Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Portugal – Novo reitor para a Universidade de Coimbra eleito a 11 de Fevereiro

As eleições para reitor da Universidade de Coimbra para o mandato 2019-2023 vão decorrer numa reunião plenária do Conselho Geral, a 11 de Fevereiro. Antes, no dia 4, tem lugar uma audição pública dos candidatos e uma segunda sessão, apenas para membros do Conselho Geral, marcada para o dia seguinte. O Conselho Geral da Universidade de Coimbra é constituído por 18 representantes dos professores e investigadores, cinco estudantes, dois trabalhadores não docentes e não investigadores e dez elementos externos à instituição.

Existem cinco interessados em suceder a João Gabriel Silva, que cumpre, este ano, o seu segundo mandato à frente da Universidade de Coimbra, entre os quais dois estrangeiros (o singapuriano Yang Chen e a brasileira Duília Fernandes de Mello). O actual vice-reitor Amílcar Falcão, professor da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, o docente e investigador na área da inteligência artificial Ernesto Costa e o director da Faculdade de Letras, José Pedro Paiva, completam a lista de candidatos aceites. Durante o processo houve cinco candidaturas excluídas “por não-cumprimento dos requisitos formais estipulados”.

Desde a entrada em vigor do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES), no final de 2007, que a eleição do reitor é feita pelo Conselho Geral e que são aceites candidaturas externas à Universidade de Coimbra. Na primeira eleição, após a entrada em vigor das novas regras, em 2011, surgiram duas candidaturas internacionais, das quais uma foi aceite (o polaco Krzysztof Sliwa).

Entre os candidatos ao cargo está Yang Chen, de 61 anos, professor de Matemática na Universidade de Macau desde 2012, decidiu tentar a sorte e candidatar-se a reitor da Universidade de Coimbra, que nunca visitou. Com um programa centrado no financiamento e na captação de estudantes chineses, ficou “agradavelmente surpreendido” por ser admitido à corrida.



Por que razão decidiu candidatar-se ao cargo de reitor da Universidade de Coimbra?

Toda a minha vida estive preocupado com a vida académica. Depois, dado que o meu contrato [na Universidade de Macau] termina em Agosto de 2020, pensei que seria boa ideia mudar e fazer algo diferente, como trabalho administrativo, e dedicar-me um pouco menos à investigação. Foi a primeira vez que apresentei uma candidatura à liderança de uma universidade.

Qual a sua relação com Portugal e com a Universidade de Coimbra?

Não tenho, de facto, grande ligação a Coimbra. Fui a Portugal quando era mais novo, quando ainda estava no Reino Unido [a ensinar], mas tenho colaborado com uma portuguesa [Maria das Neves Rebocho], de outra universidade.

Mas nunca visitou a Universidade de Coimbra?

Não. Nunca estive na Universidade de Coimbra. Estive apenas na universidade onde essa minha amiga trabalha [Universidade da Beira Interior], mas sei que tem uma grande história, que é uma universidade muito antiga e bastante reputada.

Não teve curiosidade em lá ir pelo menos antes de se candidatar?

Não.

Como reagiu quando soube que tinha sido admitido como candidato, a par com mais quatro aspirantes ao cargo, incluindo outro estrangeiro? Estava à espera?

Fiquei agradavelmente surpreendido por ter sido seleccionado, até porque pensei simplesmente que a universidade poderia ter já alguém em mente ou algo do género.

Uma vez admitido à eleição, que tem lugar a 11 de Fevereiro, está confiante na possibilidade de ser escolhido para o cargo?

Sim, sinto-me confiante, porque penso que reúno as condições, mas se não for escolhido está tudo bem na mesma. Dado que não falo português esse será um factor que provavelmente não joga a meu favor e posso até não chegar à fase da audição pública dos candidatos [marcada para o próximo dia 4 de Fevereiro]. Ainda não sei. Neste momento, estou a aguardar pela resposta a um e-mail que enviei à pessoa responsável pelo recrutamento, alertando para o facto de não falar português. Não há problema se entenderem que não é possível fazer a apresentação em inglês e que, portanto, não é adequado ir.

Como olha para o perfil dos restantes quatro candidatos?

Não sei bem quem são. Sei apenas que há outra estrangeira, uma brasileira da área da Física, que acredito ser muito forte, que há candidatos de Humanidades e que pertencem à Universidade de Coimbra. Não vi bem o perfil, mas tenho a certeza de que são inteligentes e bons no que fazem. Penso que vai depender do tipo de pessoa que estão à procura ou da área.

Que mais-valia acredita poder oferecer se assumir a reitoria da Universidade de Coimbra?

O que eu gostaria de fazer era expandir a população universitária, em particular, de fora da União Europeia, porque eles pagam propinas mais elevadas. Todas as universidades precisam de dinheiro. Também penso que poder-se-ia apostar mais na investigação científica de qualidade.

O financiamento é, aliás, uma das prioridades do programa de acção que submeteu, em que promete um “fluxo mais estável” de recursos, nomeadamente proveniente de estudantes da China…

Sim, porque tenho muitos contactos com a comunidade de matemáticos na China e devo ser capaz de abordá-los com vista a captar mais estudantes. Penso que pode ter algum impacto. O meu ponto é que a universidade precisa de estudantes, especialmente, de qualidade. De outro modo, para que serve?

Que estratégia tem em mente para o fazer? Seriam estudantes mais focados na sua área em particular?

Não. Os chineses têm revelado muito interesse em áreas como a administração e negócios, por exemplo. Como líder de uma universidade, não poderia apenas olhar para a minha área, mas para todas as que a universidade oferece, tentando impulsionar as mais fortes e melhorar as mais fracas. Há muitos chineses que querem ir estudar para fora e se forem para Portugal tanto melhor.

No programa de acção relativiza o impacto do abrandamento económico da China na ambição das famílias chinesas de porem os filhos a estudar no exterior. Não antecipa mesmo qualquer efeito?

Não. Os pais poupam a vida toda para que os filhos possam ir para universidade, procuram bolsas para o estrangeiro. Os números, de qualquer modo, são muito grandes… Em paralelo, penso que a actual conjuntura, da guerra comercial [entre a China e os Estados Unidos] vai beneficiar os países europeus. Os estudantes chineses normalmente procuram os Estados Unidos para prosseguir os estudos e, agora, será mais difícil. O mesmo deve acontecer no caso do Reino Unido devido à saída da União Europeia.

Está ciente de que caso seja eleito tornar-se-á no primeiro estrangeiro a assumir a liderança da Universidade de Coimbra?

Sim, seria interessante ser o primeiro estrangeiro. Seria fora do comum, atendendo sobretudo a que é uma universidade muito antiga. Diana do Mar – Macau in “Hoje Macau”


Yang Chen - Natural de Singapura, de origem chinesa, tem 61 anos, é licenciado em Física pela Universidade Nacional de Singapura, obteve o grau de mestrado no Instituto de Tecnologia do Illinois e doutoramento na Universidade de Massachusetts, na mesma área, ambos nos Estados Unidos. Durante 20 anos foi professor no Imperial College, em Londres, até entrar para Universidade de Macau, onde lecciona Matemática desde Agosto de 2012.

Sem comentários:

Enviar um comentário