Na principal mesa-redonda da Feira do Livro de Maputo, Mia Couto, Lourenço do Rosário e Ademar Seabra da Cruz Júnior, Embaixador do Brasil em Moçambique, defenderam que os países de língua oficial portuguesa precisam de fazer da diplomacia cultural um veículo de aproximação permanente entre os povos.
No
dia de abertura da nona edição da Feira do Livro de Maputo, Mia Couto, Lourenço
de Rosário e Ademar Seabra da Cruz Júnior juntaram-se numa mesa-redonda para
reflectir sobre os desafios actuais da diplomacia cultural na Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP). Durante o debate, o professor de literatura
e ensaísta, Lourenço do Rosário, lembrou que, no passado, os países da CPLP se
comprometeram em investir no conhecimento mútuo através dos conteúdos
preparados para o ensino. No entanto, o compromisso quase que não se
concretizou.
“O
compromisso previa que todos os países da CPLP deviam introduzir no ensino
primário e secundário elementos de cultura e história dos outros países de
língua portuguesa. O único país que cumpriu foi o Brasil. Inclusive, o presidente
Lula introduziu, através de um decreto, a obrigatoriedade do ensino de cultura
e história dos outros países africanos nos manuais de ensino. Não me parece que
o nosso sistema de educação tenha seguido o mesmo exemplo, o que significa um
desconhecimento total”.
O
desconhecimento total a que Lourenço do Rosário se refere, entretanto, não é
apenas em relação aos países da CPLP. Segundo Mia Couto, há também um
desconhecimento interno que se deve superar através de uma diplomacia cultural
voltada para o território nacional moçambicano. “Começando pelo nosso próprio
país, precisamos de fazer uma espécie de trabalho diplomático interno, porque
nós também nos desconhecemos na nossa própria diversidade. Num país como
Moçambique, é quase como se houvesse muitas nações. Não devemos ignorar essa
grande e profunda diversidade e como é que, nas nossas próprias escolhas, se
ignora essa riqueza. Muitas vezes, olhamos para a diversidade como um
problema”, afirmou Mia Couto, escritor homenageado nesta nona edição da Feira
do Livro de Maputo.
Numa
mesa-redonda moderada pelo professor de Literatura e ensaísta, Francisco Noa, o
Embaixador do Brasil em Moçambique explicou por que é importante investir nas
artes e na cultura como elementos de aproximação entre os países da CPLP. “A
questão da cultura exige uma reflexão sobre qual é o seu papel de antecipar
transformações sociais e de movimentos que se traduzem em identidade possível
de transmitir ao outro”.
O
tema de conversa que juntou Mia Couto, Lourenço do Rosário, Ademar Seabra da
Cruz Júnior e Francisco Noa foi “Diplomacia cultural em questão: desafios e
perspectivas de uma integração comunitária por meio da cultura”.
No
sábado, terceiro e último dia da Feira do Livro de Maputo, Mia Couto foi
homenageado no Conselho Municipal de Maputo. José dos Remédios – Moçambique in “O País”
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