Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 29 de agosto de 2023

Moçambique - No translúcido mar infinito do Luís Cezerilo

Luís Cezerilo é uma individualidade que dispensa qualquer tipo de apresentação no universo sócio-cultural, académico e político em Moçambique.


No seu mais recente livro, “Mar, espelho líquido do infinito”, lançado no dia 28 de Agosto do ano em curso, transborda o eflúvio natural do amor enquanto um mar infinito, um elemento da vida como uma fagulha, numa essência superior do ser. Neste livro, o amor e o mar formam a alga que nos inunda. Ele, o poeta, “rasga” de forma minuciosa, delicada e reverberante, o que lhe vai na alma, no seu mais íntimo e translúcido âmago. Este breve texto, através do qual busco tecer algumas humildes linhas, é uma pequena amostra deste mar líquido do escritor.

Cezerilo está além do tempo, por isso chama todos para o entendimento de que o “amor é algo genuíno” e todo o ser deve gozá-lo, independentemente do percurso de cada um, do seu extracto social, porque o amor é a esperança, alegria, o prazer das sereias denominadas nhamussoros no Sul do país, esse amor que consegue mesclar-se na brisa dos verdadeiramente constituídos.

Nas lentes do autor, nestas dezenas de poemas muito bem seleccionados, somos remetidos sobretudo ao amor, à beleza do mar, à nossa história, à contemporaneidade, aos descasos, ao misticismo da magia, da ternura e do encanto do povo.

O mar é infinito.

O mar é pleno, esbelto, tem as suas tonalidades e os seus percursos e, neste livro, o poeta Cezerilo soube pincelá-las tão perfeitamente, começando com a primeira estrofe do primeiro poema, que nos suscita a imersão dos segredos que o mar transmite na sua vastidão, a solitude, que depois desagua com o quinto poema que nos traz a sensação do poderio e da extravagância do amor, dos seus relevos ludibriantes, da vastidão e dos devaneios que nos pode transmitir.

Cezerilo traduz nas suas metáforas tudo o que o universo propõe sobre o encanto da beleza e do som das sereias, denominados no sul do país, de nhamussoros, que conseguem mesclar-se na brisa dos ventos que o Índico traduz de forma poética. O livro Mar, espelho líquido do infinito, é sem dúvidas uma concha em forma de livro, que promete suscitar a todos “os sentidos mais humanos que possam existir”. Huwana Rubi – Moçambique in “O País”

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Luís Abel dos Santos Cezerilo - É Pós-Doutorado em Estudos Literários pela Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho, UNESP-Campus de Araraquara (2009); Doutor em Letras em Estudos Comparados de Literatura Africana de Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP) em (2005); Possui um mestrado e graduação pela Universidade de Évora (1999). Actualmente é Professor Auxiliar na Universidade Eduardo Mondlane em Moçambique Faculdade de Letras e Ciências Sociais e na Academia de Ciências Policias (ACIPOL); Foi Assessor da Ministra da Justiça para Área Prisional; Membro Fundador do Núcleo de Pesquisa de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa da Universidade Camilo Castelo Branco. Possui várias publicações nas áreas de Sociologia, Literatura e Turismo. Poeta. Foi Assessor do Ministro da Educação e Cultura e membro do Task-Force do Governo de Moçambique (2006).


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