, que incluem hortas comunitárias, reparação de estradas, pontes e escolas, são “uma fonte de esperança." Ela afirmou que "esse trabalho essencial deve continuar para se alcançar uma recuperação real e duradoura."

Para 2020, o PMA precisa de US$ 91 milhões para implementar todos os seus projetos de reabilitação para as vítimas do Idai.



Insegurança alimentar

A agência prevê que a próxima colheita, que acontece entre abril e maio, seja relativamente boa. Ainda assim, poucas das 250 mil famílias que tiveram as suas casas danificadas pelo ciclone conseguiram retornar às suas aldeias.

Muitos são agricultores de subsistência, que tiveram as suas colheitas destruídas no ano passado e que não conseguiram replantar a tempo para este ano. A maioria tem níveis persistentes de "crise" ou "emergência" de insegurança alimentar, o que significa que não comem o suficiente e continuam a precisar de ajuda externa para sobreviver.

Moçambique tem uma das taxas mais altas de desnutrição crónica no mundo, atingindo 43% das crianças com menos de cinco anos. Segundo o PMA, a desnutrição aguda está aumentando, justamente, entre as comunidades afetadas pelo Idai.

Recentemente, um surto raro de pelagra, uma doença causada pela falta de vitamina B3, afetou quase 4 mil pessoas em Sofala e os números continuam aumentando rapidamente.

Adaptação

Devido à forte dependência da agricultura de pequena escala e vulnerabilidade às alterações climáticas, o PMA afirma que são necessários mais investimentos na adaptação a estas mudanças e redução de riscos de desastres.

Lola Castro lembrou que "melhorar a capacidade dos moçambicanos contra secas e inundações era o centro do trabalho” da PMA. Segundo a representante, esse trabalho deve recomeçar agora. ONU News – Nações Unidas

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