ILP Paz-Andrade atingiu 17.000 assinaturas e
esta tarde, 08 de Março de 2013, serão entregues no Parlamento da Galiza.
A iniciativa foi anunciada há dez meses
Na tarde de hoje, 08 de Março de 2013, seis meses depois de ser
apresentada ante o Parlamento da Galiza, a Comissão Promotora da Proposta de
Lei por Iniciativa Legislativa Popular que leva o sobrenome do homenageado do
Dia das Letras Galegas do passado ano, Valentim Paz-Andrade, formaliza a
entrega das 17.000 assinaturas que asseguram a continuação da sua tramitação
parlamentar. A iniciativa procura uma série de medidas que facilitem o acesso
dos galegos ao universo de língua portuguesa e um maior relacionamento com a
Lusofonia.
Entre as propostas do articulado aparecem a
progressiva incorporação do português no ensino, o fomento da participação das
instituições e empresas galegas nos foros económicos, culturais e desportivos
lusófonos, a receção aberta das televisões e rádios portuguesas e o
reconhecimento desta competência linguística para o acesso à função pública.
Os promotores explicam na exposição de
motivos da proposta que «a nossa língua outorga uma valiosa vantagem
competitiva à cidadania galega em todas as vertentes, nomeadamente a económica,
desde que disponhamos dos elementos formativos e comunicativos para nos
desenvolver com naturalidade no seu modelo internacional». Alcançado o objetivo
de superar a 15.000 assinaturas requeridas, a Comissão Promotora destaca a sensibilidade
das galegas e dos galegos para a proximidade ou unidade —em função da
perspetiva— da língua falada na Galiza e as restantes falas lusófonas,
permitindo a consecução dos apoios necessários.
Apresentada no Parlamento em 16 de maio de
2012, a proposta une-se ao espírito da comemoração de Valentim Paz-Andrade,
que, para além ser um dos principais impulsores da moderna indústria pesqueira
galega, foi também vice-presidente da Comissão Galega do Acordo Ortográfico da
Língua Portuguesa, que possibilitou a participação da Galiza nas reuniões para
o acordo ortográfico da língua portuguesa que decorreram no Rio de Janeiro
(1986) e Lisboa (1990). A presença galega nesse acordo ficou registada no
tratado internacional resultante, com uma menção à delegação de observadores da
Galiza no primeiro parágrafo e a inclusão das palavras «brêtema» e «lôstrego»
na descrição das normas acordadas.
No seu artigo “A evolución trans-continental
da lingua galaico-portuguesa” de 1968, Paz-Andrade questionava e respondia
afirmativamente à pergunta “¿O galego ha de seguir mantendo unha liña autónoma
na sua evolución como idioma, ou ha de pender a mais estreita similaridade co-a
lingua falada, e sobre todo escrita, de Portugal e-o Brasil?”. Consciente do
potencial «transcontinental» da nossa língua não só para a sua consolidação
como também para favorecer a potencialidade económica da Galiza, qualificou-a
«de una lengua con la cual pueden entenderse millones y millones de personas,
aunque lo hablen con distinto acento o escriban de forma diferente cierto
número de vocablos» (em Galicia como tarea, 1959). Para a Comissão Promotora da
ILP, «esse potencial global é ainda mais evidente e relevante no momento atual,
onde a crise económica em que está a Galiza contrasta com o auge de novas
potências como o Brasil na América, Angola na África ou a China, com o enclave
de Macau, na Ásia». in "Portal Galego da
Língua" - Galiza
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